Cidades

Novas cepas do coronavírus são mais transmissíveis, mas letalidade não muda, diz infectologista

As novas cepas do coronavírus Sars-CoV-2, causador da covid-19, estão assustando o mundo. O Reino Unido mergulhou em um longo lockdown para barrar a transmissão da B.1.1.7, variante verificada primeiro no país. Pesquisadores também identificaram mutações mais contagiosas na África do Sul e no estado do Amazonas.

Muitas nações limitaram a chegada de turistas britânicos, brasileiros e sul-africanos pela preocupação com essas variantes. Elas, segundo indicam as primeiras pesquisas, são mais contagiosas.

Ao Diário de Goiás, a infectologista Juliana Barreto Caetano, do Hospital Órion, explicou como as mutações funcionam. A especialista reforçou que as novas cepas são mais transmissíveis, mas isso não implica numa maior letalidade. Porém, com mais pessoas doentes, o número de óbitos também tende a crescer.

Confira a entrevista na íntegra

Preocupação sobre nova cepa do coronavírus em Goiás

As novas variantes já detectadas do coronavírus têm se mostrado com alta transmissibilidade, bem maior que já temos. Já é uma afirmação do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA). Não se confirmou ainda essa variante no nosso estado, mas possivelmente vamos confirmá-la. Por que nos preocupa? Ela tem um maior poder de transmissibilidade, mas não de letalidade. Mas, se mais pessoas se contaminarem, são mais internações, mais casos graves e mais possíveis óbitos. O que podemos fazer para reduzir a disseminação dessa cepa? Continuar usando as máscaras, manter o distanciamento de 1,5m e a higienização correta das mãos. Espero que esse hábito permaneça para sempre, pois a transmissão da doença é por gotículas de saliva, espirro, fala, pelo nariz que você assoou e a mão contaminada. Se tiver com a máscara e lavando a mão, ninguém se contamina. Essas são as principais medidas de contenção de doenças virais transmitidas dessa forma.

Quando se fala em maior transmissibilidade, o que significa isso?

Ele tem um maior poder de infectividade. Ela tem uma chance 70 vezes maior de ser transmitida. Se antes você tinha chance de ser contaminado, com essa aumenta e muito a chance de você pegar de uma pessoa contaminada. A chance de evoluir com gravidade é a mesma. Depende de comorbidades, do estado de cada pessoa. A chance de pegar a doença aumenta muito, pois ela tem um maior poder de infectar.

O aumento da taxa de internação em Goiás é reflexo disso?

Provavelmente. Mas para ter a confirmação disso estamos tentando isolar esse subtipo, essa nova cepa em laboratório. Não é possível ainda dar essa resposta. Essa reposta teremos em poucos dias. É proveniente, talvez, dessa nova cepa, mas não é só isso. A população também tem baixado a guarda e não tem respeitado o uso das máscaras e o distanciamento social. As aglomerações que estão sendo feitas colaboram para isso.

A vacina atual também protege contra essas novas cepas?

Provavelmente vai ser uma vacina sazonal, como a vacina contra a Influenza, que é anual. Cepas mudam todo ano, então todo ano precisa de uma nova vacina. Essa está se encaminhando para ser uma vacina assim. Já temos um vírus mutante.

Em relação à eficácia da vacina, fica muito esse burburinho de que só protege 50,38%. Temos dois desfecho, o primário e os secundários. O primário é a capacidade de ficar imunizado e não pegar a doença. A CoronaVac protege de você não pegar o coronavírus em 50,38%. Ou seja, você tem metade de chance de pegar a doença. Mas de desfecho secundário, que é de você, se tiver pegado, não internar e não evoluir para óbito, é acima de 90%. A eficácia é muito grande para desfecho secundário. Aí vai ser uma simples gripe. Não vai evoluir para óbito e não vai precisar internar.

A vacina chegou, mas para você estar imunizado, protegido, você tem que vacinar. As pessoas já deixaram de usar máscaras porque já existe a vacina. Esse pensamento não tem lógica. Quando for vacinar, também não é vacinar e tirar a máscara no mesmo dia. A população precisa ser vacinada em grande contingente. Quando tivermos 80% da população vacinada, aí sim poderemos avaliar novas medidas. Antes disso, não se pode tirar, pois precisamos proteger toda a sociedade.

A medida do governo estadual de restringir o funcionamento de bares é adequada?

Eu acho que sim. Nesses locais, infelizmente, as pessoas têm que tirar a máscara e todos ficam muito próximos. Mas não só isso. A população tem que ter consciência e não baixar a guarda. Nesse momento, a pessoa fica chateado. Entendo a questão econômica. Estamos numa fase crítica, mas temos a esperança da vacina. Os ajustes devem ser feitos gradualmente.

Redação / Diário de Goiás

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