Categorias: Política

“O Brasil de hoje é muito diferente do Brasil de antes”, diz Olavo Noleto

O chefe de Gabinete do prefeito Paulo Garcia, Olavo Noleto (PT), disse, em entrevista à Rádio Vinha FM, que o Brasil de agora está muito diferente do Brasil de antigamente. Questionado sobre a análise que ele faz sobre o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), Olavo afirmou que este é um “momento importante na história brasileira”. De acordo com o petista, é uma “virada que o Brasil está dando”.

Confira a entrevista concedida ao jornalista Altair Tavares, na íntegra:

Altair Tavares: Qual é a análise que você faz do que conhece dos bastidores do governo Dilma Rousseff sobre esse momento vivido pela presidente?

Olavo Noleto: Vamos relembrar, o Brasil mudou e mudou muito. As pessoas, agora, deixaram de ser excluídas e são incluídas e querem mais direitos, mais serviços, querem pagar menos impostos. Mas as pessoas agora querem pagar menos impostos porque elas têm renda. Então, esse é um momento muito importante da história brasileira, que é de uma virada que o Brasil está dando. Só que, junto com isso, tem a conjuntura política. Você tem, por exemplo, o escândalo da Petrobras, que é bom dizer que só existe porque agora tem governo e Polícia Federal que investiga e prende. Eu pergunto: se o esquema da Petrobras existe desde 1997, porque só agora, no governo Dilma, que o esquema foi descoberto? Porque agora tem investigação, combate à corrupção. Então, essa conjuntura adversa faz parte do momento político, da democracia, do pós-eleição, que muita gente não aceitou a derrota ainda. Agora, tudo isso é legítimo, é do jogo. A presidenta Dilma vai enfrentar nesse segundo mandato uma resistência muito mais forte em função desse jogo tão complicado que está armado para ela. A oposição que não conseguiu vencer as últimas eleições seguidamente, agora precisa se comportar diferente. Ela viu que precisa sangrar o governo do primeiro dia ao último para ter alguma chance na próxima eleição ou, pior que isso, ela talvez esteja enxergando que a única chance de ela tomar o poder seja com alguma atitude mais golpista, como impeachment ou coisas do tipo. Isso é uma característica da direita no Brasil, quando ela perde o poder, ela se arvora com discursos moralistas e etc., como se fosse dona da verdade, faz um cerco na esquerda e produz golpe.

Altair Tavares: Isso já aconteceu na história?

Olavo Noleto: Isso já aconteceu na história do Brasil mais de uma vez. O último golpe militar, de 1964, é resultado desse embate entre a direita brasileira e as forças progressistas da época. Isso se repete hoje. O Brasil está mudando, a vida das pessoas está mudando. Não é verdade que o Brasil piorou, o Brasil melhorou. O salário aumentou, a inflação caiu. Essa é a verdade. Eu pergunto: a vida das pessoas nos últimos anos melhorou ou piorou? A taxa de desemprego que saiu esta semana, melhorou ou piorou? Então, o que existe nos grandes meios de comunicação nacionais é quase uma lavagem cerebral, é como se a vida da pessoa não fosse real.

Altair Tavares: Como os petistas questionam essa cobertura da mídia que é feita em torno do caso da Petrobras, inclusive com o ex-presidente Lula falando em tentativa de criminalização do Partido dos Trabalhadores. Rubens Otoni, esta semana, falava de informações ocultas em relação a outros nomes e partidos que não são evidenciados. Esse tipo de argumentação convence o eleitor?

Olavo Noleto: A questão não é o convencer ou não. Temos que dizer a verdade. A verdade é: existe um esquema desde 1997, no governo Fernando Henrique. E a Polícia Federal no nosso governo teve autonomia para trabalhar, prender, investigar. Porque a Polícia Federal não tinha essa autonomia antes? Porque não estourou essa quadrilha antes? A verdade tem que ser dita. Porque a imprensa nacional fica presa só no atual governo e não vai botar o dedo lá na real ferida. O que é a real ferida? É a Petrobras que desde 1997 vem sendo tomada e saqueada por dentro. A atual diretoria da Petrobras que está sendo demitida, há indicação política, sim, mas são técnicos da própria empresa que foram descobertos porque agora tem investigação. Antes não tinha. Essa verdade tem que ser disputada. “Ah, o eleitor não vai acreditar, não vai gostar”. Paciência. A gente tem que disputar a verdade e lá na frente teremos o resultado político disso. Eu só acredito nesse jeito de fazer a luta política. A população precisa saber a verdade. Um esquema que ninguém pode aceitar, mas que agora que foi pego, em nosso governo. A gente foi lá, descobriu, prendeu e queremos punição. Essa é a verdade.

