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| Em 6 anos atrás

‘Oito Mulheres e um Segredo’ chega às telas com ambições de ser o mais plástico e vendável longa

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NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – As bandidas vestem Prada. E Burberry, Dolce & Gabbana, Givenchy, Valentino e Vivienne Westwood. Joias, só da Cartier. Um assalto ao baile de gala do Metropolitan, o episódio no centro do enredo de “Oito Mulheres e um Segredo”, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (7), pede esse figurino e divas que lutam sem descer do salto agulha.

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Toda a trama gira em torno do momento em que elas tentam driblar o olhar indiscreto de seguranças e câmeras de circuito fechado para roubar um colar de diamantes avaliado em milhões de dólares do pescoço de uma celebridade em pleno jantar –uma longa comédia de erros com uma queda deslumbrada pela tríade glamour, luxo e riqueza.

O plano envolve uma bela jovem na mira dos paparazzi, uma estilista decadente e a réplica perfeita da joia alvo do assalto na noite mais badalada do establishment da moda.

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“Esses filmes têm um senso de estilo, uma certa arrogância. Isso faz parte da alegria da coisa”, diz Cate Blanchett, uma das atrizes da gangue, na galeria do maior museu americano, que serviu de cenário do longa. “Mas não é um desfile de moda. Essas são as roupas que as personagens usariam.”

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Nessa versão toda feminina -e que se quer feminista- do clássico filme de roubo cinematográfico que estreou em 1960 com Frank Sinatra no comando e ganhou depois três adaptações com George Clooney e Brad Pitt, o grupo criminoso se esbalda em looks e acessórios.

O brilho intenso de suas joias e seus momentos de delírio fashionista chegam a ofuscar os diálogos ou qualquer fiapo de trama, fazendo pensar que cineastas ao longo da história talvez tenham errado ao ignorar o poder magnético da união da moda vista nos tapetes vermelhos com enredos calcados na execução de um crime perfeito e sem arestas.

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“Queríamos honrar toda a tradição de filmes de grandes roubos, fazer algo suave”, diz Olivia Milch, corroteirista do longa. “Mas sabemos que as mulheres podem ter muitas nuances e ser contraditórias.”

E, nesse sentido, “Oito Mulheres e um Segredo” lembra uma junção improvável de um dos filmes de James Bond com os vícios de “Sex and the City”.
“Tudo está nos detalhes, e essas mulheres têm um tremendo senso de estilo”, diz o diretor do filme, Gary Ross. “Tentamos criar uma experiência suntuosa. A Dolce & Gabbana fez mais de cem figurinos para a gente, e foi uma vantagem mesmo trabalhar com grandes estilistas e poder rodar num lugar como esse.”

Mas os excessos estéticos de “Oito Mulheres”, que chega agora aos cinemas, são ao mesmo tempo a maior força e o calcanhar de Aquiles de um filme com ambições de ser o mais plástico e vendável produto dos tempos MeToo.

Na ressaca da onda de denúncias de assédio sexual em Hollywood, e duas semanas depois da escandalosa detenção do ex-megaprodutor Harvey Weinstein em Nova York, o longa corre o risco de parecer fútil ao mostrar mulheres obcecadas por vestidos e joias por mais que todas elas sejam criminosas frias e centradas.

Uma Sandra Bullock maquiadíssima, que vive Debbie Ocean, a irmã do personagem de Clooney e Sinatra dos filmes anteriores da série, descarta essa leitura das coisas e diz que essa é uma trama sobre “mulheres que se ajudam”.

“Estamos todas lutando por um bem maior, que nesse caso é muito dinheiro”, diz a atriz. “Há poucos papéis para mulheres, e eles são como ilhas isoladas. Mas aqui estávamos juntas como um arquipélago.”

Nesse ponto, o feminismo de “Oito Mulheres” está na subversão da ideia que garotinhas devem sonhar em ser princesas e que “há muitos outros arquétipos no horizonte”, como lembra Ross, o diretor.

“Existe espaço para tudo no mundo, e você pode crescer e ser o que quiser”, diz Anne Hathaway, outra atriz à vontade com figurinos extravagantes desde “O Diabo Veste Prada”. “Esse filme me fez pensar sobre a fama e sobre como tudo seria diferente se acreditasse mesmo na fama. Só espero pelo dia em que o fato de haver um filme só com mulheres não seja algo tão especial.”

Recém-chegada do Festival de Cannes, onde liderou um protesto no tapete vermelho contra o assédio sexual em Hollywood, Cate Blanchett lembrou que a indústria está mudando. “É uma questão humana que também afeta os homens no cinema. Não queremos estar falando disso daqui a 20 anos”, ela diz. “Mas é bom que a conversa continue.”

Também não passa batido o fato de esse elenco ter mulheres de todas as cores. Além das brancas Blanchett, Bullock, Hathaway, Helena Bonham Carter e Sarah Paulson, há espaço para uma negra, a estrela pop Rihanna, uma asiática, a atriz e rapper Awkwafina, e uma mulher de ascendência indiana, Mindy Kaling.

“Espero que espelhe a aparência real do mundo, não a aparência que Hollywood tenta construir dele”, diz Ross. “Estamos celebrando as diferenças entre essas celebridades, não seus pontos comuns.”

Outra diferença, como lembra Kaling, que deu vida a Kelly Kapoor, uma atendente com excesso de autoestima da versão americana de “The Office”, é que essas oito mulheres podem gostar de roupas e joias, mas não estão disputando a atenção dos homens.

“Não existe nem a sombra de um homem ali”, diz Kaling. “O fato é que estamos orquestrando um crime e não brigando por um homem, além de podermos ser superglamorosas nessas cenas do filme.”

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