O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, concordou nesta terça-feira (25) com a reclamação de Renan Calheiros (PMDB-AL) de que o cumprimento na semana passada de mandados de prisão no Senado Federal deveria ter sido autorizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A Operação Métis, realizada pela Polícia Federal, foi autorizada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal.
Em entrevista à imprensa, o presidente do Senado Federal chamou o magistrado de “juizeco”, declaração que foi criticada pela presidente da Suprema Corte, Cármen Lúcia.
“O momento foi de uma posição firme do presidente do Senado Federal e eu, pessoalmente, entendo que quando ele diz que o diálogo com o Senado Federal tem de ser estabelecido com a Suprema Corte, ele tem razão. É uma posição pessoal, não é posição de governo. Ele poderia ter pedido, como pediu, que queria que relação se estabelecesse com o Supremo Tribunal Federal”, disse o ministro da Casa Civil.
Na saída de almoço com a bancada ruralista da Câmara dos Deputados, o ministro disse que o embate entre o presidente do Senado Federal e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, será em pouco tempo “coisa do passado”.
Segundo ele, “o tempo vai mostrar” que não há “nenhuma rusga” entre os dois. Na mesma entrevista, Renan disse que a Polícia Federal utiliza métodos fascistas, criticou excessos da Operação Lava Jato e disse que o ministro tem se comportado como “chefete de polícia”.
“Eu penso que o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Renan Calheiros são pessoas que têm contribuído muito para o processo de desenvolvimento das ações entre Legislativo e Executivo neste momento. Esse episódio em poucos momentos será coisa do passado, porque ambos estavam com a consciência de que estavam cumprindo com o seu dever. Isso o tempo vai mostrar e tenho certeza que não será nenhuma rusga entre eles”, disse Padilha.
O ministro da Casa Civil também demonstrou confiança com a aprovação nesta terça-feira (25) em segundo turno da proposta de teto de gastos públicos. Segundo ele, a expectativa do governo federal é conseguir um placar superior a 370 votos.
“Nós vamos aprovar, não tenho dúvida nenhuma. Nós tivemos um excepcional desempenho no primeiro turno e no segundo turno tem tudo para repeti-lo. Na semana que vem, vamos ver se conseguimos mandar a proposta para o Senado Federal para que se consiga concluir antes do recesso parlamentar, possivelmente até em novembro”, disse.
Pelo mapa de votação esboçado pelo Palácio do Planalto, a expectativa é conseguir um placar no segundo turno de pelo menos 375 votos, número superior aos 367 da aprovação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
Para conseguir o placar, o governo federal fez uma ofensiva sobre os deputados federais de partidos da base aliada que tiveram alta taxa de traição no primeiro turno, como PSB e PPS.
Na primeira sigla, 10 dos 32 deputados federais votaram contra a proposta e, na segunda legenda, 3 dos 8 parlamentares rechaçaram a iniciativa. Além deles, o governo federal espera contar com os votos de quatro peemedebistas que se ausentaram da votação no início do mês por conta do primeiro turno das eleições municipais.
(Folhapress)