Para o advogado Pedro Paulo Medeiros, que representa o Padre Robson de Oliveira, a justiça foi feita com a decisão do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) em determinar, por meio de um habeas corpus, a investigação contra o ex-presidente da Associação Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe). “O Tribunal de Justiça reconheceu o que o próprio Padre Robson já vinha dizendo desde o início da investigação que não houve qualquer irregularidade na questão dele junto à Afipe”, afirmou em entrevista ao Diário de Goiás.
Pedro Paulo reiterou o que vem dizendo em outras entrevistas: se tivesse sido chamado pelo Ministério Público, Padre Robson teria dado às devidas explicações e sanado todas as dúvidas que a Operação Vendilhões deixou no ar. Como em nenhum momento Oliveira foi convidado à se explicar, a decisão do Padre foi se antecipar ao Judiciário e dar suas explicações. “O Padre Robson foi ao judiciário e se antecipou e fez todas as explicações e o judiciário reconheceu que não houve qualquer irregularidade. Todos os valores doados pelos fiéis e foram aplicados na própria Afipe e que nenhum dinheiro foi de lá retirado.”
Segundo Pedro Paulo, a decisão tem efeitos imediatos e determina o arquivamento de todas as investigações cautelares, bloqueio de bens, valores, interceptações telefônicas, quebra de sigilo bancário e fiscal. “E com isso o padre Robson hoje foi inocentado que é o que ele dizia desde o início. Bastava que tivesse chamado para ser ouvido, mas nunca quiseram ouvi-lo, mas ele se antecipou e foi ao Judiciário e explicou como os valores da Afipe eram aplicados e o Judiciário entendeu que não há qualquer irregularidade”, reiterou.
O advogado reforça que no entendimento do TJ não houve crime algum. “A decisão hoje do TJ que reconheceu que não houve qualquer irregularidade pelo padre Robson. Não há crime a ser investigado”, ressaltando que não há investigação para ser reiniciada. “Não há sequer que reiniciar porque o que o Judiciário reconheceu não é que as provas são ilícitas, o judiciário reconheceu é que não há qualquer irregularidade. Portanto, a forma com a Afipe é gerida é dentro da lei e dentro do que o estatuto prevê. Ponto final. Portanto, não há o que ser investigado”, acentua.
O Ministério Público de Goiás informou que vai esperar notificação para só depois de manifestar a respeito da decisão.
Operação e afastamento
A Operação Vendilhões foi deflagrada em agosto, mas a investigação já vinha desde o caso de extorsão do Padre Robson. A Justiça chegou a negar um pedido de prisão do religioso quando o MP-GO cumpriu mandados de busca e apreensão. As suspeitas eram de desvio de finalidade, fraudes, entre outras.
A defesa do padre, representada por Pedro Paulo de Medeiros, divulgou nota em que afirma que o tribunal reconheceu que Robson não praticou atos ilícitos. O advogado ressalta ainda que “ele sempre se dispôs a esclarecer toda e qualquer dúvida sobre a sua atuação na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) ou em qualquer outro âmbito de evangelização”.
Durante a investigação, o padre se afastou da reitoria da Basílica de Trindade e também da Afipe. Em nota, a associação informou que manterá o trabalho de auditoria e reforma administrativa. A possibilidade de retorno de Robson ao cargo não foi mencionada. A defesa do religioso afirmou que seu retorno depende de decisões internas da Afipe e da Arquidiocese de Goiânia.