O juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba, disse que a prisão preventiva de suspeitos de corrupção segue a mesma lógica da detenção de um “serial killer” antes do julgamento.
A declaração foi dada em entrevista à GloboNews exibida nesta terça (17).
Ele afirmou que boa parte das medidas cautelares tem como objetivo proteger a sociedade e as vítimas de crimes.
“O que foi observado é que essas pessoas praticavam esses crimes de maneira sistemática, reiterada. Daí a necessidade de usar um instrumento drástico para impedir a prática desses crimes”, afirmou o magistrado.
Ele citou o caso do ex-ministro José Dirceu, sem nomeá-lo, que é acusado de receber propina enquanto era julgado no caso do mensalão no Supremo Tribunal Federal.
Moro classificou como “proposta absurda” a tentativa de impedir delação premiada de pessoas presas. Ele disse, porém, que a Lava Jato entra numa fase em que se exige “acordos com condições mais rigorosas”.
Ele citou como exemplo o caso do operador financeiro Lúcio Funaro, que ficará dois anos preso. A Procuradoria-Geral da República foi criticada pelos termos do acordo com Joesley Batista, da JBS.
“É importante evitar benefícios excessivos a esses indivíduos”, afirmou.
Ele voltou a negar ter pretensões políticas. Segundo ele, “as pesquisas perdem tempo” quando colocam seu nome entre possíveis candidatos à Presidência.
Moro também comentou críticas a dois episódios protagonizados por ele. O magistrado defendeu sua presença na estreia do filme “Polícia Federal: a lei é para todos”, inspirado na Lava Jato.
“Não fiz o filme. Não tenho controle sobre ele. Fui convidado para a estreia e fui. Não tem qualquer relação. Confesso que nem comi pipoca, como sugere uma foto”, disse.
O juiz paranaense ainda afirmou que a foto sorrindo ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) num evento “não significa nada”. (Folhapress)