O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) pediu hoje (17) aos países que mantenham as promessas feitas de acolhimento de migrantes e refugiados, sobretudo dos sírios que chegam à Grécia, na sequência dos atentados de Paris.
“Estamos preocupados com as reações de alguns Estados que querem suspender os programas criados, recuar nas promessas feitas para gerir a crise dos refugiados, ou propõem erguer barreiras”, declarou uma porta-voz do Acnur, Melissa Fleming, em entrevista.
“Os refugiados não devem ser bodes expiatórios ou vítimas secundárias desses acontecimentos trágicos”, acrescentou.
O apelo é feito pela ONU depois de o Parlamento húngaro ter dado hoje “luz verde” ao primeiro-ministro Viktor Orban para avançar com uma ação na Justiça contra as cotas de distribuição de refugiados entre os Estados-Membros, decididas pela União Europeia (UE).
A Hungria, que mantém posição inflexível contra os migrantes, ergueu uma barreira de arame farpado nas fronteiras com a Sérvia e a Croácia, e é um dos principais opositores do plano de repartição de 160 mil refugiados decidido pela UE.
Na França, a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, defendeu a “suspensão imediata” de novas entradas de migrantes, enquanto na Alemanha, o movimento Pegida juntou milhares de apoiadores na última manifestação anti-islã.
Até quinta-feira (12), menos de 150 refugiados tinham sido efetivamente recolocados em países europeus, a partir dos pontos de chegada na Itália e na Grécia.
De acordo com o Acnur, 820.318 migrantes e refugiados atravessaram o Mar Mediterrâneo com destino à Europa neste ano.
A grande maioria – perto de 674 mil – passou pela Grécia e pelas ilhas do mar Egeu e 3.470 morreram ou estão desaparecidos, na pior crise migratória na Europa desde 1945.
“A esmagadora maioria dos que chegam à Europa foge de perseguições e ameaças ligadas ao conflito”, destacou Melissa.
A porta-voz pediu aos europeus a criação de verdadeiros centros de acolhimento – denominados hot spots – para os migrantes e refugiados na Grécia e não nas ilhas gregas do Mar Egeu, que não têm capacidade para receber e registar corretamente tantas pessoas.
Os centros vão permitir identificar corretamente as pessoas e garantir que não representam ameaça à segurança dos países de acolhimento.
Com informações da Agência Brasil