Recém-desfiliado do DEM e prestes a formalizar a filiação ao PSD, o senador Rodrigo Pacheco foi aclamado como candidato a presidente da República na manhã deste sábado, 23, durante encontro regional do partido realizado no Rio de Janeiro. Apesar do entusiasmo de membros de seu novo partido, Pacheco ficou em cima do muro e disse que “no momento certo” vai decidir se será candidato em 2022.
“De minha parte, em razão das minhas condições, das minhas limitações próprias como presidente do Senado e do Congresso, nós teremos uma reflexão oportuna sobre isso”, afirmou . “No momento certo nós faremos essa reflexão sobre 2022”, concluiu.
Pacheco também foi dúbio em relação à proposta feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de reajuste do Auxílio Brasil, novo nome do programa assistencial Bolsa Família, com quebra do teto de gastos. Ele defendeu o programa social, mas também a responsabilidade fiscal: “O programa social deve ser concretizado, é preciso aumentar a capacidade de compra daqueles que são beneficiados pelo Auxílio Brasil, e cabe à política e aos técnicos do Ministério da Economia encontrarem a solução para fazer esse programa social dentro da responsabilidade fiscal, que é inafastável”, afirmou.
“Nós temos que ter responsabilidade fiscal no Brasil, porque seria muito ruim sustentarmos um programa em premissas frágeis, que acabam gerando inflação e fazendo o poder de compra ser contaminado pela inflação. É um conjunto de valores que precisam coincidir e nós precisamos equilibrar isso. Esse é nosso papel e vamos cumprir”, disse à imprensa.
Antes, em discurso ao público, Pacheco repetiu que é preciso “garantir um programa social sustentável, de nada adianta fazer um programa social sem sustentação”.
O presidente do Congresso foi o último a discursar durante o evento, que reuniu pelo menos 1.500 pessoas no salão de convenções de um hotel na Barra da Tijuca e começou às 10h20. Antes dele, todos os políticos do PSD que discursaram trataram Pacheco como candidato do partido à presidência da República.
“Ele só não será o candidato do PSD se não quiser”, anunciou Gilberto Kassab, fundador e presidente do PSD.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, que comandou o encontro como presidente estadual do PSD no Rio, defendeu que o partido tenha um candidato próprio a presidente e disse que Pacheco está “convocado” para a função. O senador agradeceu o apoio e disse que Paes e Kassab “não têm as limitações” que ele próprio tem para tratar do tema. A filiação oficial de Pacheco ao PSD será na próxima quarta-feira, 27.
Em clima pré-eleitoral, o evento teve a participação de muitos políticos do partido, além de pré-candidatos na eleição de 2022, e até da bateria da escola de samba Acadêmicos da Rocinha.
Paes aproveitou para reforçar que seu candidato a governador do Rio em 2022 é o atual presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.
Presente ao evento, Santa Cruz agradeceu o apoio e disse que “o espírito de Tancredo Neves” estava presente, ao enaltecer a conduta conciliadora e crítica do político mineiro.
Por Fábio Grellet, Estadão Conteúdo