Pelo menos 143 pessoas morreram após um terremoto de magnitude 7,1 atingir a Cidade do México e mais cinco Estados na tarde desta terça-feira (19), doze dias após o país passar por um tremor que deixou 98 mortos.
A nova tragédia coincide com o dia em que se completam 32 anos do sismo de 1985, que deixou 10 mil mortos. A região mais atingida é a mais populosa do México, com 41,2 milhões de pessoas, ou 34% dos habitantes do país.
Segundo o Serviço Sismológico Nacional, o terremoto ocorreu às 13h14 locais (15h14 em Brasília) e seu epicentro foi no continente, a 12 km de Axochiapan, no Estado de Morelos, a 120 km da capital, a 57 km de profundidade.
As autoridades afirmam que o número pode subir, porque ainda há um número indeterminado de pessoas desaparecidas. O maior número de mortos, 64, foi registrado em Morelos, ao sul da capital. O governador local, Graco Ramírez, diz que 22 dos 33 municípios foram afetados e que milhares de construções foram abaixo.
O terremoto levou 32 pessoas à morte em Puebla, local do epicentro. Mais nove morreram no Estado do México, o mais populoso do país, com 16 milhões de pessoas, e 36 na Cidade do México, com 8,9 milhões de habitantes, além de uma em Oaxaca e outra em Iguala, no Estado de Guerrero.
O chefe de governo da capital, Miguel Ángel Mancera, decretou estado de emergência na cidade. Ele disse que 40 prédios foram destruídos. Bombeiros, membros da Defesa Civil e moradores voluntários buscavam possíveis pessoas presas nos escombros das construções.
As regiões mais afetadas foram o centro -concentra os prédios históricos- e a zona sul, que abarca tantos bairros afluentes quanto mais pobres. A Defesa Civil pediu que os moradores contribuam para os resgates com ferramentas, remédios, comida e água e que doem sangue.
Apesar da intensidade do tremor, o transporte público foi afetado levemente. Às 17h, apenas duas das 195 estações das 12 linhas estavam fechadas e as autoridades liberaram as catracas de acesso aos trens, aos ônibus e ao BRT.
O tremor também derrubou pontes, viadutos e passarelas e abriu uma fenda no acesso ao terminal 2 do Aeroporto Internacional Benito Juárez, que já havia sido danificado no terremoto de magnitude 8,1 no último dia 7.
O terminal aéreo foi fechado por quatro horas para avaliações. A administração informou que 180 voos foram afetados, sendo que 20 foram desviados para o aeroporto de Toluca, no Estado do México. Voos ao Brasil não foram afetados até o momento.
No momento do tremor, o presidente Enrique Peña Nieto viajava a Oaxaca, Estado mais afetado pelo abalo do dia 7. Em entrevista, ele disse que enviará à região central as equipes que atuavam há 12 dias no Estado e em Chiapas.
“Ativamos todas as áreas da administração e trazendo de volta funcionários que estavam em Oaxaca e Chiapas. Não estamos retirando a assistência a eles, mas agora a região central vive uma situação de emergência.”
Em nota, o governo brasileiro prestou condolências e informou que, até então, não havia registro de brasileiros entre os mortos.
Residentes no México que precisem de auxílio podem entrar em contato pelos telefones de emergência do consulado-geral do Brasil no México: 0 44 55 3455-3991 (da Cidade do México), 01 55 3455-3991 (do interior do México) ou (00xx) 52 1 55 3455-3991 (a partir do Brasil). O Núcleo de Assistência a Brasileiros do Itamaraty, em Brasília, poderá ser acionado pelo e-mail dac@itamaraty.gov.br e também pelos telefones +55 61 2030 8803/8804 (das 8h às 20h) e + 55 61-98197-2284 (Plantão Consular, das 20h às 8h).
A segunda maior cidade da América Latina, atrás de São Paulo, ficou paralisada nas horas seguintes ao tremor. Os escritórios e restaurantes fechados, mais de 3,8 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica e os telefones funcionam com dificuldade.
Francisco Tostado, 36, estava na casa de uma amiga bairro nobre de Condesa, um dos mais afetados, no momento do tremor. “A porta não abria e começamos a gritar, até que um vizinho conseguiu abrir”, disse.
Apesar da tragédia, algumas tradições da Cidade do México se mantiveram. Os moradores aliviam a fome nas barraquinhas de comida e comprvam água de ambulantes e de algumas mercearias que estavam abertas.
A quantidade de pessoas no meio da rua prejudicou ainda mais o já caótico trânsito da cidade. O ruído das ambulâncias, carros de bombeiros e dos cachorros latindo era muito intenso.
Havia também relatos de saques e roubos na capital e em outros Estados afetados. A polícia informou que os criminosos serão presos, apesar da destruição da tragédia.