Esta semana foi mais um marco para a ciência quanto à saúde: Cientistas anunciaram mais um caso de remissão do HIV por meio de transplante de células-tronco. Trata-se de um homem conhecido com “o paciente de Genebra”, que se deu porque, para tratar em 2018 uma forma de leucemia agressiva, ele realizou um transplante de células-tronco por meio de um doador que não portava uma rara mutação conhecida como receptor CC-quimiocina 5 (CCR5) delta 32.
Vale lembrar que, além do caso do paciente de Genebra, a ciência já documentou outras cinco pessoas que registaram remissão do vírus da Aids de forma oficial e confirmada por pacientes que tinham o gene CCR5. Todos os pacientes curados também tinham uma situação muito particular em comum: sofriam de câncer de sangue e se beneficiaram de um transplante de células-tronco que renovaram profundamente seu sistema imunológico.
Diferente do paciente em questão, como explicado, as outras pessoas que tiveram remissão do vírus HIV receberam células-tronco que portavam a mutação genética do CCR5. No organismo, esse código age para impedir a ligação do vírus HIV com receptores celulares. De acordo com a revista científica Nature, cerca de 1% das pessoas de descendência europeia têm duas cópias dessa mutação e são resistentes à infecção pelo HIV.
Para ter segurança sobre caso, o tratamento antirretroviral do homem foi reduzido aos poucos e suspenso em definitivo em novembro de 2021. Agora, em 2023, quase dois anos após ter interrompido o tratamento antirretroviral, o vírus continua sendo indetectável no corpo do paciente de Génebra, que é acompanhado pelos Hospitais Universitários de Genebra, em colaboração com o Instituto Pasteur, o Instituto Cochin e o consórcio internacional IciStem.
Dois casos anteriores, conhecidos como “pacientes de Boston”, também receberam células-tronco normais durante seus transplantes. Porém, em ambos os casos, o HIV retornou nestes pacientes alguns meses depois de pararem de tomar antirretrovirais.
Ou seja, o cientista que apresentou o caso do paciente de Genebra em Brisbane, afirmou que se não há sinais do vírus depois de 12 meses “a probabilidade de que seja indetectável no futuro aumenta significativamente”. Em explicação, o pesquisador diz que, “neste caso específico, talvez o transplante eliminou todas as células infectadas sem necessidade da famosa mutação […] Ou talvez seu tratamento imunossupressor, solicitado depois do transplante, teve um papel”.
Tais casos de remissão do HIV a longo prazo geram esperanças de uma cura do vírus um dia, mas, atualmente, o procedimento de transplante de medula óssea é considerado agressivo e arriscado para ser uma opção para as milhões de pessoas que vivem com a doença em todo o mundo.