Neste sábado (10/08) a ministra do Meio Ambiente da Alemanha, Svenja Schulze, anunciou, em entrevista ao jornal “Tagesspiegel”, a suspensão do financiamento de projetos para a proteção da floresta e da biodiversidade na Amazônia devido ao aumento do desmatamento na região. Um dia depois, no domingo (11/08) Bolsonaro a respondeu, dizendo que o Brasil não precisa de dinheiro alemão para a preservação da Amazônia e insinuou que o valor era uma tentativa do país europeu de “comprar a Amazônia”.
Questionado sobre o assunto, Bolsonaro não gostou quando o repórter utilizou a expressão “corte de investimento” para saber seu posicionamento. “Investir? Ela não vai comprar a Amazônia. Vai deixar de comprar a prestação a Amazônia. Pode fazer bom uso dessa grana. O Brasil não precisa disso”, contou. O presidente da República trabalha na ideia de que outros países tem interesse em se “apoderar” do Brasil. “Você acha que grandes países estão interessados com a imagem do Brasil?”, questionou.
Sobrou até para Noruega
Vale lembrar que o corte não tem relação com o Fundo Amazônia, que já recebeu por volta de R$ 245 milhões de reais. A Noruega também contribui para o fundo.
O ministro Ricardo Salles em audiência pública no Congresso Nacional na última quarta-feira (07/08) criticou a Noruega. “A própria Noruega explora petróleo no circulo polar ártico. A Noruega caça baleia. Nunca ninguém disse: ‘não, a Noruega porque explora petróleo e caça baleia, não nos interessa recurso da Noruega'”.
A Noruega por meio de sua embaixada no Brasil não tardou em rebater o governo. Por meio de uma extensa nota disse que faz a exploração do circulo polar de forma segura e prezando pelos princípios de saúde. “A indústria petrolífera norueguesa é líder global em padrões de saúde, segurança e proteção ambiental. As atividades petrolíferas norueguesas estão entre as mais limpas do mundo, devido à rigorosa regulamentação governamental e aos altos padrões tecnológicas da indústria norueguesa”, diz o texto enviado pela embaixada.
O posicionamento concluí dizendo que a exploração é realizada de forma segura. “As condições do Ártico são diversas e as atividades de petróleo e gás no mar de Barents, na Noruega, tem as mesmas condições operacionais das regiões mais ao sul. Nos últimos 40 anos, a Noruega demonstrou que a exploração de petróleo no mar de Barents pode ser conduzida de maneira segura.”
Desmatamento na Amazônia
O presidente disse que os dados de desmatamento atribuídos ao seu governo não eram verdadeiros. Após isso, o diretor do instituto, Ricardo Galvão foi à imprensa e criticou a fala do presidente afirmando que este fez “acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira”.
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Após a publicação, Bolsonaro e Ricardo Salles, o ministro do meio ambiente voltaram atrás. Por exemplo, em uma live na última quinta-feira (08/08) disseram que os dados podiam ser verdadeiros mas estavam sendo “mal interpretados”.
No começo do mês passado, julho, o Inpe informou que o desmatamento na Amazônia atingiu 920,4 quilômetros quadrados em junho, um aumento de 88% em comparação com o mesmo período do ano passado.
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Bate-boca na Globo
A polêmica pelo visto está longe de acabar. Jair Bolsonaro continua criticando os dados de desmatamento publicados pelo Inpe e o ex-diretor do Instituto, Ricardo Galvão esteve ontem em um programa de debates na Globo News que o colocou frente a frente com Ricardo Salles: “nós [do Inpe] usamos as publicações científicas, não a balela que vocês usam, coisa de Twitter”. Os animos do programa ficaram um pouco exaltados. A apresentadora teve de intervir com um outro convidado para apaziguar as emoções e chamou os comerciais.
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