Subiu para 30 o número de mulheres que fizeram procedimentos estéticos com a falsa biomédica Raquel Policena Rosa, de 27 anos, e a sócia dela Thaís Maia.
De acordo com a delegada titular do 17º Distrito Policial, Myriam Vidal, na próxima segunda-feira, Raquel será ouvida no 14º DP, local onde está presa, por possuir celas adequadas para mulheres.
Até o momento formalmente a delegada já ouviu 12 pessoas e o número de vítimas confirmadas subiu para 30. Myriam Vidal não descarta que o número seja cada vez maior, já que Thaís estaria realizando este procedimento em Brasília, Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro há pelo menos 10 anos. Ela atendia até 20 pessoas por dia.
A polícia espera concluir o inquérito em até 10 dias. Até lá a titular do 17º DP pretende ouvir mais pessoas, entre elas, possíveis vítimas e até mesmo profissionais da área. Também são aguardadas informações do IML.
“Nós continuamos ouvindo vítimas que a cada dia aparecem na delegacia, estamos esperando laudo do IML de suma importância, já que todas as vítimas ouvidas formalmente foram encaminhadas ao IML para a realização do exame de Corpo de Delito para que nos aponte a gravidade das lesões sofridas por elas”, explica a delegada.
Prisão preventiva
Segundo Myriam Vidal, a prisão preventiva de Raquel se fez necessária, pois ela estava disposta a continuar realizando os procedimentos estéticos.
“Várias pessoas nos relataram que a Raquel teria prometido a realização de um retoque, ou seja, para todas as mulheres que não estariam satisfeitas com a aplicação no primeiro procedimento, ela teria afirmado que deixaria a poeira assentar, ou seja, a mídia deixar de dar atenção ao caso e passaria a atender novamente”, detalha a titular do 17º DP.
Em relação a Thaís Maia, foi solicitado que a polícia do Rio de Janeiro colha depoimento dela, já que a acusada mora na capital Fluminense.
Produto
Myriam Vidal explicou que o produto aplicado nas mulheres possivelmente não é o Aqualift, que é um gel autorizado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e seu uso para o aumento dos glúteos é feito sem a necessidade de corte, internação ou recuperação dolorosa.
De acordo com a delegada, a substância pode aplicada ser metacril ou silicone industrial, produtos inseguros para a saúde.
“Ele não é o Aqualift. Ele é vendido no Brasil numa apresentação de 1 a 100 ml. Ela suspostamente usava um produto de um litro, então está em desacordo, não se fabrica e não se importa o Aqualift nessa quantidade. Além do que ela já teria afirmado que teria comprado o produtor nas ruas de São Paulo”. O Aqualift não se vende em ruas, destaca a responsável pelas investigações.
Relembre o caso
A falsa biomédica Raquel Policena Rosa, de 27 anos, apontada como responsável pela morte da auxiliar de leilão Maria José Medrado de Souza Brandão, de 39 anos, foi presa nesta quinta-feira (13/11) em Catalão.
Segundo investigações, ela teria feito aplicações para aumento de nádegas em 30 mulheres, um procedimento que é de exclusividade de médicos.
Maria José morreu após complicações numa segunda aplicação de hidrogel para aumento das nádegas. O resultado do primeiro procedimento não a teria agradado, o que fez com que recorresse a outra clínica, encontrada por meio de anúncios na internet.
Segundo as investigações, ela entrou em contato com a profissional responsável, que se dizia biomédica. A mulher residia em Catalão e ia para Goiânia com frequência para realizar aplicações em salas de hotéis e clínicas alugadas.
Após o procedimento, Maria José passou mal e foi encaminhada para o Cais do Setor Vila Nova. No entanto, com a gravidade da situação, foi levada para a UTI do Hospital Jardim América. De acordo com a família, ela faleceu por volta das 5h da manhã de sábado (24) por embolia pulmonar.
Durante as investigações foi constatado que a falsa biomédica tinha ajuda do namorado dela, o professor de línguas Fábio Ribeiro. Também é acusada de participar do esquema ilegal a fisioterapeuta Joice Flausino. Ela teria sublocado de forma irregular o escritório que mantinha em uma clínica no Setor Marista para Raquel.
Em relação a Thaís Maia, ela trabalhou com Raquel Policena em hotéis de Goiânia, o que é irregular.