O Brasil criou 34,4 mil vagas de empregos formais em setembro, de acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta quinta-feira (19) pelo Ministério do Trabalho.
O resultado é o sexto aumento consecutivo neste ano, segundo o governo, e o melhor resultado para o mês desde 2014, quando as contratações superaram as demissões em 123,8 mil vagas. Em 2015 e 2016, o país demitiu mais do que contratou trabalhadores formais em setembro.
Mesmo com os últimos saldos positivos, o resultado acumulado em 12 meses está negativo em 466,6 mil postos de trabalho.
No acumulado de janeiro a setembro deste ano, foram criadas 208,9 mil novas vagas de trabalho. O resultado do período também é o melhor desde 2014, quando foram criados mais de 900 mil postos de trabalho formal.
O coordenador-geral de estatística do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães, afirmou que há uma “tendência maior” de geração de emprego nos próximos meses, mas evitou fazer projeções para o resultado do ano.
“O mercado de trabalho é uma caixinha de surpresas”, disse.
Magalhães também afirmou que ninguém sabe como a reforma trabalhista, prevista para entrar em vigor sem novembro, pode afetar o resultado do Caged.
“Do ponto de vista técnico, ninguém consegue fazer estimativa neste sentido”, disse.
A indústria de transformação foi a principal responsável pela geração de empregos em setembro: foram 25,7 mil novos postos de trabalho. Em seguida, a parece o comércio, com 15 mil novas contratações.
“O grande destaque foi indústria e comércio, que é tipico desse período do ano. Você tem a indústria demandada devido ao fim do ano e o comércio contratando pelo aquecimento da demanda” afirmou Magalhães.
O setor de serviços abriu 3,7 mil novos empregos e a construção civil, 380.
Os demais setores demitiram mais do que contrataram. A agropecuária, com o fechamento de 8,4 mil postos de trabalho, foi a que registrou o pior saldo.
Magalhães atribuiu o resultado negativo da agropecuária ao fim da colheita do café em Minas Gerais e disse que o comportamento é sazonal.
“Isso não quer dizer que a agricultura está ficando menos dinâmica. Terminando ciclo do Sudeste, começa o ciclo no Nordeste”, disse.
O Nordeste liderou as contratações em setembro, com 29,6 mil novas vagas. Depois, parecem o Sul, com 10,5 mil novos postos, e o Norte, com saldo positivo de 5,3 mil.
“O Nordeste contribuiu decisivamente para o saldo positivo e isso tem a ver com agricultura e indústria”, disse Magalhães. “É um dado a ser bastante comemorado, porque Nordeste vinha patinando e agora liderou a geração de empregos.”
O Ministério do Trabalho comemorou o resultado porque os resultados da região não vinham acompanhando a recuperação, ainda que lenta, de outros locais. No acumulado do ano, é a única região com saldo negativo (30,3 mil demissões).
O Sudeste e o Centro-Oeste foram, em setembro, as duas regiões que demitiram mais do que contrataram no mês passado, com saldos negativos de 8,9 mil e 2,1 mil, respectivamente.
Em agosto, o governo havia comemorado que, pela primeira vez no ano, todas as regiões tinham apresentado um saldo positivo em agosto.
O salário mensal de admissão em setembro (R$ 1.478,52) caiu 0,8% em relação ao registrado em agosto (R$ 1.490,95).
O Ministério do Trabalho também divulgou nesta quinta-feira os dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2016, que aponta que o país fechou 2 milhões de vagas em 2016. Esse é o pior saldo da série histórica da Rais, que existe desde 1976.
Os dados apontam que o Brasil encerrou o ano passado com 46,1 milhões de empregos formais e 8,2 milhões de empresas. No ano anterior, o estoque de empregos era de 48,1 milhões. A remuneração média do brasileiro em 2016 ficou em R$ 2.852,62.
Os dados da Rais são mais abrangentes que os do Caged, inclusive porque consideram também os funcionários públicos. (Folhapress)