Autor de “O fator Churchill”, um dos melhores livros sobre o mais conhecido líder britânico, Boris Johnson não aguentou a pressão, causada por sucessivos escândalos – desde festas durante o lockdown até uma vista grossa em relação a um político acusado de abuso sexual -, e renunciou ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido.
Descabelado, sem papas na língua e um dos principais apoiadores do Brexit, Johnson conseguiu sobreviver a inúmeras turbulências políticas, inclusive a um voto de desconfiança no Parlamento. Parecia que nada poderia tirá-lo do poder.
No entanto, até Winston Churchill, depois de ajudar a derrotar a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, teve que sair do comando do país após perder as eleições para o trabalhista Clement Attlee, em 1945.
Johson, por sua vez, não sofreu uma derrota para a oposição. Aliás, seu partido, o Conservador – o mesmo de Churchill -, continua com maioria no Parlamento.
O grande assunto para ficar de olho na política britânica a partir de agora é a eleição para a liderança dos conservadores, que ainda não tem data marcada e pode demorar alguns meses.
Até lá, na prática, Johnson permanecerá no cargo de forma interina. Devido à maioria conservadora, quem for escolhido como líder do partido será, consequentemente, o novo primeiro-ministro.
No momento, o mais cotado é o ministro da Defesa, Ben Wallace, mas, de acordo com a GZERO Media, um braço da consultoria de risco político Eurasia, há outros nomes no páreo.
São eles: Nadhim Zahawi (chanceler do Tesouro); Rishi Sunak (ex-chanceler do Tesouro); Jeremy Hunt (ex-ministro das Relações Exteriores); Liz Truss (atual ministra das Relações Exteriores); Sajid Javid (ex-secretário de Saúde); Tom Tugendhat (membro do Parlamento); e Penny Mordaunt (ministra de Políticas Comerciais).
Pensando a médio e longo prazo, ainda não dá para descartar um possível retorno de Johnson, de 58 anos. Se ele reler o livro que escreveu, talvez possa aproveitar uma coisa ou outra para sua estratégia daqui em diante. Afinal, o próprio Churchill obteve sucesso ao voltar a ser primeiro-ministro a partir de 1951.