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Categorias: Política
| Em 12 anos atrás

“O Globo” relata distanciamento entre PT e PMDB nos Estados; Em Goiás, eles seguem juntos

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Não há dúvida de que PT e PMDB são os principais protagonistas da oposição ao governador Marconi Perillo (PSDB) e seus aliados em Goiás. As duas legendas, que estiveram juntas também em 2010 – ao lado do PCdoB – prometem trabalhar pela união na disputa do governo do Estado no ano que vem.

Nas três principais cidades goianas, que são administradas pela oposição, a aliança tem se mostrado sólida. Em Goiânia, a administração do petista Paulo Garcia, sucessor de Iris Rezende, além do vice Agenor Mariano, soma forças com outros peemedebistas. Em Aparecida, segunda maior cidade do Estado, é o PMDB quem comanda com Maguito Vilela e tem o PT, de Ozair José, como vice. Lá, Maguito tem conseguido angariar muitos recursos do governo federal. E, em Anápolis, embora o PT ocupe a cadeira principal, com Antônio Gomide, e também a vice, os peemedebistas estão presentes na administração e participaram da aliança vencedora.

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Se em outros estados o PMDB arrisca romper com o PT, aqui, a tendência natural, presente também nos discursos de ambos os lados, é que as duas siglas somem forças e prossigam com a aliança que foi exitosa nas principais cidades goianas.

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Veja, na íntegra, o texto de O Globo, disponível no site do Jornal.

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“Crise PT-PMDB nos estados ameaça Dilma

Falta de acordo já atinge alianças e pode se refletir no desempenho eleitoral da presidente

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PAULO CELSO PEREIRA
31/05/13 – 8h00
Presidente mantém popularidade; mas crise PT-PMDB pode se refletir na votação de Dilma O GLOBO / Márcio Alves/6-5-2013

BRASÍLIA – Em 2010, a presidente Dilma Rousseff foi eleita no segundo turno com 55,8 milhões de votos, 12 milhões a mais que o tucano José Serra. O mapa da eleição revelou que a presidente assegurou sua vitória a partir da ampla vantagem numérica que obteve em todos os estados do Nordeste, no Amazonas, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. A um ano e meio da eleição de 2014, a presidente tem cerca de 60% de intenções de voto e continua sendo mais forte no Nordeste, mas crises estaduais na aliança com o PMDB ameaçam a tranquilidade nos estados que garantiram a maior “gordura eleitoral” para Dilma em 2010: Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Minas e Rio.

Os dois estados que mais contribuíram para a vitória de Dilma foram Bahia e Pernambuco. No primeiro, ela obteve 2,79 milhões de votos a mais que Serra, e no segundo, 2,34 milhões. Ironicamente, os dois são os únicos em que a própria direção nacional do PMDB já considera perdidas as chances de aliança. Pré-candidato ao governo, o peemedebista Geddel Vieira Lima trabalha junto com PSDB e DEM para definir os rumos da oposição ao PT no estado baiano. Em Pernambuco, por sua vez, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que sempre esteve contra Dilma, uniu-se no ano passado ao governador Eduardo Campos (PSB) no projeto presidencial do socialista.

As crises mais recentes na relação PT-PMDB são nos dois outros estados nordestinos que deram maior vantagem à presidente: Ceará e Maranhão. As seguidas declarações de apoio do governador Cid Gomes (PSB) à presidente Dilma Rousseff e a aproximação dele com o líder do PT, José Guimarães (PT-CE), levou o senador Eunício Oliveira (PMDB) a abrir conversas com integrantes da oposição cearense, e chegou a sinalizar recentemente a possibilidade de unir-se ao tucano Tasso Jereissati.

Eunício pretende disputar o governo do estado, mas teme a recente aproximação do PSB com o PT no estado. Isso porque Cid pretende eleger um sucessor de seu partido e Guimarães quer chegar ao Senado, o entendimento dos dois deixaria Eunício sozinho. Em 2010, com PSB, PT e PMDB unidos no estado, Dilma saiu do Ceará com vantagem de 2,33 milhões de votos sobre José Serra. Para completar, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, deu o tom da crise que atinge a região no jantar dos governadores do PMDB com o vice Michel Temer, no Palácio do Jaburu, semana passada. Apesar das dificuldades iniciais para a aliança em 2010, PT e PMDB acabaram marchando juntos no Maranhão e hoje petistas ocupam secretarias no governo. Mas dirigentes do PT usaram a propaganda partidária deste semestre para criticar Roseana e as imagens só saíram do ar após uma intervenção da direção nacional petista.

