Em entrevista ao Estadão, o futuro secretário da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Wizard, disse que o governo Bolsonaro pretende averiguar e chegar os agora, mais de 36 mil óbitos registrados oficialmente pelo próprio governo com relação a covid19. Ele alega que uma auditoria realizada por uma “equipe de inteligência” militar foi feita e constatou fraudes nos números fornecidos por alguns estados e municípios. “Isso é lamentável”, declarou. A entrevista foi publicada neste sábado (06/06).
O empresário disse que o objetivo não será “desenterrar mortos” e sim “rever o critério dessas mortes”, afirmou. “Temos uma equipe de inteligência no Ministério. Essa equipe encontrou indícios de que alguns municípios e estados estão inflacionando dados para receber benefícios federais, isso é lamentável”, declarou.
Sem revelar o que será feito com relação a essa auditoria, Wizard disse que o governo deverá levar o assunto a “esfera competente”. “Temos uma equipe de militares trabalhando nisso, sob o comando do general Pazuello. Estamos levantando os dados e fatos. Levaremos à esfera competente.”, pontuou. Apesar de dar a entender que os números deverão cair com a recontagem, o futuro secretário não irá alterar o que foi feito até agora. “Não estamos preocupados com o passado, mas com o futuro”, mencionou.
Não pegou bem. Antes da entrevista de Carlos WIzard ser publicada, o site com um painel de informações sobre as estatísticas da covid19, no Ministério da Saúde, saiu do ar, gerando desconforto entre técnicos e profissionais da saúde. O Conselho de Secretários de Saúde chegou a afirmar que o objetivo com a recontagem é dar invisibilidade aos mortos pelo coronavírus.
Na nota assinada pelo presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, os secretários afirmam que há uma tentativa “autoritária, insensível, desumana e antiética” por trás da recontagem. “Não prosperará. Nós e a sociedade brasileira não os esqueceremos tampouco a tragédia que se abate sobre a nação”, completou.
Enquanto o painel de divulgação ficava fora do ar, o Brasil foi excluído de um Monitor Global de Dados, mantido pela Universidade de Oxford e pela Global Change Data, causando desconforto e críticas de boa parte dos secretários de Saúde do Brasil. O Brasil voltou a aparecer quando o site do Ministério da Saúde voltou a apresentar apenas os dados diários.