O ex-senador Demóstenes Torres, cassado em 2012 devido à investigação sobre corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Monte Carlo, disse nesta segunda-feira (26), em entrevista ao Diário de Goiás, que o Democratas não o defendeu como deveria ter feito.
“Foi absolutamente incorreto. Ao contrário do PSDB, que levou Marconi até o fim, o DEM foi cachorro comigo. Acho que o DEM, de uma forma geral, me abandonou. Ela [a defesa] não foi feita. Aliás, muitos jornalistas depois me disseram que o meu sucesso incomodava o próprio DEM. Porque tinha muita gente lá, não vou dizer morto politicamente, mas que com a minha saída, ganhou novo fôlego”, afirmou.
Questionado sobre mágoas em relação ao senador Ronaldo Caiado (DEM), Demóstenes nega. “Não tenho mágoa de ninguém. Mas o partido, na hora H, pulou fora. Eu até brinco, mas tem uma turma que não pula em galho seco, só quando está frondoso, quando não vai cair. Em relação a pessoas, não”.
O DEM foi correto com o senhor?
Não, foi absolutamente incorreto. Ao contrário do PSDB que levou Marconi até o fim, o DEM foi cachorro comigo.
Mágoa do senador Ronaldo Caiado?
Não tenho mágoa de ninguém. Mas o partido, na hora H, pulou fora. Eu até brinco, mas tem uma turma que não pula em galho seco, só quando está frondoso, quando não vai cair. Em relação a pessoas, não.
Ronaldo Caiado foi correto com o senhor?
O que eu tinha que dizer a respeito do senador Ronaldo Caiado e o que ele tinha a dizer ao meu respeito nós fizemos isso publicamente em uma troca de insultos, digamos. O que é próprio do jogo político. O senador disse que iria processar, eu disse que faria a exceção da verdade. Como ele não me processou, eu também não tenho como prosseguir. Eu entendi como ele querendo contemporizar. Eu não tenho razão nenhuma para tentar destruir qualquer político nesse tipo de jogo, não tenho razão nenhuma para prosseguir uma coisa que não tem mais motivação. Agora, eu que fui atacado. Eu estava tranquilo em minha casa e fui atacado e não sei porque.
São duas amizades com destinos diferentes: preservou Cachoeira e acabou Caiado?
Total. É verdade. É isso mesmo. Não com aquela intensidade, naturalmente, porque as coisas mudam muito. Amizade, frequência, mas eu respeito. Eu continuo tranquilo, mas isso para mim passou. É um assunto que não vale a pena a se lembrar.
Se provocado, o senhor voltaria aquele assunto?
Não vejo nenhuma possibilidade de isso acontecer, de eu ser provocado ou provocar.
Mais alguém no DEM que o senhor lembra que não foi correto?
Não, acho que o DEM de uma forma geral me abandonou. Muita gente inclusive diz que eu fui expulso do DEM. Isso nunca aconteceu. Eu sai do DEM dois anos depois, enderecei um expediente ao presidente do DEM de Goiás pedindo a minha desfiliação e pronto, fui desfiliado.
Não ter te expulsado não seria um gesto do DEM?
Não, iria me expulsar porquê? O DEM sabia que não tinha nada, o DEM só foi covarde.
A defesa poderia ter sido mais contundente?
Podia ser feita. Ela não foi feita. Aliás, muitos jornalistas depois me disseram que o meu sucesso incomodava o próprio DEM. Porque tinha muita gente lá, não vou dizer morto politicamente, mas que com a minha saída, ganhou novo fôlego.
O senhor era um candidato a presidente que foi para outra situação completamente diferente. Como o senhor se sentiu?
Eu passei por tudo. Eu cheguei a visitar alguns círculos do inferno do Dante. Eu realmente fui massacrado, digamos. E por isso eu tenho hoje uma compreensão de vida muito diferente da que eu tinha antigamente. Tenho os mesmos valores, meus filhos têm os mesmos valores, minha neta, minha família toda de uma forma geral. Mas eu deixei de ser aquele julgador implacável. Aprendi com o sofrimento que tem muita coisa além da nossa visão.