Tanto para motoristas quanto para passageiros, o uso de aplicativos de corrida têm se tornado mais difícil nas últimas semanas. Para os motoristas, problemas como combustível e taxas altas cobradas pelas empresas. Para os passageiros: demora e preço alto. Para entender melhor o cenário, o Diário de Goiás conversou com a Associação de Motoristas de Aplicativo de Goiás (Amago) e com um passageiro, que passou a utilizar outras formas de se locomover para além dos aplicativos.
O presidente da Amago, Rodrigo Vaz, detalha que muitas das principais dificuldades enfrentadas já são velhas conhecidas dos motoristas de aplicativo. “Os problemas são antigos e cada vez mais frequentes. E são vários fatores de dificuldade: taxas cobradas pelas empresas, valor do combustível, falta de segurança e desrespeito por parte dos passageiros”, adianta.
Segundo ele, até 2020, o número de motoristas de aplicativo em Goiás era de, aproximadamente, 40 mil, entre carro e moto. “Depois da pandemia caiu um pouco o número de motoristas, e agora o número começou a aumentar novamente. Estimamos no Estado hoje um número entre 15 a 20 mil motoristas trabalhando”, aponta.
Vaz destaca que no mês de julho, período de férias escolares, é normal a diminuição das viagens. “É comum que tenha menos passageiros, e alguns até reclamam do reajuste no valor, mas passado esse mês, o movimento volta a melhorar”, diz.
Vaz afirma que a categoria segue lutando por melhorias. “O combustível baixou, mas ainda assim está longe do que vivíamos tempo atrás. Além disso, as taxas cobradas só aumentam. Me parece que essa semana, com a diminuição do combustível, as empresas estão cobrando a mais uma tarifa que já era grande”, destaca.
Outro ponto que tem dificultado o trabalho dos motoristas, de acordo com o presidente da Amago é a falta de legislação para o segmento. “As empresas não estão nem aí para nós, e não temos leis para nos auxiliar, nem federal, nem estadual e nem municipais. Há lugares como a rodoviária e o aeroporto, por exemplo, que não podemos ficar parados, por exemplo. Além disso, também não temos um lugar para parar, descansar e até mesmo para fazer xixi. Somos milhares [de motoristas] mas não temos força, sem falar que passamos por várias humilhações com passageiros”, afirma.
Sobre os cancelamentos terem se tornado mais frequentes, o presidente explica. “Há vezes em que o aplicativo nos manda buscar um passageiro a 10km de onde estamos. E aí é só fazer matemática básica. Não compensa para nós se tivermos que buscar um passageiro distante mais do que 2km”, conta.
Já no lado dos passageiros, o educador físico Lucas Afonso de Souza é uma das pessoas que diminuiu consideravelmente o uso dos aplicativos de corrida. “Passei a utilizar a bicicleta como principal meio de transporte para me locomover para o trabalho e para a academia, e o preço do serviço é um fator que contribuiu muito na redução desse uso”, conta.
Souza detalha ainda que, desde que passou a utilizar mais a bicicleta, os gastos dele diminuíram bastante. “Além disso, ao me deslocar de bike também aproveito para me exercitar. Para mim também é uma forma de lazer”, pontua, destacando que, para ir ao trabalho e voltar, percorre ao todo 15km por dia, percurso que, com a bicicleta, leva, por trecho, cerca de 30 minutos.
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O Diário de Goiás entrou em contato com a Uber e a 99 Pop, dois dos principais aplicativos de corrida para levantar dados sobre o número de motoristas ativos. A Uber informou, via assessoria de imprensa, que não divulga recorte regionais de seus dados e que no Brasil, seriam 1 milhão de motoristas e entregadores parceiros. Segundo a empresa, na última divulgação global de resultados que considera o primeiro trimestre deste ano, houve um aumento de 18% na quantidade de viagens e de 17% na quantidade de usuários ativos.
Já a 99 Pop, não respondeu às solicitações até o fechamento desta matéria.