Produtores pecuaristas de todo o Estado em conjunto com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniram em forma de protesto em frente a sede da Enel, no Jardim Goiás, na tarde desta sexta-feira (22/02) para reivindicar melhor qualidade no fornecimento de energia elétrica no Estado. “Não iremos descansar enquanto isto não se resolver”, disse Zé Mário Schreiner, presidente da Faeg.
O tom do protesto foi pacífico mas o recado foi dado: os agricultores não aguentam mais a qualidade do serviço que a Enel presta atualmente a ponto de gritarem no microfone: “Fora Enel!”. Zé Mário garante que essa não será a primeira ação e mais protestos serão organizados nos próximos dias e tendem a se intensificar. “Essas manifestações vão se intensificar. Também estamos desenvolvendo um trabalho em Brasília, na bancada federal, junto a ANEL que é a agência reguladora, junto com o Ministério das Minas e Energia, estivemos com o ministro nesta semana e é claro que não vamos parar.”
Segundo o presidente da Faeg, o que se espera é que a Enel cumpra com o que tem sido conversado e restabeleça os serviços. “Os produtores e a sociedade da forma em geral chegaram num ponto em que não aguentam mais a qualidade da energia distribuída em Goiás, aliado a isso, uma das maiores tarifas do Brasil”, salientou.
Um plano emergencial será apresentado pela Enel ao Ministério de Minas e Energia na semana que vem. “Assim que o ministro [almirante Bento Albuquerque] receber esse plano, ele irá conversar com a gente. Esperamos uma solução a médio prazo”, mencionou. Uma coisa é certa: Schreiner espera uma que alguma definição seja tomada para que as luzes possam voltar a se acender, caso o contrário outras soluções podem ser vistas. “Ou a Enel busca resolver essa equação ou nós vamos ter que ir cada vez mais longe. Já está se propondo uma CPI na Assembleia Legislativa de Goiás. Já esta tomando outras atitudes para que o serviço ser restabelecido.”
Ele também revelou que em conversas informais, os representantes da Enel afirmam ter recursos para investir e solucionarem os problemas. “Então o que está faltando? Eles devem essa resposta a sociedade goiana. Goiás não merece esse tipo de tratamento”, desabafou.
Quem também esteve presente no protesto foi o presidente da Fecomercio de Goiás, o empresário Marcelo Baiocchi. Ele entende que a manifestação não é exclusiva da sociedade rural e demonstrou todo o apoio a causa. “Nós também estamos sofrendo no comércio. Estamos tendo problemas com a energia. Perdendo vários produtos na geladeira e também queremos uma solução.”
Em nota, a Enel Distribuição Goiás informou “que tem se reunido com representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e produtores rurais, principalmente, da região sudoeste do Estado, para discutir sobre os trabalhos que estão sendo realizados e necessidades dos clientes. A companhia reforça que respeita a manifestação e continua aberta ao diálogo. A Enel tem compromisso com consumidores de Goiás e tem trabalhado para a melhora constante da qualidade do fornecimento de energia no Estado.” Também aproveitou para esclarecer que “os índices de qualidade da distribuidora, fiscalizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já apresentam melhorias, tendo a duração média das interrupções do fornecimento de energia (DEC) reduzido em cerca de 6 horas em dezembro de 2018, em relação a dezembro de 2017 – a melhor duração desde dezembro de 2011. Com relação à frequência média de interrupções (FEC), o número alcançado em 2018 é o melhor da história da companhia. A companhia acrescenta que dos 148 conjuntos elétricos, em que o Estado é dividido, 101 já apresentaram melhoras no DEC, e representam 73% do total do número de clientes. A empresa informa, ainda, que quando assumiu o controle da distribuidora de energia de Goiás, em fevereiro de 2017, a rede da companhia no Estado estava deteriorada. Já foram investidos mais de R$ 1,5 bilhão, volume de recursos que representa bem mais que o dobro dos R$ 300 milhões anuais que a antiga CELG D investiu em 2015 e 2016, antes da privatização. Como as obras em curso são grandes e complexas, contribuirão ainda mais com a melhora da qualidade no médio prazo.”