Categorias: Política

O povo não quer “político profissional”, diz pastor Gentil Oliveira sobre eleições 2020

O segmento evangélico tem tido peso no cenário político. Atualmente dois senadores, Luiz Carlos do Carmo (MDB) e Vanderlan Cardoso (PP) representam o meio que ainda possui o deputado estadual mais votado, Henrique César (PSC). Um dos nomes de pastores mais populares e que tem participação ativa nas discussões de temas políticos é o pastor Gentil Oliveira, dirigente da Igreja Assembleia de Deus-Bethel.

Gentil Oliveira cuida de igrejas em todo o Brasil, 130 igrejas delas em Goiânia e no seu entorno. Lideranças partidárias já o procuraram para filiações devido à popularidade dele. O Diário de Goiás conversou com o pastor Gentil sobre o cenário eleitoral de 2020.

Pastor Gentil avalia que o segmento evangélico é bastante politizado e bastante crítico quanto as decisões tomadas pelas autoridades e atento aos processos eleitorais. Ele reclama dos chamados políticos profissionais que ficam pulando de cargo para cargo, e em muitas situações não tendo a preocupação em concluir o mandato em exercício, pensando apenas numa perpetuação no poder.

O líder religioso ainda analisa pontos relativos ao desenvolvimento de Goiânia, como vocações econômicas da cidade e sugestões para o crescimento da cidade de uma forma descentralizada, pontos na avaliação do pastor que poderiam estar destacados objetivamente no Plano Diretor da cidade, mas que em muitos casos por descuidos da administração pública, novos gargalos aparecem por falta de planejamento.

Curiosidade

Em 2017, o prefeito Iris Rezende pretendia prestigiar Pastor Gentil com uma secretaria para o genro dele, pastor Welton Lemos, que também tem bastante popularidade. Em 9 de outubro daquele ano o então secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec), Macxwell Novais Ferreira, havia sido exonerado do cargo.

Welton Lemos, se antecipou e divulgou no início da manhã do dia seguinte que tomaria posse em evento a ser realizado no Paço, no período da tarde, o que não acabou ocorrendo, pois a agenda não havia sido confirmada pelo gabinete do prefeito. Lemos foi preterido e interinamente assumiu o também pastor André Custódio Moreira Júnior. Hoje a secretaria é dirigida por Celso Camilo.

Entrevista

Diário de Goiás: Pastor, pensando no processo eleitoral, o segmento evangélico tem peso importante, com uma população grande em comparação com outras localidades, nesse sentido como o segmento já tem pensado nas eleições do ano que vem?

Pastor Gentil: O segmento evangélico é muito politizado. Se interessa muito pela cidade, quer ver a cidade bem administrada. É importante entender que o povo evangélico é um povo ordeiro, de paz, que quer ver a cidade tranquila, com essa carência que estamos vivendo e é hora de entender que os políticos profissionais falharam. Nós vivemos sobre a regia dos políticos profissionais durante muito tempo, diria que até séculos e ultimamente está tendo uma renovação acentuada. O político profissional assume um cargo já pensando na reeleição, porque ele quer continuar no poder, não é como um administrador de empresa, e as pessoas querem se perpetuar no poder, além do trampolim. O sujeito se candidata a vereador, cumpre mandato de goias anos e depois já se candidata a deputado, de deputado federal trabalha visando a ser prefeito, de prefeito já quer sair para governador. Querem fazer uma carreira política, infelizmente a imagem que nós vemos é essa. Nós precisamos de rever esses instrumentos que são legais, da reeleição. O povo não está bobo. Se foi eleito para quatro anos de mandato, deve cumprir esse tempo. Nós estamos hoje vivendo um tempo que não quer mais votar em político profissional, quer votar em quem tenha boas propostas, histórico sem corrupção, sem ser político profissional que troca cargo, faz barganha, são pessoas que querem se perpetuar no poder.

Diário de Goiás: Pastor Gentil, o prefeito Iris tem evitado falar de processo eleitoral, mas ele é cotado para participar das eleições do ano que vem. Como o senhor avalia essa possibilidade?

Pastor Gentil: O prefeito Iris Rezende como ser humano, como político tem uma história de sucesso, que todos a conhecem. Onde ele põe a mão sempre deu certo, enquanto governador, prefeito, ministro, sempre foi muito trabalhador, continua sendo, mesmo já com a idade que está e vem fazendo um bom trabalho. Mas nessa linha do político profissional, está sempre pensando num próximo mandato. Ele estava como prefeito, renunciou. Aquele que estava como vice, ocupou o lugar, deu no que deu. Ele voltou, reassumiu o cargo de prefeito e tudo indica que ele pretende disputar a reeleição, é justo, todo político tem esse direito de passar pelo teste das urnas. Tem aí 60 anos de vida política, mas acho que chegou a hora dele parar, passar o bastão para outras pessoas, ser aí um conselheiro, ser reconhecido como um grande benfeitor e abrir espaço para que surjam novas lideranças. Tudo indica que vai ser candidato, e se não for, quem foi preparado para continuar? Isso vejo uma falha.