Altair Tavares: Considerando a mensagem agora dada por Dilma no encontro do PT de que os petistas deveriam enfrentar a guerra da comunicação, da informação contra a desinformação. O partido está preparado para isso?

Olavo Noleto: Isso sempre foi uma falha em nosso DNA. Acho que temos uma comunicação falha. Isso não muda a necessidade de a gente sempre melhorar, buscar sempre mostrar os fatos e as verdades. Eu quero resgatar a história. O Brasil que mudou, que agora distribui renda, que tem milhões de pessoas incluídas, que as pessoas estão comprando carro, que cada um tem um ou dois celulares, que efetivamente incluiu as pessoas, que faz a Copa, que promove a mobilidade urbana, que está fazendo BRT e VLT em Goiânia, que reforma a Praça Cívica, que está inaugurando mais de 40 novas escolas e CMEIs em Goiânia, que está se levantando e que é respeitado no mundo inteiro. Esse Brasil é o da vida real de cada um de nós trabalhadores. Eu pergunto: é esse o Brasil ou o que está na Globo e na Veja? O trabalhador que rala todos os dias, como é o Brasil de verdade? Como era o Brasil antes? É isso que está em jogo, é uma disputa política e é isso que está sendo feito.

Altair Tavares: Há uma indicação de que o tema ‘Regulação da Mídia’ é interpretada pelos meios de comunicação e jornalistas de todo o Brasil como uma forma de censurar e controlar a mídia. O que quer o governo de Dilma em relação à Regulação da Mídia?

Olavo Noleto: Eu sou filho de jornalistas que lutaram em defesa da liberdade de expressão, da democracia, que enfrentaram a ditadura. Meu pai foi preso na ditadura defendendo a liberdade de expressão. Eu posso falar. Eu defendo a liberdade de expressão, inclusive a liberdade de imprensa e do profissional de imprensa. Agora, a liberdade de imprensa hoje foi transformada em liberdade de empresas, negócios, esquemas e negociatas estão falando mais alto e atentando contra a democracia. Nós precisamos ter lei. Tudo tem lei. Os Estados Unidos, que a nossa direita diz que é o exemplo, tem lei e regra para a convivência democrática, inclusive para o comportamento da imprensa. Porque quando você difama e mente, tem que ter uma regra. Quando você comete o crime da calúnia tem que ter uma regra. Qual é a punição? É só disso que estamos falando. Tem que ter regra no jogo. Mais que isso, até os veículos de comunicação impressos, por tese, são o espaço da livre expressão. Mesmo neles, quando você mente, você tem que ser processado, você está cometendo um crime de difamação, calúnia, etc. Agora, esse crime quando acontece em outro veículo, rádio ou TV, é muito maior, porque esse veículo é uma concessão pública. Então, nesse veículo, que você já tem o privilégio de usar essa concessão pública, você fazer disputa política para mentir, para caluniar, isso não tem nada de liberdade de expressão, não tem nada de democrático. Isso é antidemocrático.

Altair Tavares: Já se fala que é uma regulação econômica da mídia, conceitos que estão misturando entre o que você afirma e o que as pessoas falam que vai ser.

Olavo Noleto: É mentira dos donos dos veículos porque eles não querem ter regras no jogo, porque eles podem negociar e se vender como fazem hoje nos Estados e municípios. Eles se vendem, alguns mais baratos outros mais caros. Mas para o Brasil dar o próximo passo da democracia, você precisa ter a verdadeira liberdade de imprensa com regras. Se você mente, calunia, você paga. Tudo tem que ter regra, inclusive a imprensa e a liberdade de expressão. De forma alguma institui qualquer tipo de censura. O que eu acho importante é criar um mecanismo em que a própria imprensa tenha o seu Conselho. Os advogados não têm a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]? Os médicos não têm o Conselho Federal de Medicina? Porque a imprensa não tem seu Conselho de Comunicação, que sirva como algo fiscalizador, que possa construir parâmetros para o futuro e dizer qual é a liberdade de imprensa que nós queremos para o Brasil no futuro? O aprimoramento da democracia no Brasil passa por você acabar com a instituição da empresa vendida para você passar para a instituição da imprensa verdadeiramente livre. Esse passo precisa da participação do Estado brasileiro.

Thais Dutra

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