Ex-executivos da Odebrecht disseram ao Ministério Público Eleitoral que, desde 2006, a empresa “trocou” com o grupo Petrópolis R$ 120 milhões por dólares para que a companhia fizesse doações no Brasil em troca da “disponibilização de moeda estrangeira no exterior”.
Os depoimentos de cinco executivos -entre eles Benedicto Júnior e Hilberto Mascarenhas- foram encaminhados pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato do STF (Supremo Tribunal Federal), à Justiça no Paraná.
Segundo depoimentos de antigos diretores da Odebrecht, o grupo Petrópolis, responsável pela cervejaria Itaipava, do Rio, serviu como laranja para esconder milhões de reais destinados pela empreiteira como doações em eleições anteriores.
As operações, segundo os cinco delatores, ocorreram em quatro eleições: 2008, 2010, 2012 e 2014. O dinheiro repassado pela cervejaria a políticos no Brasil era devolvido pela Odebrecht no exterior.
Além da estratégia para mascarar a doação, a Odebrecht utilizou a cervejaria para gerar fluxo para seu Departamento de Operações Estruturadas, setor que contabilizava pagamentos de propina.
A empreiteira adquiria notas em reais da cervejaria, que tinha grande quantidade de moeda no Brasil devido aos bares e pequenos pontos de venda espalhados pelo país. O reembolso ao grupo era feito em contas no exterior.
Aponta o ministro Edson Fachin que, segundo os delatores, a “parceria” foi firmada no final de 2006, quando “os colaboradores Luiz Eduardo da Rocha Soares e Olívio Rodrigues Júnior foram apresentados a Silvio Pelegrini e Vanuê Ferreira, representantes do Grupo Petrópolis”. (Folhapress)