Diário de Goiás: Pode se tornar uma eleição até mais interessante caso Iris não participe do processo?

Pastor Gentil: Seria um gesto de muita grandeza dele. O Iris sempre foi um homem de gestos de grandeza em várias situações. Ele prepararia Goiânia para um futuro prefeito administrar. Sem ele, todos os candidatos estariam numa mesma condição, e vai sobressair o que tiver uma melhor proposta, história, ser menos político profissional.

Diário de Goiás: Que aspecto que o segmento evangélico deve pensar neste momento já traçando as eleições do ano que vem?

Pastor Gentil: Quero aqui agradecer a oportunidade de conversar com vocês, precisamos pensar numa Goiânia mais alegre, um sistema educacional mais eficiente. Por exemplo, as crianças na primeira infância nos CMEIS ainda saem sem ler. Num colégio particular, a situação é deficiente. O ensino é muito aquém. O próximo prefeito precisa pensar nisso. Os alunos precisam aprender várias línguas desde muito cedo. Na Saúde precisa ter os equipamentos básicos, uma melhor estrutura. Não podemos ver famílias perecendo nas filas das unidades. Precisa ter asfalto, viadutos, mas o que adianta isso se as pessoas estão morrendo, se não tem Saúde e Educação, ou Segurança. Não podemos esquecer de um lado em detrimento de outro. Daqui a pouco chega a hora do povo escolher a hora de escolher um governante, e o povo precisa estar atento.

Diário de Goiás: Como a economia de Goiânia deve ser desenvolvida a partir da aptidão da cidade? Como os candidatos deverão trabalhar isso no processo eleitoral?

Pastor Gentil: Nós precisamos trabalhar para que possamos imprimir na cidade, quem for administrar Goiânia nos próximos anos, trabalhar isso para que Goiânia tenha uma grande aptidão. Há aptidões pequenas, mas não tem algo que atraia o turismo nacional e internacional. Não temos turismo religioso como Trindade, e outra cidades. Não temos um turismo como de Caldas Novas com águas termais, Goiânia nunca se preocupou a criar alguma coisa. É possível? É. Aqui em Goiás temos o agronegócio e dentro disso poderia ser criar, por exemplo, uma cidade Country para que aos finais de semana os hotéis possam estar ocupados, os restaurantes cheios, as feiras atuantes, precisamos criar esta aptidão. Na saída para Anápolis temos algumas fazendas ali, para Trindade, Inhumas também. Porque não transformar essas fazendas em um sistema de Turismo. Em Gramado (RS), nós temos lá a Cidade das Neves, você pode esquiar dentro de Gramado, foi preparado para isso e as pessoas vão para lá, num ambiente fechado.

Diário de Goiás: Mas Goiânia já não tem um comércio forte, por exemplo, ali na Região da Rua 44?

Pastor Gentil: Esse tipo de comércio igual ao da Rua 44 não foi planejado, ele surgiu. De repente, quem administra Goiânia se depara com um problema, o trânsito caótico, a Feira Hippie desenvolveu, os feirantes cresceram montaram sistema de atacadistas e isso atraiu o Brasil inteiro. Quando chega aos finais de semana, você não consegue andar naquela região. Não é uma região própria para isso. Se tivesse criado uma cidade industrial, de confecção em uma periferia de Goiânia, nós estaríamos sem o sufoco no trânsito, dando emprego para determinada região de Goiânia e com margem de crescimento. O que está fazendo lá? Compra-se tudo de imóveis disponíveis, faz uma galeria de vários andares, estacionamento de ônibus subterrâneo, ou seja, isso encarece. Fora da cidade, haveria mais espaço e a cidade não estaria enfrentando o caos naquela região?

Diário de Goiás: Estas questões que o senhor está citando deveriam ser pensadas no Plano Diretor da Cidade que está em discussão?

Pastor Gentil: O Plano Diretor é que deveria prever estas coisas. Há situações que quando vai ser abrir os olhos já aconteceu, como foi o caso da Rua 44. Era tudo concentrado na Bernardo Sayão, agora passou tudo lá para a 44. A Bernardo Sayão está com várias lojas para serem alugadas ou vendidas porque o movimento caiu bastante lá. O Plano Diretor não previu isso, falta a setorização, por exemplo, lá para a região Leste, fábrica de computadores, algo do tipo, em outra região, uma vocação diferente, a indústria não poluente para que Goiânia não fique tão concentrada. Volto a dizer da área de confecção, tudo que se faz é pensando nessa região da Rua 44. Com o trânsito carregado lá, isso vira uma situação grave. Há limitações físicas, você tem a Rodoviária, do outro lado o córrego botafogo, Capim Puba, são obstáculos físicos que impedem um crescimento mais ordenado.

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Samuel Straiotto

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