Os publicitários Bárbara Melo e Leonardo Calembro, mãe e pai do menino João Pedro, um dos mortos no atentado no Colégio Goyases, falaram hoje no Jornal do Meio Dia, programa da TV Serra Dourada sobre a morte do filho, de 13 anos. De acordo com o pai da vítima, “O bullying não é justificativa para assassinar ninguém”, ao comentar o fato.
Segundo ele, o bullying pode não ter acontecido, ao lançar dúvidas sobre a repercussão do fato. “Eu acho que isso não aconteceu. Se aconteceu, aconteceu em um nível pequeno. Tanto é que já foi relatado que ele já planejava isso. Então, não é justificável”, fala. Apesar de não acreditar no Bullying, o pai do adolescente vítima do atirador diz que perdoa o jovem pois ele seria vítima do meio em que vive.
Em uma das respostas, Leonardo mostra preocupação com o futuro do adolescente que foi responsável pela morte do seu filho. “Nós sabemos que o nosso filho está bem agora. E ele [atirador] vai ficar aqui. Onde esse garoto vai estudar? Onde esse garoto vai estudar? Pois a vida da família dele também foi transformada. Mudou tudo”, contou, emocionado.
A mãe do João Pedro diz que está despedaça e “sem chão” com o acontecido. Ela contou que antes de o pai levar o adolescente para a escola, no dia que aconteceu o assassinato, preparou o café da manhã e se despediu de João Pedro. “Deus te abençoe meu filho, mamãe te ama. Ele entrou no carro e foi para o colégio”. Estas foram as últimas palavras que ela dirigu ao filho, poucas horas antes da morte.
Com a voz embargada pelo choro, o pai do adolescente também contou como foram os últimos minutos na companhia do filho, ainda com vida, quando foi deixá-lo na porta da escola Goyasses, na sexta-feira (20). “Eu disse que eu o amava e ele tinha certeza disso. A família dele o amava”, conta.
Sinais foram dados
Segundo o pai de João Pedro, o garoto já teria comentado em casa sobre o comportamento incomum do adolescente. De acordo com Leonardo, isso não foi levado em conta pelos pais do atirador, nem pela escola. “O João Pedro já nos relatou que o garoto era estranho, que ele era ateu, não acreditava em Deus e que outras crianças já tinham relatado que ele já tinha ameaçado elas de morte. Ele tinha símbolos da suástica, nazista no estojo”, contou Leonardo.
Para o publicitário, os sinais de que uma tragédia poderia acontecer foram dados, no entanto, não foi percebido ou desconsiderado. “Se ele [atirador] tivesse um diálogo aberto em casa, se ele tivesse os problemas dele resolvido nada disso teria acontecido”, disse, ao lançar dúvidas sobre o relacionamento do acusado na casa dele.
“Meu filho foi criado pelos valores cristãos. A vida do próximo é preciosa, a vida de outra pessoa é preciosa. Se a gente colocar a vida do próximo como preciosa, nada disso aconteceria. O respeito a vida tem que acontecer. A gente banaliza as coisas, banaliza a ofensa e isso não pode acontecer jamais”, desabafou Leonardo.