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Nas redes, Flávio encara cobranças e se defende de ‘mentira deslavada’

1º de janeiro de 2019: a legenda da foto exalta os vestidos que deixaram sua mulher e as duas filhas “ainda mais maravilhosas” e anuncia, em tom otimista, que “vão começar os trabalhos pelo Brasil!”. Foi a forma como Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) registrou em seu perfil no Instagram a posse do pai na Presidência da República.
Corta a cena para domingo (20): em um mesmo dia, o deputado estadual faz duas postagens em que o sorriso do início do mês dá lugar a uma expressão séria. Sob as imagens, que fazem referências a entrevistas de TV em que ele se explica sobre o escândalo no qual se meteu, inclui frases como “a verdade sempre prevalecerá!”.
Tragado pela repercussão de suas movimentações financeiras (e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz), Flávio transformou seus perfis nas redes sociais em vitrine para sua defesa.
Ao mesmo tempo, as páginas viraram palco de discussões sem fim nas caixas de comentários –entre detratores, eleitores que cobram explicações e apoiadores fiéis que se colocam ao lado do filho de Jair Bolsonaro.
Com 1,9 milhão de seguidores no Instagram, 1,4 milhão no Facebook e 940 mil no Twitter, o deputado usa as plataformas à moda do clã. Fez ali sua campanha a senador (foi eleito com a maior votação no Rio) e costuma publicar mensagens de exaltação ao pai, ataques à imprensa e momentos em família.
Desde 6 de dezembro, quando o rumoroso caso eclodiu, com a publicação de relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre transações de Queiroz, as páginas do político passaram a alternar posts sobre a diplomação dele como senador e a extradição do italiano Cesare Battisti com outros em que diz que não fez “nada de errado” e que “tudo será esclarecido em breve”.
O ritmo de publicações nas quais se justifica em relação ao episódio se intensificou nos últimos dias, com a reprodução de uma nota de sua assessoria e anúncios de aparições suas na Record e na RedeTV! para falar do assunto.
“A história que inventaram sobre os depósitos em minha conta, querendo insinuar que possuem alguma relação com meu ex-assessor, é uma mentira deslavada que terei o prazer de derrubar com provas reais e documentais”, escreveu Flávio sob uma das imagens no Instagram.
Enquanto isso, o espaço dos comentários virou um conteúdo à parte, com “os minions batendo cabeça”, na definição de um usuário do Facebook que deixou a provocação no perfil do senador eleito.
Algumas frases dão uma mostra da cacofonia que se instalou por ali: “Vai se explicar no Ministério Público”; “Votamos para mudar o Brasil, explique os depósitos, o crescimento do seu patrimônio, a origem do seu dinheiro”; “Fiz campanha para @jairmessiasbolsonaro e não me arrependo, mas o @flaviobolsonaro está devendo explicações de verdade”; “Senador, estamos com você, manda ver nessa imprensa maldita”; “Isso tudo ainda vai se transformar em mais força para você e nosso presidente!”.
Diante dos apelos de eleitores arrependidos, das alfinetadas de opositores e das declarações de força, Flávio mantém a política de não responder diretamente.
No Twitter, às vezes ele dá uma curtida em alguma das interações. Uma das mais recentes que levaram like foi esta, enviada ao deputado por um perfil identificado como Vanessa Silva: “Branquelo, você sabe que pode contar comigo…”.
As postagens ligadas ao episódio do momento estão entre as que têm mais comentários nos perfis do senador eleito. Contribuem para isso os milhares de usuários que inserem no espaço apenas emojis de laranja, numa alusão ao papel que Queiroz supostamente exerceria –e que tanto ele quanto seu ex-chefe negam categoricamente.
Nesta terça-feira (22), Flávio postou, na sua conta do Facebook, uma foto de trecho da escritura do imóvel no bairro de Laranjeiras, no Rio, que foi dado em permuta em troca de outros imóveis. 
“Está expresso na escritura, mas a má-fé e a ânsia de tentar me atingir não têm limites!”, reclamou.
“Recebi o sinal via transferências bancárias, cheques e parte em espécie, com ‘princípio de pagamento em 24/03/2017’. Ou seja, na medida em que os pagamentos eram feitos em espécie, o MEU dinheiro era depositado na MINHA conta, como confirmado pelo próprio comprador”, escreveu.
Ele disse ainda que fez 48 depósitos totalizando R$ 96 mil, em vez de uma só operação na agência bancária, para não pegar fila.
“A explicação para a forma de depositar, de 2 em 2 mil reais, está no próprio sigilo bancário quebrado, sem autorização judicial, e vazado criminosamente para a imprensa”, continuou.
Ele ainda citou, na mesma rede social, a frase em que o jornalista Boris Casoy rebate as críticas de que sua entrevista na RedeTV! com o filho de Bolsonaro deixou de abordar pontos importantes, como por que o depósito não foi feito de uma vez só na agência bancária.
“Bom jornalismo é o que faz as perguntas isentas e imparciais, e não o jornalismo inquisitivo que almeja obter respostas que gostaria de ouvir do entrevistado (Boris Casoy)”, postou o primogênito do presidente. (JOELMIR TAVARES, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) 

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.

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