Em uma semana marcada por ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral brasileiro e ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes, afirmou nesta sexta-feira, 29, que a Justiça garantirá que todos os eleitos neste ano sejam diplomados em dezembro, “não importa quem”. Moraes, que vai presidir a partir de agosto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), defendeu a lisura do processo eleitoral e atacou duramente o uso de mentiras para tentar desacreditar as urnas eletrônicas.
“Eu tenho absoluta certeza que ameaças vãs, coações tentadas, nada disso amedrontará nenhum juiz eleitoral do País. Nós teremos uma eleição transparente e segura. A população pode ter certeza: em dezembro serão diplomados aqueles que o povo escolheu. Não importa quem. O povo é soberano. A Constituição garante, no artigo primeiro, a soberania popular. O povo escolherá”, afirmou Moraes, que participou, por videoconferência, de um seminário promovido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ).
O ministro ressaltou que o principal desafio do Judiciário no processo eleitoral será o combate à desinformação e às milícias digitais.
“Temos o desafio do combate à desinformação, às milícias digitais, ao discurso de ódio, contra a democracia e as instituições e, lamentavelmente, o discurso ignóbil contra a Justiça Eleitoral. Os juízes eleitorais devem, assim como eu e os membros do TSE, se sentir absolutamente indignados com esse discurso fraudulento, mentiroso e criminoso de tentar desqualificar uma das grandes conquistas do Brasil, que é a lisura das eleições com as urnas eletrônicas. Não vamos aceitar desinformação, atuação de milícias digitais e fake news nesta eleição”, disse.
Mais cedo, durante evento em São Paulo sobre o combate à desinformação e a defesa da democracia, Moraes criticou o que chamou de “lavagem cerebral” feita nas redes sociais e disse que não vai arquivar o inquérito das fake news. “Nós estamos chegando nos financiadores. As pessoas não entendem que a investigação tem o seu momento público e tem o seu momento sigiloso, que no mais das vezes é o mais importante, quando você vai costurando as atividades ilícitas que a Polícia Federal está investigando”, afirmou.
Nesta semana, o presidente voltou a lançar dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral em discurso no Palácio do Planalto. Na quarta-feira, 27, Bolsonaro sugeriu que as Forças Armadas façam uma “contagem paralela” de votos nas eleições gerais de outubro. Também voltou a atacar o ministro Luís Roberto Barroso. O magistrado, em palestra a estudantes brasileiros na Alemanha, disse que as Forças Armadas estariam sendo utilizadas para atacar o processo eleitoral, mas estariam resistindo. (Por Rayanderson Guerra e Vinicius Neder/Estadão Conteúdo)