O principal evento da agenda dos dois candidatos a prefeito de Goiânia, Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (UB), nesta quinta-feira (17), foi no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO), quando receberam um diagnóstico sobre a situação da prefeitura, apontando um cenário grave, e se comprometeram com soluções. O presidente do TCM, conselheiro Joaquim de Castro, afirmou em entrevista que a “situação financeira da prefeitura é delicada, mas não é o problema maior, e sim a gestão”.
O documento “Desafios de Goiânia” entregue no evento “Transição de Mandatos”, como antecipou o Diário de Goiás, é um resumo da parte fiscal e orçamentária, apontando os gargalos que o próximo prefeito terá pela frente. “É uma reflexão para os candidatos, dando informação à população sobre o que o Tribunal está produzindo”, destacou ele.
O presidente reforçou que os principais desafios indicados pelo TCM-GO estão na Saúde, na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e no Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores (Imas), “mas não são os únicos”.
Em seu discurso, Fred Rodrigues afirmou que sua disposição de indicar somente nomes técnicos para primeiro e segundo escalão é um aceno na linha da gestão que pretende se for eleito, “sem ingerência política” e que considera condizente com as soluções necessárias para próxima gestão. Segundo o candidato bolsonarista, o documento preparado pelo Tribunal vai no mesmo sentido dos princípios da campanha dele.
Depois, durante entrevista, ele comentou pontos específicos do relatório, tais como até mesmo a baixa vacinação que tem sido registrada em Goiânia, aspecto lembrado pelo jornalista Altair Tavares, editor-chefe do DG. Sobre isso, Fred disse que “recursos não faltam para melhorar o atendimento”.
Ele afirmou que atualmente estão sendo aplicados 21% do orçamento em Saúde, ou seja, acima dos 15% exigidos pela legislação. “E, mesmo assim, todas as áreas [da saúde] estão com deficiência nessa gestão”. O candidato ainda citou que vacinas ficavam paradas até 20 dias após chegar em Goiânia enviadas pelo governo federal.
Sobre o relatório, ele disse que, como resumo, ajuda, “mas não faremos nada com ingerência política”. Perguntado como prevê o cenário do futuro prefeito, ele disse acredita que a palavra caos vai marcar um bom tempo a próxima administração. Fred aproveitou o espaço para defender seu projeto para a prefeitura como sendo uma “chance para a cidade sair do atraso”.
Em seu discurso Mabel falou sobre a experiência dele como gestor empresarial e depois à frente do Sistema Federação da Indústria de Goiás, citando que direcionou recursos para educação básica e profissional através do sistema Fieg. “É assim que vamos fazer no município”, exemplificou.
Ciente do teor do relatório entregue pelo TCM-GO, ele falou sobre o cenário de gestão ruim nas 122 unidades de saúde de Goiânia, “onde cada um faz de um jeito”, e citou deficiências na área de informática, processamento de dados, afirmando que é necessário corrigir as falhas para dar condições a que todas as unidades de saúde, por exemplo, funcionem bem, e não somente algumas.
Ele também aproveitou para citar um bordão da campanha: “Goiânia não é cidade para amador”. Em relação à parceria com a Câmara, disse que está aberto a “indicações por competência”. Garantiu que vai seguir o documento como se fosse uma cartilha. Citou o exemplo da Comurg que foi acompanhado de perto pelo próprio Tribunal e disse que ela “não deve ser dependente da Prefeitura e [pode] ter 40% da receita vinda de fora”. Também disse que pretende recuperar a situação do Imas. “Vamos precisar do Tribunal para chancelar os acordos necessários para que a cidade volte a funcionar”, pontuou.
Já durante entrevista, Mabel frisou que ainda não analisou detalhadamente o relatório recebido nesta quinta, mas mantém sua estimativa de que o próximo prefeito herdará uma dívida de R$ 1,6 bilhão. Segundo o candidato, a previsão tem como base os relatórios financeiros e balancetes, que são públicos.
Sobre a situação da saúde ele afirmou: “Historicamente, a prefeitura tem gasto acima do teto com saúde, que seria 15%, e tem gasto 19% e esse ano 24% (mais do que o citado pelo oponente), mas não está entregando saúde. Então é um problema de gestão”, considera também ele. O candidato ainda observou que o diagnóstico “é um pequeno retrato, que não detalha fontes ou saldos de contas, por exemplo, mas essa estimativa existe”. Ele finalizou dizendo que espera que a Câmara Municipal ajude a construir um orçamento propositivo para a próxima gestão.