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Palestinos são presos após confronto com direita anti-imigração em SP

A Polícia Militar de São Paulo deteve na noite desta terça-feira (2), na avenida Paulista, ao menos dois palestinos que se envolveram em confronto com um grupo de direita contrário à nova Lei de Migração.

Um deles é Hasan Zarif, líder do movimento Palestina para Tod@s e dono do Al Janiah, bar no Bixiga (região central de São Paulo) administrado por refugiados e militantes da causa palestina.

Segundo Hugo Albuquerque, advogado de Zarif, seu cliente e ao menos um amigo palestino, identificado como Nur, apanharam de manifestantes da Marcha Contra a Lei da (i)Migração.

“De tão machucado”, Nur foi levado a um pronto-socorro, “com possível nariz quebrado e muitas escoriações”, diz o defensor. Já Zarif foi encaminhado ao 78º Distrito Policial, nos Jardins.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que quatro homens foram presos em flagrante e responderão por “explosão, lesão corporal, associação criminosa e resistência durante confronto em manifestação”, e outros dois homens foram levados para o 78º DP e liberados.

A SSP afirma ainda que “o grupo teria agredido manifestantes que protestavam contra a Lei da Imigração, inclusive arremessado artefato explosivo”. Leia íntegra da nota abaixo.

De acordo com Albuquerque, os policiais estão “comprando a versão [dos ativistas anti-imigração], como se os palestinos tivessem atacado o grupo”.

O advogado diz que uma bomba caseira estourada na Paulista partiu dos manifestantes. “A situação é séria, este confronto com grupos de extrema-direita. Houve ofensas, houve vias de fato, e a polícia interveio só por um lado.” Na delegacia estava também Reginaldo Nasser, chefe do departamento de relações internacionais da PUC-SP e amigo de Zarif.

Coordenador da Direita São Paulo, grupo que organizou a passeata, André Petros Angelides dá uma versão diferente dos acontecimentos.

Ele diz que o grupo protestava “pacificamente” quando, quase em frente à estação Consolação de metrô, “uma bomba caseira foi jogada na direção da gente”.

“Eu vi a bomba saindo da calçada e caindo no meio da galera. Machucou a perna de um dos nossos manifestantes.”

A organização postou um vídeo em que os dois lados trocam socos e chutes. Quando policiais intervêm (ora para separar a briga, ora para coibir os agressores), começa o coro: “Viva a PM! Viva a PM!”. Também escuta-se alguém dizer: “Comunista tem que morrer”.

Com nariz sangrando, um representante da direita diz que foi “agredido numa manifestação pacífica”. Um senhor chamado de Antonio, com a blusa manchada de sangue, afirma: “É uma vergonha, é uma vergonha. Comunistas vagabundos!”.

Outro vídeo mostra o momento em que um bomba é arremessada por um rapaz de camisa branca contra o protesto. A Direita São Paulo diz que o artefato veio de um rapaz “de etnia árabe”. Só é possível ver que ele não participava da passeata.

Angelides afirma ainda que um rapaz “agrediu uma mulher do nosso grupo, deu um soco no queixo dela”. Só aí eles teriam revidado. “Ele acabou sendo agredido.”

Ele não soube dizer se algum manifestante do Direita São Paulo foi levado à delegacia. “Mas [nossa postura] se enquadra como legítima defesa, né, querida. Uma bomba foi jogada no meio do nosso grupo. Isso é um ato terrorista.”

A página Direita São Paulo publicou um vídeo no Facebook, afirmando que “terroristas árabes” atacaram o grupo.

Descendente da família real e líder do movimento Acorda Brasil, Luiz Philippe de Orleans e Bragança foi à passeata direitista e também definiu o que aconteceu como um “ataque terrorista”. À 1h, publicou em seu perfil no Facebook um vídeo da delegacia, onde se reuniu com “o pessoal da marcha”.

Em vídeo postado no Facebook, o presidente do Direita São Paulo, Edson Salomão, diz que “um desses agressores é estrangeiro, muçulmano e de nacionalidade palestina”.

“Veja só o tipo de comportamento ele quer trazer para nossa nação. Sabemos que ele é totalmente contra Israel. Nós apoiamos declaradamente Israel, como na marcha pró-Trump [o presidente dos EUA, Donald Trump] que realizamos em setembro passado”, afirma.

O suposto agressor seria reincidente, por já ter usado de violência contra manifestantes antes, segundo Salomão. “Nem português o cara sabe falar direito.”

Ele ainda critica “esquerdopatas” que se alinham aos palestinos. Nessas horas, afirma, “advogados brotam, logo chegam representantes dos direitos humanos. Não duvido nada que o [vereador do PT] Eduardo Suplicy apareça daqui a pouco”.

Neto de boliviana e grego, Angelides afirma que o problema não são imigrantes em si, mas aqueles que não se adaptam à cultura brasileira. Diz ele defender a vinda de “gente honesta” -uma “imigração com fundamento” e sem “fundamentalistas islâmicos”, como estaria ocorrendo na Europa.

Marcharam na terça contra a nova lei da migração, proposta em 2015 pelo então senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), hoje ministro das Relações Exteriores. “Todo mundo conhece o passado dele, de terrorista, de motorista do Carlos Marighella. Agora ele não deixa de ser um terrorista de terno, com o poder da caneta na mão”, diz Angelides.

Na juventude, Nunes militou na Ação Libertadora Nacional, grupo de guerrilha capitaneado por Marighella contra a ditadura militar.

Leia a nota da Secretaria da Segurança Pública na íntegra:

“A Polícia Civil informa que quatro homens foram presos em flagrante e responderão por explosão, lesão corporal, associação criminosa e resistência durante confronto em manifestação, por volta de 21 horas de terça-feira (02), na Avenida Paulista. Outros dois homens foram levados para o 78º DP, averiguados e liberados.

O grupo teria agredido manifestantes que protestavam contra a Lei da Imigração (sic), inclusive arremessado artefato explosivo. Os indiciados alegaram que apenas se defenderam. Eles foram ouvidos na presença de seus advogados e de representantes da Comissão de Prerrogativas da OAB e serão encaminhados para audiência de custódia.” (Folhapress)

Thais Dutra

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