Policiais militares, agentes da Polícia Civil e demais criminosos presos durante a operação Malavita por estarem envolvidos em uma série de crimes como: homicídios, extorsões, sequestros e atuação no tráfico de drogas podem ter feito pelo menos 60 vítimas. Esta é a conclusão inicial que a polícia chegou após as primeiras apurações feitas.
De acordo com o titular da Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas (DRACO), Alexandre Lourenço, foram abertos 36 inquéritos para investigação dos agentes públicos em desvio de conduta. A polícia confirmou que o grupo fez 54 vítimas, mas há indícios que ainda há outras seis. A maior parte foi vítima de homicídios, mas outras foram somente sequestradas ou extorquidas.
Origem:
A polícia começou a suspeitar da ação dos agentes públicos, pois alguns durante as ações gritavam palavras de ordem, assim como militares, tinham o mesmo modo de atuação. Andavam encapuzados e em muitos casos utilizavam armas de uso restrito das polícias.
A partir dum caso que aconteceu no dia 17 de junho do ano passado a polícia passou a suspeitar da ação ilícita do grupo. Hiamon Pinheiro de Lima foi visto pela última vez passando de bicicleta em frente a um posto de gasolina em Anápolis saída para Nerópolis onde estavam duas viaturas da polícia.
A DRACO tem provas que os PMS foram responsáveis pelo desaparecimento de Hiamon, pela morte do pai dele e de outras testemunhas do caso. Até hoje a vítima está desaparecida, mas para a polícia trata-se de homicídio.
Segundo o delegado Alexandre Lourenço, o que motivava a ação do bando era a administração do tráfico de drogas em uma parte de Anápolis.
“Normalmente o que insulava a ação do grupo era a cobrança de vantagens ou a administração do tráfico de entorpecentes numa determinada região em Anápolis. Eles estavam se apropriando de uma região para realização os crimes”, ressalta o delegado.
De acordo com Alexandre Lourenço, foram identificados outros crimes como extorsão, onde houve o sequestro com o objetivo de lucro. Ele cita casos de que as pessoas eram sequestradas, dias após o pagamento do resgate, o corpo apenas era devolvido.
Mesmo sabendo que os policiais foram responsáveis por uma série de mortes, o delegado diz que ainda é prematuro afirmar se tratar-se de um grupo de extermínio.
“Nós temos investigações para eliminação de testemunhas para manutenção da atividade efetivamente. Nós não falamos em grupo de extermínio porque o contexto do grupo de extermínio exige um elemento probatório mais pujante”, ressalta.
Para o delegado Alexandre Lourenço, outras pessoas podem ser estar envolvidas nos casos.
Hierarquia:
Foi identificado pela polícia que há uma hierarquia no grupo criminoso. “A gente percebe um nível de ascendência de alguns elementos que desenhavam a ação do grupo todo, mas a gente não pode dizer ainda sobre comando e quem o exercia”, descreve Alexandre Lourenço.
De acordo com o delegado, não é possível afirmar se quem comandava os crimes eram os que possuíam maior parte.
Reflexos das investigações:
Um dos principais reflexos no quadro das investigações é a queda no número de homicídios em Anápolis entre dezembro do ano passado e abril este ano.
Foi informado que o grupo identificou a ação da DRACO na região, por isto deu uma arrefecida nas suas ações, mas continuava a atuar com menos violência. O delegado confirma que os envolvidos perceberam a ação da polícia. “Eles perceberam as investigações sim”, ressalta.
Alguns agentes públicos presos foram transferidos para outras cidades. Foi detectado que eles retornavam até Anápolis para praticar crimes.
Desdobramentos:
A polícia informou que ainda não é possível confirmar se o grupo atuava como parceiros de traficantes de drogas em Anápolis. A polícia procura identificar se existe uma organização maior patrocinando a ação do grupo ou se o grupo estava se construindo a partir das próprias ações.
No total foram expedidos 23 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão. Até o início da tarde desta quinta-feira (30) há duas pessoas ainda foragidas.
Imagens
Veja o video que iniciou a investigação
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