Em entrevista coletiva concedida na manhã deste domingo (12), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que confirmou ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a partida dos brasileiros pelo Portal de Rafah. Segundo o ministro, os repatriados já estão a caminho da cidade do Cairo, onde serão hospedados em um hotel. A volta para o Brasil está prevista para acontecer nesta segunda-feira (13), por volta de 12h.
Durante a fala, o ministro ainda afirmou que Lula esteve presente nas negociações desde o início. “Totalmente empenhado e a par diariamente de todas as operações, de todo o projeto, desde o início desse conflito tão doloroso. Gostaria de lembrar que a partir do dia 9 ou 10 de outubro, o governo brasileiro esteve em contato com os governos envolvidos, de Israel, da Palestina, com o governo egípcio e com outros atores importantes da região”, disse.
De acordo com Vieira, o governo coordenou a operação complexa e delicada, mas que chegou a um bom termo. Sobre a atuação do ministério, ele afirmou que esteve em contato constante com os ministros exteriores de Israel e do Egito, e com autoridades palestinas. Além disso, afirmou que contatou o governo do Qatar, que “tem um papel importante e relevante na região e, sobretudo, nessas circunstâncias atuais, permitindo o sucesso dessa nossa operação que hoje [domingo] se conclui”.
Agradecimentos
Na coletiva, o ministro agradeceu a participação ativa das embaixadas do Brasil na região, aos diplomatas e a toda a equipe. “Eu quero relembrar que, desde o início, os brasileiros receberam todo o apoio da embaixada de Ramallah, foi oferecido um local onde ficaram abrigados por duas ou três semanas, transporte para o ponto de fronteira, auxílio no cruzamento para o Egito e o comboio que foi organizado para levá-los ao Cairo”, afirmou.
Segundo ele, os brasileiros devem chegar a Cairo após aproximadamente seis horas de viagem por terra, devendo partir para o Brasil no avião que foi disponibilizado pela presidência da República e está parado no Cairo há um mês esperando pelos repatriados.
“Esse é o décimo voo de repatriação. Nós tivemos, no total, cerca de 1.500 de brasileiros repatriados. Muitos voos de Israel trouxeram de Tel Aviv os brasileiros que lá se encontravam. Houve também um voo da Cisjordânia trazendo os brasileiros de origem palestina que se encontravam na Cisjordânia”, relatou o ministro.
Participação bolsonarista?
Apesar de bolsonaristas, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, usarem as redes sociais para apontar Bolsonaro como o responsável pelas negociações para retirada de brasileiros da Faixa de Gaza, o ministro evidenciou que o empenho que teve sucesso na repatriação foi do atual governo.
“Eu queria agradecer o empenho de todo o governo, por instrução do presidente Lula, toda a organização, todo o projeto e toda a operação de retirada dos brasileiros contaram com a participação efetiva do Ministério de Relações Exteriores, do Ministério da Defesa, com a participação da Força Aérea Brasileira. Na chegada também teremos a participação do Ministério da Justiça e do Ministério de Desenvolvimento social na parte de apoio a esses brasileiros”, afirmou.
Além do ministro, uma pesquisa da consultoria Quaest, divulgado na sexta-feira (10), mostrou que apenas 23% dos comentários nas redes sociais diziam que o ex-presidente teria contribuído para o processo de repatriação. Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, Bolsonaro convocou os “soldados digitais para a guerra, mas não conseguiu furar a bola”.
Situação segue grave
Apesar de o processo ter sido um sucesso, o ministro relembrou que a situação dos brasileiros está momentaneamente resolvida, mas que a situação do conflito permanece gravíssimo. “O presidente Lula continua muito envolvido na solução da questão, ele tem falado constantemente com muitos chefes de Estado e tem com o Secretário-Geral da ONU, com os chefes de Estado da região, tanto do Egito como do Israel e também do Qatar“, disse.
“É sua intenção voltar a tratar neste momento da questão do Conselho de Segurança das Nações Unidas a partir dessa semana para que se possa encontrar uma forma de suspensão das hostilidades, cessação das hostilidades e a criação de uma pausa humanitária que possa levar ao alívio da população civil palestina que se encontra ainda em Gaza”, afirmou.
Veja a coletiva de imprensa na íntegra