O presidente do PT, Rui Falcão (reeleito), tem o desfio de resolver problemas que estão surgindo para a aliança nacional. Goiás é citado em reportagem do O GLOBO, como um dos diretórios que tem que ser alinhar com o PMDB e pode ate mesmo sofrer intervenção. Para evitar a situação de mudar lideranças do partido, Rui Falcão vai reunir todos os presidente do PT na proxima semana.

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Materia completa Jornal O GLOBO

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Reeleito para comandar partido, Rui Falcao reafirma que prioridade é reeleição de Dilma

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Diante das dificuldades de entendimento com partidos da base aliada em diferentes estados, o comando nacional do PT convocará os dirigentes regionais da sigla, no início de dezembro, para reafirmar que a prioridade número um da legenda no ano que vem é a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

O encontro, que será promovido em São Paulo, tem como objetivo evitar a necessidade de intervenção da direção nacional na definição de candidaturas estaduais que possam prejudicar acordos partidários em torno da disputa ao Palácio do Planalto. O PT enfrenta atualmente desentendimentos e indefinições em estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo, Ceará, Maranhão, Santa Catarina, Pernambuco e Goiás.

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IDENTIFICAR “DESCOMPASSO”
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, que foi reeleito ontem para novo período de quatro anos, reconheceu que o encontro tem como finalidade evitar futuras intervenções e identificar algum “descompasso” ou “falta de sintonia’ Segundo ele, todos os diretórios estaduais da sigla estão cientes de que a estratégia prioritária da legenda no ano que vem é a reeleição da presidente.

Em entrevista coletiva, na capital paulista, o dirigente petista ressaltou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá um “papel muito forte” tanto na eleição presidencial como nas estaduais. — Todos os nossos diretórios estão convictos de que a prioridade é a reeleição da presidente. Isso já aconteceu em 2010 e deve ocorrer agora.
É para isso, para haver uma sintonia mais fina, que nós vamos convocar uma reunião com todos os presidente estaduais, em São Paulo, para ter esse quadro nacional e avaliar se há algum descompasso, alguma falta de sintonia. Justamente, para que não haja nenhum tipo de intervenção — afirmou.

Ao todo, PT e PMDB, aliados em âmbito nacional, devem estar em lados opostos em até 11 estados na disputa do ano que vem. Segundo o dirigente nacional do PT, a sigla deve lançar entre dez e 12 candidaturas próprias, e, nos demais estados, a tendência é apoiar legendas da base aliada. No Maranhão e no Espírito Santo, no entanto, lideranças regionais defendem candidaturas adversárias às do PMDB e, em Goiás e Ceará, pregam nomes próprios, o que tem sido motivo de reclamação da legenda aliada no governo federal.

Em Santa Catarina, o presidente estadual eleito tem defendido candidatura própria, contra o interesse do diretório nacional de apoiar a reeleição de Raimundo Colombo, do PSD. Rui Falcão minimizou ontem conflitos locais com o PMDB e ressaltou que, onde houver candidaturas das duas legendas, como em São Paulo, a presidente terá mais de um palanque estadual. Segundo ele, no Rio de Janeiro, há a intenção do PMDB de que o PT abra mão de candidatura própria, mas o processo eleitoral no estado “caminha para uma pulverização de candidaturas do campo aliado”.

— As novas direções estão se constituindo agora. O quadro com relação ao PMDB está mais ou menos mapeado. Há um conhecimento mútuo de que, em vários estados, haverá duas candidaturas, em um processo civilizado, sem rupturas. E ampliando os palanques da presidente — disse.

“SOLUÇÃO SALOMÔNICA” NO MARANHÃO
No caso do Espírito Santo e do Amapá, o dirigente nacional da sigla disse que tanto há a possibilidade de o PT seguir nas atuais gestões, do PSB, como de apoiar o PMDB e o PSD, respectivamente. Nos dois estados, a direção nacional do PSB tem pressionado os governadores a não oferecer palanques para Dilma Rousseff, uma vez que ela deverá enfrentar o dirigente nacional do PSB, Eduardo Campos. No Maranhão, o petista afirmou que o partido trabalha por uma “solução salomônica”.

— Há um quadro de dificuldade tanto para o PCdoB deixar o PSB em Pernambuco, onde detém a vice-prefeitura de Recife, como são conhecidas as nossas dificuldades com o PMDB no Maranhão, no caso de uma mudança política em direção ao Flávio Dino (pré-candidato do PCdoB). Há uma tendência muito forte de um setor da nossa militância de apoiar o Flávio Dino. E há também um setor que quer apoiar a Roseana Sarney, do PMDB, para o Se- nado. Talvez essa possa ser uma solução salomônica se a militância do Maranhão assim entender — afirmou.

O presidente nacional do PT foi reeleito ontem com a maior votação de um candidato a dirigente do partido. O último resultado parcial, quando foram contabilizados 80% dos votos, mostrou Falcão com 70,16%, seguido por Paulo Teixeira, com 19,79%. Na última disputa, de 2009, o então vencedor, José Eduardo Dutra, teve 57,9% (ele sairia do cargo em 2011, por motivo de saúde, sendo substituído por Falcão).

Na entrevista coletiva, o petista não considerou que haja risco de o PSD romper com o PT nas eleições presidenciais por conta do recente escândalo na prefeitura de São Paulo, que envolve antigos funcionários da gestão do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. — É preciso ver se o PSD tem a ver com as irregularidades apontadas.
Eu não sei, não há nenhuma denúncia em que o partido faça parte — disse. Perguntado sobre a saída, ontem, do secretário municipal de Governo de São Paulo, Antonio Donato, citado em gravações entre os auditores fiscais presos sob . suspeita de corrupção na cobrança do Imposto Sobre Serviço (1SS), o dirigente petista saiu em defesa do correligionário.

— Em almoço, fui informado pelo secretário Antonio Donato, cuja reputação para nós é inatacável, que por conta dessa bateria de denúncias infundadas, que partem de pessoas que fazem delação premiada, ele decidiu se afastar para não criar nenhum tipo de dificuldade para o governo e para fazer a sua defesa com maior liberdade — afirmou.

CRÍTICAS A AÉCIO
O dirigente petista fez críticas ao presidente nacional do PSDB, Aécio Neves. Segundo ele, o tucano quer “reinventar a roda” ao ter proposto iniciativa que transforma o Bolsa Família em um programa permanente, atrelado às políticas públicas de assistência social e de erradicação da pobreza.

— Há um pré-candidato querendo reinventar a roda, querendo transformar o Bolsa Família em lei, o que já é desde 2004, e querendo acrescentar coisas que o Bolsa Família já tem, até porque ele é hoje uma iniciativa ligada a vários outros programas — disse.

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