Essa poderia ser apenas uma história sobre a luta contra o câncer de mama, mas é sobretudo, um exemplo de resiliência em dose dupla. Juliana Nunes, nutricionista de 39 anos descobriu o primeiro câncer na mama direita em 2015, aos 31 anos. Para ela o primeiro diagnóstico foi um trauma. Amargor, paralisia e o medo da morte foram os protagonistas nesse primeiro momento. Mas esse cenário aos poucos foi dando espaço para a esperança e para a resiliência, que seria fundamental em seu futuro.
Em entrevista ao Diário de Goiás Juliana conta como encontrou forças em sua rede de apoio composta por familiares e amigos para superar a doença. “Eu conheci uma amiga que estava terminando o tratamento. Então ela foi me ajudando, me explicando como seria cada passo e isso foi muito importante naquele primeiro momento. Nesse primeiro momento, essa rede de apoio que eu tive da minha família e de amizades, foi muito importante para para poder justamente eu me situar e ver que eu não estava sozinha”, relembra.
Nesse primeiro momento artistas como Patrícia Pilar que enfrentou o câncer de mama em 2001 e Elba Ramalho que teve o diagnóstico em 2010, foram referencia para Juliana. “Fiz tudo que tinha que ser feito para eu poder ter um resultado positivo. Eu pensava também, por exemplo, nos artistas que sempre são um grande exemplo para a gente, né? Então eu ficava procurando lembrar de pessoas como a Patrícia Pillar, Elba Ramalho e outras outras pessoas que poderiam me inspirar a seguir em frente”.
E assim venceu a primeira etapa. Mas oque parecia ter sido um desfecho positivo, em 2018 se encaminhou para uma mais uma batalha: o segundo diagnóstico. “Ninguém espera. Você espera terminar um tratamento e nunca mais ter a doença. Quando eu terminei o primeiro tratamento e eu segui minha vida normalmente, comecei o mestrado, viajei bastante e voltei a trabalhar. Então a vida seguiu. Então quando veio o segundo diagnóstico, foi um impacto, mas ao mesmo tempo eu comecei a planejar”, conta a nutricionista.
O planejamento ganhou ainda mais forças quando Juliana descobriu que a chance de cura era grande por se tratar de um tumor primário. “O período que eu vivi desse primeiro diagnóstico até o segundo foi tão incrível, tanta coisa boa aconteceu e eu queria continuar essa história. Era uma força interior. Era Deus. Era uma força muito grande que meio que me movia a acreditar e a seguir em frente”. Em 2018 Juliana fez o exame genético que constatou que ela possui uma mutação genética BRCA2. E por esse motivo em 2020 retirou os ovários.
Entretanto, em meio a mais uma luta, Juliana teve que compartilhar toda a sua resiliência com a sua mãe, que recebeu o diagnóstico de um câncer no intestino. O momento se tornou ainda mais delicado com o falecimento recente da avó de Juliana. Mãe e filha precisaram se unir e ambas tiveram um resultado positivo em seus respectivos tratamentos.
No caso da mãe de Juliana pelo tipo de câncer que ela desenvolveu não iria precisar fazer quimioterapia ou radioterapia, e sim uma cirurgia. “Ela se fortaleceu porque ela sabia que uma das partes mais difíceis do tratamento do câncer é a quimioterapia, que debilita demais o paciente. Foi uma cirurgia mais complexa porque ela abre o abdômen, mas ela também teve essa força, essa resiliência para enfrentar o tratamento dela”, afirma Juliana.
Juliana descobriu o câncer de mama fazendo o auto exame e depois procurando um mastologista, oque foi fundamental para as possibilidades de cura. “O diagnóstico precoce é essencial na cura do câncer de mama, essa conscientização faz com que as mulheres procurem mais cedo os serviços de saúde”, é oque afirma a Dra. Deidimar Abreu, mastologista do Cebrom Oncoclínicas sobre a importância da campanha Outubro Rosa.
A especialista também explica sobre os casos semelhantes aos de Juliana, que teve duas manifestações da doença. “Pacientes portadoras de mutação têm uma chance maior de ter novos tumores. Então, na verdade, o tumor não voltou a aparecer. Um outro câncer, que seria uma outra história. Então, são pacientes de alto risco hereditário. Existem aquelas pacientes em que o tumor realmente volta no sentido de darem metástases, metástases à distância, ou eles podem recidiva localmente. Recidiva local é mais comum nos 2/1 anos, depois é menos comum”, explica.
A especialista também fala sobre uma importante conscientização que deve estar presente no Outubro Rosa: a da informação. “Não só conscientizar sobre a importância da prevenção, diagnóstico precoce e a cura, mas a importância de onde buscar as informações. É preciso buscar as informações em sites corretos de grandes clínicas e clínicas renomadas onde tem tudo lá escrito com evidência científica. Essa desinformação acaba desestimulando muitas pacientes a buscarem tratamento”, pontua Deidimar.
Peçam ajudam aceitem a ajuda, tenham cuidado e vivam! Temos muita vida pela frente
Juliana Nunes