Na última semana, o Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo acionou a empresa Google, que é responsável pelo YouTube, para investigar a divulgação de vídeos sobre o jogo ‘Baleia Azul’. Segundo o MPF, os vídeos estimulam a automutilação e o suicídio.
De acordo com informações do Estadão, o objetivo da ação é fazer com que o canal tenha maior controle sobre os conteúdos, além de estudar eventual responsabilização da empresa caso os vídeos não sejam removidos.
A investigação começou após o Instituto Dimicuida, de Fortaleza, ter apontado a existência de pelo menos 19 mil vídeos com tal conteúdo na internet. A Procuradoria Regional do Direito do Cidadão já conseguiu a remoção de onze vídeos com esse tipo de conteúdo. No entanto, o MPF ainda não abriu investigação contra o jogo Baleia Azul.
Baleia Azul
No começo, as tarefas dadas aos adolescentes são mais simples: desenhar uma baleia em uma folha, passar a noite em claro ouvindo música triste ou vendo filme de terror. Depois, elas vão ficando mais perigosas: os participantes são ordenados a tatuar uma baleia no braço, feita com uma faca ou uma lâmina de barbear.
Entre as tarefas, eles também são comandados a insultar os pais, se mutilar nos lábios e, enfim, no 50º desafio, atentar contra a própria vida.
Os participantes dessa prática cumprem uma tarefa por dia. A lista do que fazer é entregue aos poucos por uma espécie de tutor, quase sempre o administrador de uma página secreta no Facebook. A todo momento, eles são avisados de que este é um jogo sem volta.
Na Rússia, ao menos uma pessoa foi detida por envolvimento nesse esquema suicida. Em alguns casos, quando os adolescentes chegaram à reta final dos desafios, eles trocaram a foto de capa do perfil na rede social por uma imagem de uma baleia azul.
O jogo mortal ‘Baleia Azul’ pode ter levado a morte de mais de 100 pessoas em todo mundo, sendo que a maioria dos casos ocorreram na Rússia, onde o desafio foi criado, e outros três foram registrados no Brasil.
Entre os brasileiros que se suicidaram está o jovem mineiro Gabriel Antônio dos Santos Cabral, de 19 anos, encontrado já sem vida nessa quarta (12) na casa onde morava com a namorada em Pará de Minas, na região Central do Estado.
Sinais de Alerta
falar sobre querer morrer procurar formas de se matar falar sobre estar sem esperança ou sobre não ter propósito falar sobre estar se sentindo preso ou sob dor insuportável falar sobre ser um peso para os outros aumento no uso de do álcool e drogas agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável dormir muito ou pouco se sentir isolado demonstrar raiva ou falar sobre vingança ter alterações de humor extremas quanto mais sinais, maior pode ser o risco da pessoa
O que fazer
Não deixar a pessoa sozinha tirar de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes ligar para canais de ajuda levar a pessoa para uma assistência especializada
Alguns pontos de alerta para depressão em adolescentes:
Cerca de 90% das pessoas que morrem de suicídio possuíam transtornos mentais.
Elas poderiam ser tratadas e acompanhadas
Mitos em relação ao suicídio
Questionar sobre ideias de suicídio, fazendo-o de modo sensato e franco, fortalece o vínculo com uma pessoa, que se sente acolhida e respeitada por alguém que se interessa pela extensão de seu sofrimento.
Muitas pessoas que se matam dão previamente sinais verbais ou não verbais de sua intenção para amigos, familiares ou médicos. Ainda que em alguns casos possa haver um componente manipulativo, não se pode deixar de considerar a existência do risco de suicídio.
Essa ideia pode conduzir ao imobilismo. Ao contrário dessa ideia, as pessoas que pensam em suicídio frequentemente estão ambivalentes entre viver ou morrer. Quando falamos em prevenção, não se trata de evitar todos os suicídios, mas sim os que podem ser evitados.
O comportamento suicida exerce um impacto emocional sobre nós, desencadeia sentimentos de franca hostilidade e rejeição. Isso nos impede de tomar a tentativa de suicídio como um marco a partir do qual podem se mobilizar forças para uma mudança de vida.
A elevação do risco de suicídio costuma ser passageira e relacionada a algumas condições de vida. Embora a ideação suicida possa retornar em outros momentos, ela não é permanente. Pessoas que já tentaram o suicídio podem viver, e bem, uma longa vida.
Telefones e sites de ajuda:
Centro de Valorização da Vida (CVV): 141
Também é possível entrar em contato e receber apoio emocional do CVV via internet, a partir de email, chat e Skype 24 horas por dia
Fontes: American Foundation for Suicide Prevention; Centro de Valorização da Vida; “Comportamento suicida: vamos conversar sobre isso?”, de Neury José Botega, membro-fundador da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio; “Preventing Suicide: A Global Imperative”, da Organização Mundial da Saúde (Folhapress)
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