— A diferença de votos que o Serra teve em São Paulo a gente praticamente zerou no Maranhão. Mas uma parte deles (dos petistas) todo dia está batendo, criticando. Do mesmo jeito que o PMDB do Rio tem o direito de fazer seu sucessor, eu tenho — disse a governadora, que ajudou a garantir para Dilma uma vantagem de 1,69 milhão de votos.

Se é verdade que a crise entre os partidos atinge estados que deram ampla margem a Dilma, é igualmente verdade que dos quatro apenas no Maranhão o PMDB contava em 2010 com o candidato a governador, que naturalmente transforma-se no principal cabo eleitoral do candidato a presidente. Na Bahia, em Pernambuco e no Ceará esse papel foi exercido respectivamente pelos governadores Jaques Wagner (PT), Eduardo Campos (PSB) e Cid Gomes (PSB) — todos na época disputando reeleição e ao fim vitoriosos.

O risco da crise no Nordeste — além dos problemas com o PMDB, o PSB pode lançar Eduardo Campos à Presidência — é que Dilma chegue ao fim da eleição com vantagem menor do que a de três anos. A densidade eleitoral do PT no Nordeste, especialmente após o governo Lula, é reconhecida até mesmo pela oposição. O PSDB tem desde 2002 a meta de conquistar 40% dos votos na região e nunca conseguiu. Para os tucanos, é fundamental reduzir a margem de votos de Dilma na região para tentar chegar à vitória com uma compensação no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

— É muito provável que ela vença no Nordeste, como é provável que vençamos no Sul. Mas não se repetirá o que ocorreu em 2010. O semiárido nordestino está muito sofrido, a classe média rural que passou a votar no PT não votará mais. Sempre foi muito difícil fazer oposição ao Lula, mas isso não acontece com a Dilma — diz o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que deve cuidar da campanha tucana.

O PSDB aposta em conseguir mudar o panorama favorável à presidente nos dois outros estados que deram vantagens de mais de um milhão de votos para Dilma: Rio e Minas. Do Rio, ela saiu com 1,71 milhão à frente de Serra, e de Minas, com 1,8 milhão. No primeiro, o governador Sérgio Cabral avisou que não apoiará a presidente caso o PT efetivamente lance o senador Lindbergh Farias como candidato contra o vice Luiz Fernando Pezão.

Em Minas, os petistas apostam que Dilma terá dificuldade natural caso enfrente o ex-governador Aécio Neves (PSDB), que soma altos índices de popularidade no estado. Para completar, o PMDB-MG não tem comando único e há uma ala crítica à Presidência, comandada pelo deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). Ele abriu mão da candidatura a prefeito de Belo Horizonte em 2010, em favor de Patrus Ananias (PT), e se diz traído por Dilma ao não ser nomeado ministro da Agricultura. O cargo foi para Antônio Andrade, seu correligionário.

Crise nos estados ameaça aliança nacional

A crise entre PT e PMDB nesses estados pode vir a ameaçar a própria aliança nacional. O tema ainda é muito incipiente, a começar pelo fato de a presidente manter altos níveis de aprovação, mas até mesmo aliados do vice Michel Temer reconhecem que os problemas precisam ser contornados.

Rio, Ceará e Minas Gerais reúnem o maior número de convencionais que sacramentarão — ou não — a aliança nacional com o PT em 2014. Outros estados problemáticos, como Paraná, Pará e Bahia tem peso relevante na convenção. O vice-presidente costura pacientemente o apoio à aliança nos estados. Semanas atrás conseguiu que os prefeitos e parlamentares do PMDB se reunissem com Dilma e manifestassem seu apoio à reeleição. O vice também avançou em negociações no Paraná, em Santa Catarina e no Mato Grosso do Sul.

Temer, no entanto, tornou-se alvo de boa parte dos parlamentares do partido que reclama de sua atuação junto à Dilma. No Congresso é comentado que Temer deixou de ser um representante do PMDB no governo para converter-se em um representante do governo no PMDB. A aproximação reduziu sua popularidade dentro do partido.”

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