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Categorias: Economia
| Em 7 anos atrás

Não vamos reduzir atividades por incerteza política, diz presidente do Santander

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O Santander Brasil não vai colocar o pé no freio por causa das incertezas políticas que rondam o Brasil neste ano, afirmou, nesta quarta-feira (25), o presidente do banco, Sergio Rial.

“Não vamos reduzir, provamos isso para vocês nos últimos dois anos e meio na crise. O Santander acelera desde 2015. Nós não freamos”, disse Rial durante coletiva em que comentou os resultados da instituição financeira no primeiro trimestre do ano.

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O Santander já se envolveu em uma polêmica política no Brasil antes. Dois meses antes das eleições de 2014, uma analista do banco, da área de alta renda, enviou aos clientes um relatório no qual dizia que a reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT) era prejudicial à economia. A profissional, que acabou demitida, afirmou que a melhora da hoje ex-presidente nas pesquisas acarretaria juros e dólar mais altos e Bolsa em queda.

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O Santander Brasil decidiu rever no final de julho a taxa de juros cobrada no crédito imobiliário, a menor do mercado, segundo Rial. O Santander anunciou nesta quarta nova redução na taxa, que está agora em 8,99% ao ano.”

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“Em agosto revisamos a taxa, que pode ser mais baixa, pode ser igual ou pode aumentar. Mas parar, categoricamente, não. Continuamos abertos a negócios”, ressalta. “É o momento de chegar, refletir e olhar para frente. É prudente.”

O Santander também decidiu marcar para 31 de outubro, três dias após o segundo turno das eleições presidenciais, o seu primeiro “Investor Day”, um grande encontro com investidores em que a instituição vai divulgar suas metas para os próximos três anos.”

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A doutrina econômica do Brasil nos últimos dois anos está muito clara, é muito previsível. Reduziu-se os juros, a inflação. Nós não sabemos o que é a nova doutrina de um governo que será eleito praticamente a partir deste ano. Mas caso se mantenham os vieses que vemos hoje, é muito provável que a inflação permaneça onde está, em níveis relativamente baixos, e o Brasil possa inclusive conviver com taxas iguais ou até menores”, afirmou.

Rial ressaltou, porém, que o revés também é verdadeiro. “Até o segundo turno, a gente vai ter uma melhor previsibilidade do candidato a ganhar. Se forem muito polares, ou seja, completamente opostos, vamos ter que avaliar riscos de probabilidade de ganho de cada um. Eles vão anunciar provavelmente quem vai ser o ministro da Fazenda, então a gente vai entender um pouco o que vai ser a doutrina”, ressaltou.

No ano, o spread do Santander -diferença entre a taxa que o banco capta e empresta dinheiro- subiu de 8,9% para 10%. A alta ocorreu mesmo com a redução da taxa básica de juros no último ano -a Selic recuou de 13% no início de 2017 para o atual 6,5% ao ano. A inadimplência do banco, outro componente do spread, se manteve em 2,9% no primeiro trimestre, na comparação com os três primeiros meses de 2017.

“Selic sozinha não explica spread. Se nós soubéssemos qual o direcionamento da política econômica nos próximos quatro anos, se nós tivéssemos aqui e disséssemos que o Brasil continua a fazer suas reformas estruturais, principalmente a reforma da Previdência, e chegaremos ao equilíbrio fiscal em 2020, a taxa de juros de longo prazo cai”, afirmou. “Aí os agentes econômicos se sentem mais confortáveis de fazer uma aposta agressiva agora, em vez de esperar.”

Ele destacou ainda que, apesar da queda da inadimplência, esse fator ainda representa de 40% a 50% do spread bancário. “Outro grande percentual são os impostos, e é bom a gente lembrar que o imposto sobre o lucro dos bancos hoje é 45%”, afirmou.

Essa queda do spread, segundo ele, não pode ocorrer por “ação de caneta” ou “ação populista”. “Isso é estrutural, ocorre na medida em que o país continua com sua doutrina econômica reformista, com convicção inabalável de equilíbrio fiscal que permita à inflação permanecer baixa e juros permanecerem baixos.”

Ele afirmou ainda que os spreads para grandes empresas caíram tremendamente no Brasil. Segundo Rial, isso aconteceu porque elas estão em situação melhor do que há três anos, então o perfil de risco melhorou. “Hoje, comandam um preço inferior ao que pagavam três anos atrás, parte porque o país está melhor, mas parte porque fizeram mudanças em sua estrutura de capital”, afirmou.

Já no segmento de grandes empresas, o spread é muito apertado. Com a queda de juros, essas companhias acabam procurando mais o mercado de capitais.

O banco prevê manter o crescimento do crédito em dois dígitos para pessoas físicas, e para pessoas jurídicas em cerca de 6%, crescendo para mais perto de 10%, dependendo da retomada da economia. (Folhapress)

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