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Brasil
| Em 7 meses atrás

Nível de aminoácido detectado em exame de sangue aponta risco de apneia do sono

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Um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto do Sono e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), divulgado pela Agência Fapesp nesta terça-feira (30), revela um exame de sangue que pode prever o risco de desenvolvimento da apneia do sono. 

De acordo com a publicação, dosar os níveis sanguíneos de um aminoácido, chamado homocisteína, estão correlacionadas ao surgimento ou agravamento do distúrbio. “Ainda não sabemos se é a apneia que causa a elevação da homocisteína no sangue ou se é o nível aumentado desse aminoácido que agrava a apneia. Nossa hipótese é que seja uma correlação bidirecional”, explica a professora da Unifesp e coordenadora da pesquisa. 

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“Seria interessante que mais médicos, de todas as especialidades, pedissem esse exame no check-up de pacientes acima de 40 anos. É algo simples, que não onera o SUS, e os resultados poderiam, no mínimo, fornecer mais informações sobre essa correlação”, salienta a autora da pesquisa, cujos dados foram publicados em abril no European Archives of Oto-Rhino-Laryngology.

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Homocisteína

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Conforme a publicação da Fapesp, a homocisteína é, há um bom tempo, uma preocupação para os cardiologistas, visto que há fortes evidências de que níveis da substância acima de 15 micromol por litro de sangue podem causar alterações na parede dos vasos sanguíneos e favorecer o surgimento de doença coronariana, trombose, enfarte e até acidente vascular encefálico (AVE), conhecido também como acidente vascular cerebral (AVC).

“A deficiência de vitaminas do complexo B, particularmente B6, B9 e B12, predispõe a um quadro de hiper-homocisteinemia. Comer alimentos que contêm esses nutrientes ou mesmo a suplementação pode ser uma estratégia para modular os níveis desse aminoácido no sangue”, informa Vanessa Cavalcante-Silva, pós-doutoranda na Unifesp e primeira autora do artigo.

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O estudo

O estudo analisou, inicialmente, 854 voluntários, que forneceram amostras de sangue para a análise. Desses, 54,4% não tinham apneia, 24,4% apresentaram um quadro leve, 12,4% moderado e 8,8% grave.  

Em uma segunda etapa, foram analisadas amostras de 561 pessoas. De acordo com a pesquisa, o índice dos que não apresentavam apneia havia caído para 29,8%. Já o número de participantes com quadro leve subiu para 31,2%, o de moderado para 19,4% e outros 19,6% foram diagnosticados com apneia grave.

De acordo com a autora do artigo, o aumento nas concentrações de homocisteína representa um acréscimo de 0,98% no risco de diagnóstico. “É um risco baixo, mas existe. O fato é que apresentamos um fator novo, simples de medir e com aplicabilidade clínica e prática”, salientou a professora da Unifesp e coordenadora da pesquisa, Monica Levy Andersen.

Apneia obstrutiva do sono

De acordo com a biblioteca virtual do Ministério da Saúde (MS), a Apnéia Obstrutiva do Sono caracteriza-se pela obstrução da via aérea no nível da garganta durante o sono, levando a uma parada da respiração, que dura em média 20 segundos. Após esta parada, a pessoa acorda, emitindo um ronco muito barulhento. Conforme a publicação, o distúrbio pode ocorrer várias vezes durante a noite. 

Em longo prazo, pacientes com apneia do sono podem desenvolver doenças nas artérias, provocadas pelo acúmulo de colesterol nas suas paredes, além de provocar a ocorrência de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame, além da síndrome metabólica, que é a ocorrência de distúrbios da gordura e do açúcar do sangue, hipertensão arterial e aumento da circunferência abdominal.

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