O juiz Sergio Moro recebeu, nesta quinta (24), a denúncia contra o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e embaraço à investigação.
Agora, Bendine vira réu e deve responder ao processo. Ele está preso preventivamente em Curitiba.
O executivo é acusado de solicitar R$ 3 milhões em propina para executivos da Odebrecht, a fim de proteger a empreiteira em contratos da Petrobras.
O pedido de propina, que teria ocorrido pouco depois da posse de Bendine, em fevereiro de 2015, foi relatado na delação do ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht e do diretor da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis.
Segundo eles, o executivo se colocou como interlocutor da Presidência na estatal e disse que iria resolver os problemas financeiros de empresas envolvidas na Lava Jato.
Moro entendeu que há “indícios suficientes de autoria e materialidade” e, por isso, aceitou a denúncia.
Segundo a acusação, os pagamentos da propina foram feitos em três parcelas de R$ 1 milhão, em espécie, em junho e julho de 2015 -por meio do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
A pena do executivo, caso seja condenado, pode chegar a 25 anos de prisão.
Também viraram réus os irmãos André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Jr., acusados de serem operadores de Bendine, os executivos Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, e o doleiro Álvaro Galliez Novis, que teria atuado no pagamento dos R$ 3 milhões.
O advogado de Aldemir Bendine, Pierpaolo Bottini, afirmou que a atuação do ex-presidente na Petrobras “pautou-se pela legalidade”, e que não houve benefício à Odebrecht nem a qualquer outra empresa no período em que ele esteve à frente da estatal.
A defesa tem sustentado que, desde o início das investigações, Bendine forneceu dados fiscais e bancários e “se colocou à disposição, (…) demonstrando a licitude de suas atividades”. Segundo o defensor, quando esteve à frente da
Petrobras, o executivo “intensificou política de ampla e irrestrita colaboração e interação com as autoridades”.
Já o advogado Ademar Rigueira Neto, que defende os irmãos André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Jr., sustenta que seus clientes realizaram serviços para a Odebrecht, e por isso receberam o valor de R$ 3 milhões em consultoria, para ajudar na liberação de um recurso junto ao Banco do Brasil.
“O dinheiro foi pago em espécie e pelo setor de operações estruturadas a pedido da empresa”, disse Rigueira. O defensor afirmou que a denúncia não traz nenhum fato novo e que irá apresentar a defesa no processo.
A defesa de Álvaro Novis informou que ele não era doleiro e que atuou apenas na entrega de valores, a pedido da Odebrecht. “Álvaro não sabe de onde o dinheiro vinha e nem para quem era entregue”, informou em nota o escritório Mestieri Advogados, que defende Novis. (Folhapress)