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Padre preso suspeito de abuso sexual diz ter dom da cura

Em um depoimento ao Ministério Público (MP-GO) prestado na última sexta-feira (18), após ser preso suspeito de abusar sexualmente de fieis na paróquia de Caiapônia, o padre Iran Rodrigues Sousa de Oliveira, de 42 anos, afirma ter o dom da cura através do toque. Em sua declaração, ele afirma ser um intercessor de Deus e que pode efetuar a cura através do poder divino, tocando os fiéis. O padre alega ter um dom divino que ultrapassa a Igreja Católica e se considera um não compreendido pela instituição.

Como conta o promotor Danni Sales, titular da 1ª Promotoria de Anicuns, o padre a todo momento justifica suas ações por meio de passagens da bíblia. “Ele afirma categoricamente que no momento pontual em oração ele teve a unção e por algumas passagens bíblicas como: uma vez Deus colocou saliva no olho de um cego e ele foi curado; Deus tocou as chaga de um leproso e ele curou da lepra. Então ele compreendeu que a cura pelo toque junto ao coração seria muito forte”.

A partir dessa crença, o padre começou a santificar seus fiéis ou quem o procurava através do toque. Segundo ele, por meio do ritual de cura foram obtidas muitas graças e milagres. “Quando o crime era da carne como um adultério, uma moça que namorou antes do matrimonio, ele achava que era necessário tocar na vagina. Ele alega em sua defesa que o toque não tinha conotação sexual”, conta o promotor.

Em seus processos de cura, o padre tocava o corpo da vítima, como peito, nádegas e vagina. No procedimento, o religioso tinha uma ordem de toque, começando pelos seios, quadris e coxa. A vítima virava de costas e a santificação continuava nas nádegas e pôr fim a vagina. Com a fiel desnuda em sua quarto na paroquia, o padre santificava a vagina da vítima por aproximadamente uma hora e trinta minutos. Ao santificar a genitália, ele nega a introdução dos dedos e ainda afirma que tocava apenas nos grandes lábios em forma de cruz.

Um detalhe que o religioso fez questão de ressaltar em seu depoimento, foi a forma como o processo de cura era feito. A primeira, é que o toque as vítimas eram feitos com as mãos espalmadas, ou seja, abertas. Em segunda colocação, não havia introdução dos dedos na vagina e sim toques nos grandes lábios em forma de cruz. E por último, ele tinha completa ausência de libido, ou seja, não saciava a sua lasciva. Ainda segundo o padre, quando tocava as partes intimas das fiéis, o procedimento era realizado de olhos fechados.   

Ao ser questionado pela promotoria sobre a necessidade de tocar adolescentes de 14 a 15 anos, advindo da crença de devolver a virgindade das fiéis, o padre defende a sua crença e cita passagens da bíblia a fim de justificar as ações. “Ele sem alterar o semblante ou tom de voz, em um tom sacerdotal fala que Maria em um certo momento teve um filho e mesmo assim a divindade permitiu que ela continuasse virgem. E o porquê ele como intercessor divino não poder devolver e resgatar a pureza e a virgindade de uma mulher”, conta o promotor.

Segundo o Danni Sales, o padre lançou uma nova modalidade digital de santificação da cura. O procedimento funcionava por meio do aplicativo Whatsapp. Dessa maneira, as vítimas tinham que mandar foto pelo aplicativo dos seios, quadris, coxas, nádegas e da genitália aberta. Ao receber as fotos das fiéis, usando a santificação, que diz possuir, o padre tocava nas fotos e curava as mulheres.

De acordo com o promotor o padre não nega nenhum dos atos, mas questiona o ânimo do toque. O religioso está preso no presidio de Anicuns e responderá pelos crimes de violação sexual mediante a fraude e por transmitir, receber e armazenar imagens de conteúdo pornográfico.

Vítimas

As vítimas eram mulheres adultas, crianças de 11 anos e adolescentes de 14 a 15 anos. Como conta o promotor, eram pessoas estudiosas e muito religiosas. “Eram pessoas profundamente católicas e que acreditavam que estavam recebendo a intercessão divina”.

Um detalhe que chamou a atenção do MP-GO, é que as vítimas eram predominantemente mulheres. Não há relatos de procedimentos de santificação realizado pelo padre em homens. “Está sendo escutado uma vítima agora e ela traz o detalhe que o padre não santificava homens. Esse processo de santificação é exclusivamente feito com mulheres. Eu não tive notícias dele interceder frente a alguém do sexo masculino”, acrescenta o promotor.

Segundo Danni Sales, após Iran Rodrigues ser ouvido pelo MP-GO, haviam 30 pessoas que queriam falar com o promotor e prestar seus depoimentos de cura, em defesa do religioso. Pessoas que atestam terem sido beneficiadas por meio dos procedimentos do padre. Entre elas, uma enfermeira que diz ter sido curada de uma leucemia pelo religioso.

Boa parte dos encontros com as vítimas aconteciam em viagens da igreja, quando ele era o responsável por mulheres, crianças e adolescentes. Também, os encontros aconteciam na casa paroquial com a vítima desnuda. 

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Larissa Laudano

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