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O passageiro sumiu: demanda diária do transporte tem queda drástica mesmo com retomada do comércio; “Processo contínuo” de afastamento, diz especialista

O boletim do Redemob Consórcio, publicado nesta sexta-feira (24/07) mostra que apesar do retorno das atividades comerciais em Goiânia, o passageiro continua distante do transporte coletivo. Se no último dia 09 de março, antes do primeiro fechamento econômico por meio de decreto, 521.888 pessoas utilizaram o transporte público, na última quinta-feira (23/07) 180.370 clientes passaram pelas catracas dos ônibus, Terminais e Estações da Região Metropolitana de Goiânia, uma queda de aproximadamente 65,4% de passageiros. Para o especialista em engenharia de transportes, professor Marcos Rothen a pandemia apenas foi a gota d’água para o afastamento do passageiro.

Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET), Adriano de Oliveira que concedeu entrevista ao Diário de Goiás o distanciamento está no medo do usuário que considera o transporte coletivo inseguro. “Então, as pessoas estão sim com medo, mas queremos demonstrar com medo porque as pessoas não devem existir. O transporte não é um lugar de grande insegurança para o coronavírus”, pontua.

Adriano ainda considerou que por mais que o decreto que permite a reabertura do comércio tenha, a atividade econômica ainda está em ritmo lento. ““Por mais que as atividades econômicas tenham voltado, elas não voltaram como antigamente”, indica. Há também o desemprego que reflete diretamente na utilização do transporte. 

“Também precisamos tentar buscar se não houve uma grande diminuição de empregos. De pessoas empregadas. Porque a grande motivação das pessoas utilizarem o transporte é a ida e volta ao trabalho. É nesse sentido que a gente tá imaginando que a demanda ainda não voltou. Mas a gente tem a expectativa que possa voltar”, comenta.

‘Processo de afastamento contínuo’, aponta especialista

Mas para o especialista em engenharia de transportes, professor Marcos Rothen, ouvido pelo Diário de Goiás a pandemia apenas foi a gota d’água para a ausência e distanciamento de passageiros do transporte coletivo em Goiânia. Trata-se de um “processo contínuo”. “O passageiro ele já vem fugindo há muito tempo e o transporte aqui em Goiânia não evoluiu. Os ônibus que rodam aqui são os mesmos de há muito tempo. O ônibus não tem qualidade. Então isso é um processo contínuo de há muitos anos.”

Com as tarifas em acréscimo e o transporte sem apresentar melhoras, as pessoas passam a buscar outras alternativas. “Sempre piorando, as pessoas comprando moto”, pontuou Rothen. A pandemia apenas é o estopim para que as pessoas busquem outros caminhos para se deslocarem na cidade. “E com a pandemia aumentou muito o medo das pessoas andarem de ônibus e elas correram para essas outras alternativas. Então já existia uma tendência, o que não tinha novidade no transporte e com a pandemia ela se agravou”, pontua.

Não basta ônibus novos

E o que fazer para reconquistar o passageiro e fazer com que ele considere atrativo andar no transporte? Rothen destaca alguns pontos, mas ressalta que trata-se de um trabalho “a longo prazo”. “Para reconquistar esse passageiro é um processo longo. Para começar primeiro tem que melhorar os ônibus. Limpos, organizados, grandes e com espaço, mais confortáveis. Tem todo o processo a se fazer a longo prazo”, salienta.

Ele explica que não é apenas renovar a frota e sim, “Não é apenas renovar a frota.  É mudar o tipo de ônibus. Não adianta nada não colocar um ônibus sem suspensão a ar, sem motor traseiro para aumentar o conforto do passageiro. Tem que utilizar esses ônibus tipo os da Metrobus. Temos modelos grandes, de maior porte que poderiam ser tranquilamente utilizados nas ruas de Goiânia”, pontua.

Dicas do Redemob Consórcio

No Boletim divulgado hoje, o Redemob Consórcio ainda indica algumas orientações para que o passageiro possa evitar aglomerações no transporte coletivo. Uma delas é a utilização do aplicativo SimRMTC. “[O app] auxilia o usuário evitar longas esperas em pontos de ônibus e terminais. O sistema permite acompanhar, em tempo real, o deslocamento dos ônibus, planejar viagem, visualizar pontos de recarga e programar alarmes. 

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.

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