Milhares de pessoas compareceram nesta terça-feira (15) aos enterros dos palestinos mortos no confronto com as tropas israelenses na faixa de Gaza na segunda (14), enquanto a região se prepara para novos protestos.
A onda de manifestações chegou também à Cisjordânia, onde pequenos grupos protestaram nesta terça contra a ação dos militares Israelenses, aumentando assim o temor de uma eclosão de violência -até então, os atos estavam restritos à faixa de Gaza.
Os protestos em Ramallah, Hebron e Bethlehem reuniram centenas de manifestantes e tiveram confronto com soldados de Israel. Segundo o jornal Haaretez três pessoas ficaram feridas, mas nenhuma delas com gravidade.
Já na faixa de Gaza, o número de vítimas subiu durante a noite e chegou a 60 após um bebê de oito meses morrer na madrugada desta terça.
Segundo um repórter da revista The Economist, a mãe de Laila al-Ghandour deixou a criança em casa com familiares e foi participar dos protestos. O bebê, porém, começou a chorar e um de seus tios decidiu levá-lo até a mãe, que estava em uma tenda próxima da manifestação.
Durante o confronto, Laila acabou inalando gás lacrimogêneo, o que causou sua morte, segundo a família. “Quando chegamos em casa, a bebê tinha parado de chorar e pensamos que tinha adormecido. Então a levamos ao hospital infantil e o médico disse que ela tinha virado uma mártir”, disse a avó da criança, Heyam Omar.
A agência de notícias Associated Press, porém, disse que médicos em Gaza afirmaram que a morte pode ter sido causada por uma doença pré-existente, sem ligação com o gás.
Até o momento não houve registros de violência na faixa de Gaza, mas novos protestos deverão começar mais tarde, após os enterros.
Iniciada no dia 30 de março, a atual onda de manifestações deve ter seu auge nesta terça, no aniversário de 70 anos da “Nakba” (tragédia), quando cerca de 700 mil palestinos fugiram ou foram expulsos da região após a criação do Estado de Israel.
Os confrontos de segunda -que aconteceram no mesmo dia que os Estados Unidos inauguraram sua embaixada em Jerusalém- foram os maiores até o momento, com a participação de 40 mil pessoas, 60 mortes e mais de 2.700 feridos. Durante todo o período, são 104 mortos e 11 mil feridos, de acordo com autoridades de saúde da faixa de Gaza. (Folhapress)