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| Em 4 anos atrás

Moradores da região onde foi feito cerco a serial killer relatam terror

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A outrora pacata cidade de Cocalzinho de Goiás (GO), no meio do caminho entre Brasília e Goiânia, enfrenta dias de medo. O motivo é Lázaro Barbosa, de 32 anos, conhecido como “serial killer do DF”, acusado de matar uma família inteira na semana passada. O cerco policial para capturá-lo já dura nove dias e as buscas se concentram na região, onde ele foi visto pela última vez.

Paulo de Souza Monteiro, de 58 anos, que trabalha em uma propriedade rural no distrito de Girassol, pertencente a Cocalzinho, resume o espírito dos moradores: “A gente não consegue nem dormir”. O chacareiro afirmou que sua mulher está grávida e ele tem receio de que algo de ruim possa acontecer. “Penso mais nela.”

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A Polícia Militar usa helicópteros, cães farejadores e conta com auxílio da Polícia Federal para capturá-lo. Segundo agentes que acompanham as buscas, Lázaro conhece bem a área, onde mora sua família, e tem facilidade para se esconder na mata. A polícia confirmou que o homem também é investigado pela morte de um caseiro em Girassol, no dia 5 de junho, quatro dias antes do assassinato de uma família em Ceilândia.

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“Estou com 58 anos, nunca vi um trabalho desses, nunca vi mesmo. Esse tanto de avião em cima de mim e eu andando, nunca vi”, afirmou o chacareiro. Cocalzinho é uma cidade pequena, com pouco mais de 18 mil habitantes, a 115 km de Brasília. O município costuma apresentar baixos índices de homicídio. De acordo com dados mais recentes do Atlas da Violência, levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de homicídio na cidade era de sete por 100 mil habitantes em 2017.

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Amanda Tavares, de 24 anos, dona de um salão de beleza na área urbana da cidade, afirmou que o cerco a Lázaro mudou drasticamente a rotina dos moradores. “O medo de ele aparecer na casa da gente só aumenta a cada dia que passa”, afirmou.

“A chácara que ele entrou ontem (terça-feira) e fez três reféns sempre foi tranquila. Sempre passamos feriados lá e nunca imaginamos que tamanha barbaridade poderia acontecer tão perto da gente”, disse a moradora.

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A empresária relata que o movimento no seu salão diminui pelo receio das pessoas de deixarem suas casas. “Por conta da pandemia, não está podendo ter nada. A cidade não pode ter nada nos bares e o pessoal estava indo para fazenda, fazendo aniversário, chá de bebê, tudo em fazenda. Agora está todo mundo com medo de ir.”

Na terça-feira, 15, Lázaro fez uma pessoa refém em Edilândia (GO), na mesma região de Cocalzinho, e trocou tiros com policiais. Um agente foi atingido, mas ficou bem após socorro médico. “Foram tiros de raspão, dois tiros, os dois passaram de raspão no rosto. Já foi socorrido e está tranquilo”, disse o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Marques, em entrevista na noite de terça-feira. O foragido havia sido visto em propriedades rurais na região do entorno do DF e Goiás. Desde então, porém, não há mais sinais de onde ele está escondido.

Uma força-tarefa com cerca de 200 policiais foi montada e tem usado o distrito de Girassol, área rural de Cocalzinho, como base. O secretário de segurança de Goiás disse nesta quinta-feira, 17, que o grupo deve ser reforçado por 20 agentes da Força Nacional de Segurança.

Um grupo de oração esteve próximo a uma das bases usadas pela polícia na manhã desta quinta-feira, 17, pedindo proteção divina para a vida dos policiais e dos moradores.

“Que esse homem venha a ser descoberto, que Deus também visite ele, a alma dele, visite ele agora e onde ele esteja agora. Que Deus possa revelar onde ele está. Deus pode revelar o oculto”, afirmou Conceição Aparecida, de 53 anos, dona de casa, que faz parte de um grupo de oração. Ela vive há 25 anos no distrito Girassol, pertencente a Cocalzinho.

Lázaro é acusado de matar, a tiros e facadas, três pessoas na zona rural de Ceilândia no último dia 9 de junho. Os mortos eram Cláudio Vidal de Oliveira, de 48 anos, e os filhos Gustavo Marques Vidas, de 21 anos, e Carlos Eduardo Marques Vidal, de 15 anos.

O foragido também é apontado como responsável pelo sequestro da mulher de Cláudio, Cleonice Marques de Andrade. O corpo dela foi encontrado no dia 12 à beira de um córrego, próximo da casa onde a família morava.

Lázaro também é investigado pela morte de um caseiro em Girassol, no dia 5 de junho, quatro dias antes do assassinato da família.

Nascido na cidade baiana de Barra do Mendes, a 530 quilômetros de Salvador, Lázaro já respondeu, na cidade natal, a um processo por homicídio quando tinha 20 anos. Em 2011, já em Ceilândia, ele foi condenado por estupro e roubo com emprego de arma. Ele chegou a ser preso em 2018, em Águas Lindas de Goiás, mas fugiu do encarceramento poucos meses depois. (Por Lauriberto Pompeu/Estadão Conteúdo)

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