Na véspera da análise de denúncia contra ele, o presidente Michel Temer intensificou nesta terça-feira (1º) o corpo a corpo para tentar virar votos e conseguir quorum para a sessão parlamentar da quarta-feira (2).
Em uma agenda cheia, o peemedebista marcou audiências com 11 deputados governistas, dos quais oito estão indecisos ou não manifestaram posicionamento.
Na ofensiva, há inclusive o parlamentar Jaime Martins (PSD-MG), que já se manifestou à Folha de S.Paulo a favor do prosseguimento da denúncia por corrupção passiva.
O presidente também é aguardado no almoço semanal da FPA (Frende Parlamentar da Agropecuária), grupo pluripartidário que reúne cerca de 210 deputados da bancada ruralista.
Para tentar liquidar o processo na quarta, o presidente tem estimulado a comparecer em plenário integrantes da base aliada que votarão a favor da denúncia ou que declarem abstenção.
Os aliados do governo vão se reunir às 14h para fazer contas. De acordo com o vice-líder Beto Mansur (PRB-SP), o presidente tem hoje 280 votos a favor dele.
O número, no entanto, é insuficiente para que a votação comece. Para isso são necessários 342 deputados presentes.
A intenção do presidente é colocar entre 290 e 300 deputados no plenário e constranger a oposição a também marcar presença, chegando ao número mínimo para que a denúncia seja votada.
Para isso, a tropa de choque passará o dia ao telefone para ligar para cem deputados indecisos ou declaradamente contrários ao presidente.
Um dos aliados do peemedebista disse que o governo está aceitando até que os aliados que preferirem marquem presença para abrir a sessão e vão embora, caso não queiram votar a favor de Temer.
Um ponto que já é defendido por alguns aliados é não apresentar o requerimento de encerramento de discussão com 257 deputados presentes, como prevê o rito estabelecido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A ideia dos governistas é apresentar o requerimento apenas quado houver entre 320 e 330. Entendem que, se pedirem antes disso, haverá um hiato muito grande até chegarem aos 342 para iniciar a votação.
O presidente pediu ainda a 12 ministros com mandato parlamentar que se licenciem do cargo para defendê-lo em plenário. Mesmo que não seja aberta a votação, eles devem antecipar como votarão ainda na fase de discussão.
Ao colocar os ministros na linha de frente, o objetivo é tentar reduzir o temor de parlamentares governistas de impacto em suas bases eleitorais a cerca de um ano do início da campanha eleitoral.
O Palácio do Planalto também está preparando um material para ser distribuído para a base aliada sobre a linha principal da defesa.
Caso não haja quorum na quarta-feira, o presidente tem articulado a convocação de nova sessão parlamentar no dia 8 ou 9 de agosto. Para isso, a Casa Civil pediu aos ministros que permaneçam em Brasília até o dia 10 de agosto.
Líderes de partidos de oposição também reúnem-se no início desta tarde. A intenção é tentar afinar a atuação do grupo de cerca de cem deputados nesta quarta-feira. Por enquanto, cada partido defende uma maneira de agir.
Enquanto o PSB quer marcar presença apenas no momento de votar o requerimento de encerramento de discussão, o PSOL é a favor de não registrar presença indefinidamente.
Deputados oposicionistas reclamam especialmente do comportamento do PT, que gostaria de derrubar Temer, mas também tenta prolongar o processo para aumentar o desgaste do presidente até as eleições de 2018.
O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), nega que haja movimento do partido para deixar o governo “sangrar”, mas também não garante que a sigla contribuirá para o quorum da sessão.
A sigla reúne sua bancada também nesta tarde.
Para garantir que o quorum seja atingido, aliados de Temer querem que o deputado da oposição que falar ao microfone mesmo sem marcar presença seja contabilizado. (Folhapress)