Após o Brasil apresentar quedas significativas nos casos de Covid-19, redução de leitos de UTIs e o reforço das vacinas, a expectativa é que tudo volte a ser como era antes. Inclusive, diversas capitais do país já iniciaram os seus planos de flexibilização do uso de máscaras e aparentemente a vida como conhecíamos há dois anos parece querer retornar. Mas será que agora estamos prontos para abrir mão do trabalho remoto e retomarmos nossas atividades de maneira produtiva nos escritórios?
Quando a pandemia chegou, as mudanças nas rotinas de trabalho foram muito rápidas, praticamente sem planejamento e todos os envolvidos (empresas, empregados, fornecedores, distribuidores) tiveram que melhor se acomodar muitas vezes até de maneira intuitiva. Levou um certo tempo, mas o modelo de trabalho remoto facilitado pelas novas tecnologias, se mostrou eficiente. No campo pessoal, cada um de nós teve que se adaptar aos novos espaços da casa que se transformaram em baias de trabalho, educação e convívio social.
Agora, chegou a hora de voltar e são muitos os questionamentos e até resistência a retomada do antigo modelo: como será voltar para esse espaço compartilhado do escritório? Como será reencontrar com os colegas e ter novamente um convívio diário? Como será essa nova gestão? Será que serei mais produtivo nesse ambiente?
A volta dos colaboradores à empresa, aos seus postos de trabalho, não se dará de forma única e irrestrita, ou seja, cada empresa está decidindo quando e como isso ocorrerá. Mas, voltaremos todos, em tempos e formas diferentes. E, diferente também, será nossa percepção de como é trabalhar ao lado de outras pessoas, de ter um lugar fixo numa empresa, de ter uma rotina mais controlada e menos flexível. E, talvez isso faça com que as pessoas passem a inquirir suas empresas do porquê não poderem ter mais flexibilidade.
Para a especialista em gestão emocional e comportamental, Christiane Monturil, os gestores deverão focar em políticas e práticas voltadas a inteligência emocional de seus colaboradores para evitar situações de baixa produtividade, aumento de conflitos internos e demissões em massa.
Cabe à gestão das empresas pensar nesse momento de retorno, como o de um recomeço. Alguns colaboradores regressarão com mais dores e perdas do que ganhos. Outros, mais maduros e seguros, outros ainda, desconfiando de tudo e de todos. Assim, se quem tem a responsabilidade de cuidar das pessoas dentro da empresa ignorar todos esses impactos, a volta pode ser mais traumatizante do que o trabalho em home office, afirma a especialista.
Para Christiane, a configuração do mercado atual requer um olhar mais atento à aplicação de técnicas de desenvolvimento de inteligência emocional em todo quadro da organização: “ Todos nós somos movidos por emoções, do executivo ao colaborador da base. Saber controlar as reações emocionais, principalmente em casos de retomadas como o que estamos vivenciando é fundamental para o crescimento profissional. É somente a partir do desenvolvimento da inteligência emocional que você consegue manter sua meta e usar todo o seu potencial, não deixando que nenhum fator emocional atrapalhe o seu desempenho e a construção da sua carreira, completou Christiane.
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