“Um verdadeiro caos na Segurança Pública deste Estado” foi a conclusão dos deputados da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara Federal após reunião com o governador Marconi Perillo (PSDB) na tarde de ontem, 4.
Os resultados apresentados foram os piores, e os assessores de Perillo tiveram que se calar para ouvir a sentença dada ao Executivo goiano. “Um Estado onde o próprio governador tenta banalizar a violência é assustador”, afirmou Erika Kokay, vice presidente da Comissão, em entrevista coletiva dentro do Palácio Pedro Ludovico Teixeira.
O objetivo do encontro era apurar as denúncias de homicídios e desaparecimentos de pessoas atribuídos a grupos de extermínio. “Até agora nada foi feito”, relatou Domingos Dutra, presidente da CDHM.
Desde 2000, 36 pessoas desapareceram após serem abordadas por policiais militares goianos. A PM vem sendo investigada desde então. “Ainda assim, a maioria dos suspeitos continua no exercício do cargo, sendo muitos (ocupando cargos) de comando, dentro da polícia deste Estado. E o pior é que o chefe do Executivo não tem sequer o conhecimento de quem ocupa seus cargos de chefia na Polícia Militar”, continuou o presidente.
A reunião entre os membros da Comissão, Marconi Perillo e o secretário de Segurança Pública, João Furtado Neto, durou pouco mais de uma hora e o governador não se manifestou posteriormente. O representante do Estado foi o próprio João Furtado, que, em menos de cinco minutos de fala, reafirmou o empenho da administração para reduzir os índices de violência.
O secretário tratou os últimos episódios – os assassinatos do jornalista Valério Luiz e do advogado Davi Sebba – como fatos isolados que, na sua opinião, não podem desvalorizar os esforços da Segurança goiana.
Quem respondeu ao secretário foi Domingos Dutra. Ele disse se preocupar com o posicionamento do Executivo, que chega a beirar a omissão.
“É inadmissível tratar como fatos isolados os crimes que tem ocorrido em Goiás. Foram 36 assassinatos e dezenas de desaparecimentos. A morte de um jornalista e um advogado, a incidência de ameaças contra juízes, promotores, jornalistas… a cassação de um senador por envolvimento com organizações criminosas, bem como a influência destes grupos criminosos dentro do Estado de Goiás, não podem ser vistos como casos isolados. Existe um problema e ele tem que ser resolvido”, ressaltou o deputado.
Em 2011, a Polícia Federal de Goiás prendeu 15 suspeitos de integrar um grupo de extermínio que age no Estado. As prisões ocorreram durante a Operação Sexto Mandamento, da PF. Entre os presos, estão policiais militares de diversas patentes. Das 15 prisões, 13 ocorreram em Goiânia.
“A população vive o momento do medo. A sensação de insegurança aqui é maior que nas favelas do Rio de Janeiro. Lá, a polícia não é vista como inimiga, como tem acontecido aqui”, reforçou Dutra.
É caso para intervenção? Eis a questão.