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Militares ocupam capital do Zimbábue e dizem ter ditador ‘sob custódia’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de militares ocupa ruas de Harare, capital do Zimbábue, nesta quarta-feira (15) após um comandante do Exército ameaçar intervir para acalmar a tensão em torno da sucessão do ditador Robert Mugabe, 93, há 37 anos no poder.

Segundo os militares, Mugabe está “sob custódia” em sua casa. Ao menos um ministro, Ignatius Chombo, das Finanças, foi detido pelo grupo.

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, disse que falou com Mugabe nesta quarta-feira (15) por telefone. De acordo com Zuma, Mugabe está confinado em sua residência mas disse que está bem. Em um comunicado, a Presidência da África do Sul informou que irá mandar enviados especiais a Harare para se encontrar com Mugabe e o Exército do Zimbábue.

As movimentações nos quartéis começaram no final da noite de terça-feira (14). Comboios de veículos blindados começaram a se instalar nas entradas da cidade. Soldados revistavam pedestres com violência e carregavam suas armas nos postos.

Pelo menos três explosões ocorreram na cidade e tiros foram ouvidos próximo à residência do ditador. Na sequência, o grupo controlou a “ZBC”, estatal de comunicação, e fez funcionários reféns antes de lerem um comunicado.

Ao vivo na TV pública, dois soldados não identificados afirmavam não se tratar de um golpe de Estado contra Mugabe, a quem chamam de “Sua

Excelência”, e disseram que o ditador e sua família “estão sãos e salvos”.

“Nós apenas temos como alvo os criminosos de seu entorno que estão cometendo crimes que causam sofrimento social e econômico ao país para que se faça justiça. Assim que nós cumprirmos com nossa missão, a situação voltará ao normal.”, disse o porta-voz, sem dizer a quem se referia.

O secretário de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, afirmou nesta quarta-feira que a situação no Zimbábue “é muito fluida”. “É difícil dizer exatamente no que isso vai dar”, disse, em referência às ações dos militares.

“Estamos seguindo a situação atentamente e queremos salientar que os direitos fundamentais de todos os cidadãos devem ser respeitados e a ordem constitucional e governança democrática precisam ser encorajadas”, afirmou um porta-voz da Comissão Europeia, o braço Executivo da União

Europeia.

PILAR

Esta é a primeira vez que há um conflito entre Mugabe, um dos líderes mais velhos e longevos do mundo, e os militares, seu pilar de sustentação.

Na semana passada, o ditador expurgou seu vice, Emmerson Mnangagwa, e o acusou de planejar sua derrubada, inclusive com o uso de bruxaria. O político, que tem o apoio dos militares e era visto como um potencial mandatário, saiu do país e disse ter sido ameaçado.

Mais de cem funcionários de alto escalão do governo acusados de dar apoio a Mnangagwa, 75, foram punidos pela ala do regime ligada à mulher de

Mugabe, Grace, 52, agora uma das mais cotadas para substituir o rival do ditador a partir de dezembro.

A primeira-dama é impopular por seus gastos vultuosos, enquanto a maioria da população passa por dificuldades. Recentemente, quatro pessoas foram presas pelas forças do regime acusadas de vaiá-la em um comício.

Na segunda-feira (13), o comandante do Exército, Constantino Chiwenga, 61, disse que os expurgos deveriam parar imediatamente. “Nós devemos lembrar àqueles ligados aos atuais traidores que, quando tivermos que proteger nossa revolução, não vamos hesitar em intervir.”

A declaração foi criticada pela juventude do regime, aliada de Grace, nesta terça-feira. À noite, o partido de Mugabe disse que a nota do militar foi “claramente calculada para prejudicar a paz nacional e incitar à insurreição”.

A pressão social sobre o ditador cresceu nos últimos anos com a crise econômica. No ano passado, o Zimbábue passou pela maior onda de protestos contra Mugabe em uma década e alguns de seus principais aliados tiraram seu apoio ao regime.

A ex-colônia britânica conhecida como Rodésia do Sul declarou sua independência do Reino Unido em 1965, mas esta só foi reconhecida por Londres e pela ONU em 1980, quando Mugabe foi eleito primeiro-ministro em uma votação marcada por fraudes e intimidação.

Marcley Matos

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