Um dos nomes centrais da arte pop nacional, Marcello Nitsche morreu neste domingo (12), aos 74, em São Paulo, vítima de insuficiência cardíaca e respiratória. Ele estava hospitalizado desde semana passada e havia sofrido dois derrames cerebrais nos últimos anos.
Inspirado por elementos das histórias em quadrinhos e famoso pelo uso de materiais industriais, como metal e plástico, em suas esculturas, Nitsche construiu desde a década de 1960 uma obra de teor iconoclasta e irreverente.
Trabalhos como suas bolhas de plástico inflável ou a escultura “Lig Des”, um motor acoplado a uma chaminé metálica que inflava um balão vermelho, entraram para a história da arte do país como ataques à ditadura -eram estruturas capengas, balofas e desprovidas de função.
Na década de 1970, Nitsche, que participou de várias edições da Bienal de São Paulo, adentrou o terreno da performance e da videoarte com ações mais radicais. Ele chegou a costurar a própria mão em vídeos e levou cordas a enormes fendas rochosas numa pedreira, como se suturasse as feridas de um país em frangalhos.
Depois de anos em relativo ostracismo, Nitsche voltou à ação na última década, com a retomada do interesse dos museus e do mercado pela nova figuração, como foi chamada a vertente mais pop da arte nacional.
Há dois anos, Nitsche teve uma retrospectiva no Sesc Pompeia, uma das maiores mostras já organizadas em sua carreira, onde mostrou sua série mais recente de trabalhos. Eram esculturas metálicas que pareciam pinceladas materializadas no espaço.
Suas obras também circularam por exposições do chamado pop internacional, passando por museus na Europa e nos Estados Unidos.
Seu corpo seria velado na tarde deste domingo (12) na Pinacoteca, em São Paulo, e depois cremado no cemitério da Vila Alpina. Ele deixa a companheira, Giovana, três filhos e quatro netas.
(FOLHA PRESS)