Oposicionistas cochilaram e os deputados da base do governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), tomaram frente no processo de instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema de espionagem ilegal, supostamente comandado de dentro do Palácio das Esmeraldas. O pedido é baseado na denúncia feita pela revista Carta Capital, há duas semanas.
Antes mesmo que a bancada de oposição se organizasse no plenário, o deputado Marcos Martins (PSDB) apresentou seu requerimento. “Não tenho culpa do cochilo da oposição. Fui mais rápido (risos). O próximo passo é focar no que temos de concreto. Não vamos perder tempo com investigações sem fundamento. Até agora, nada do que foi apresentado serve como provas, e falo com o embasamento do meu curso de Direito”, afirmou o deputado, que já dirigiu a Polícia Civil do Estado.
A base atingiu seu principal objetivo: desestabilizar a oposição. Por outro lado, desconstruíram o discurso utilizado pelos próprios, de que a denúncia do jornalista Leandro Fortes é irrelevante. “A Carta Capital é uma revista petista, tendenciosa. Tudo aquilo que publicaram é uma grande mentira”, disse o deputado Túlio Isac (PSDB).
Favoráveis, ou não, à linha editorial da revista, esta é a segunda CPI criada na Casa para apurar fatos divulgados pela Carta. A discussão sobre o escândalo dos grampos terá, no mínimo, mais 90 dias de vida. “Se a denúncia não tivesse importância, não proporiam a criação da Comissão”, analisou o deputado Mauro Rubem (PT).
Na tentativa de delimitar a linha investigativa da nova Comissão, o deputado Paulo Cezar Martins (PMDB) protocolou, em nome da bancada oposicionista, o requerimento elaborado por Mauro Rubem. Como o regulamento da Casa não permite o funcionamento de duas CPIs com o mesmo objeto de investigação, os documentos serão apensados e a indicação dos membros será proporcional.
“A presidência e a relatoria, provavelmente, ficarão com a base. De qualquer forma, não perderemos nosso foco, que é esclarecer essas denúncias, que são muito sérias. Os fatos estão aí, não há como negar. O que não podemos é deixar de utilizar este recurso por não sermos a maioria. A democracia não é unânime, precisamos do contraditório, mesmo que em menor número”, Mauro Rubem.
A expectativa é de que os membros sejam indicados até o fim da semana para que os trabalhos se iniciem. De antemão, Mauro Rubem reivindicou a presença de todos os citados na reportagem, como a do radialista Luiz Gama e sua esposa, Eni Aquino. Um pedido de acesso às informações já foi elaborado e será encaminhado ao Ministério Público assim que a CPI dos Grampos for instalada.
(Fotos: Galeria de Fotos da Assembleia Legislativa/ Marcos Kennedy e Carlos Costa)