No Rio Grande, a preocupação é com Furnas, hidrelétrica de 1.216 MW de potência que também tem papel crucial na geração nacional de energia.
Brasília – Em pleno período chuvoso, duas importantes hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste entraram em situação crítica por causa da queda constante do nível de seus reservatórios. No Rio São Francisco, a atenção está voltada para a Hidrelétrica Três Marias. Localizada na cabeceira do rio, a usina funciona como um regulador de vazão da água que chega até os demais reservatórios do São Francisco.
Na última quinta-feira, Três Marias registrava 10,34% da capacidade total de seu reservatório. Com capacidade de gerar 396 megawatts (MW), a usina está com apenas uma de suas seis turbinas em operação, entregando somente 36 MW. A ordem do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é armazenar toda água que for possível.
No Rio Grande, a preocupação é com Furnas, hidrelétrica de 1.216 MW de potência que também tem papel crucial na geração nacional de energia. Das 8 turbinas de Furnas, 6 ainda estão em operação, mas podem ser alvo de redução nas próximas semanas. Para preservar a usina, o ONS já colocou Furnas no fim da fila de geração diária. A orientação é explorar primeiro todas as outras fontes energéticas da região. Em resposta ao Estado, as estatais Cemig e Furnas, responsáveis pelas duas usinas, informaram que têm seguido as orientações técnicas de geração determinadas pelo ONS.
Racionalização
Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, chegou a dizer que medidas de racionamento ou de racionalização seriam necessárias caso as hidrelétricas registrassem níveis inferiores a 10% de sua capacidade máxima. Foi exatamente o que acabou de acontecer com Furnas, que na última quinta-feira registrava volume de 9,87% em seu reservatório.
Para preservar os estoques de água, o ONS tem reduzido o volume que passa pelas turbinas das hidrelétricas. Em Três Marias, a vazão de 140 metros cúbicos por segundo já foi reduzida no ano passado para 120 m³/s. Em avaliações recentes, o ONS afirma que “estudos indicam a necessidade de se implementar redução adicional em sua defluência”, ou seja, limitar ainda mais o volume de água que passa pela barragem. A comparação do cenário atual com o de um ano atrás nas duas usinas dá uma dimensão da gravidade do problema hoje.
Em janeiro de 2014, Três Marias acumulava 28% de sua capacidade total de armazenamento; Furnas, 47%. Esses volumes de água, no entanto, não evitaram que ambas chegassem a níveis mínimos durante o período seco, entre maio e novembro. Em outubro, Três Marias agonizou, com apenas 2,89% de sua capacidade. Em Furnas, o armazenamento chegou a 11,64% em novembro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.