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“Messianismo barato, populismo, demagogia, ninguém aguenta mais isso”, diz Bittencourt

O pré-candidato à Prefeitura de Goiânia pelo PTB, Luiz Bittencourt, afirmou em entrevista à Rádio 730 que não aceitará dos adversários políticos que também disputarão as eleições municipais de 2016 “messianismo, populismo e demagogia”, com propostas consideradas “milagrosas”.

“Não vou aceitar, por exemplo, vir um candidato e dizer ‘Vamos resolver o problema do transporte coletivo em seis meses, vou resolver o problema da saúde em seis meses’. Isso não dá. Esse tipo de messianismo barato, populismo, demagogia, ninguém aguenta mais isso. É por isso que estamos vivendo a situação atual”, disse Bittencourt.

Para o pré-candidato, as eleições deste ano serão um “divisor de águas”, uma vez que, para ele, a população não aguenta mais a administração do prefeito Paulo Garcia, e que a cidade precisa de uma gestão que se aproxima as pessoas e mais planejamento.

“Essa eleição vai ser um divisor de águas na Prefeitura de Goiânia, porque a cidade não aguenta mais um governo com o mesmo perfil do atual. Se nós tivermos aí mais quatro anos de imobilismo, de populismo, de demagogia barata, de promessas messiânicas para se resolver problemas em três, cinco ou seis meses, nós vamos caminhar para o caos. A cidade precisa de gestão, a prefeitura tem que se aproximar da população, o prefeito tem que ver a cidade sob o olhar das pessoas que vivem nos bairros”, afirmou.

Leia a entrevista na íntegra:

Cecília: Eu começo perguntando a sua expectativa quanto as eleições, que estão cada vez mais próximas. O PTB com a candidatura própria. A sua avaliação com relação aos principais adversários, Bittencourt?

Bittencourt: Esta vai ser uma eleição diferente das outras que já aconteceram em Goiânia por conta do número de candidatos. Eu imagino que nós vamos ter pelo menos oito candidatos representando os partidos políticos mais fortes, com maior densidade eleitoral, e será a oportunidade de a gente ter um debate diferenciado sobre a nossa Capital, até porque nós vivemos um momento muito ruim. Uma administração sem vigor, a gente enfrenta problema no lixo, na segurança, na saúde, no transporte coletivo, no espaço público como um todo, na iluminação pública… enfim, Goiânia vive um momento muito ruim na sua história. Ela perdeu aquele protagonismo que sempre teve na rede nacional de cidades e essa administração tem um sentido muito fechado. Ela toma decisões sem conversar com a cidade e essas decisões nem sempre melhoram a qualidade de vida das pessoas. Então há um declínio enorme na prestação e na qualidade do serviço que a população recebe da prefeitura, apesar do imposto continuar subindo. É o momento de debater a cidade. Novos rumos, novos caminhos para Goiânia. 

Cléber: A ascensão de Jovair Arantes em termos de espaço midiático e de postura política neste momento favorece, de alguma forma, a sua candidatura?

Bittencourt: Acho que favorece muito, porque o deputado Jovair, ao produzir um relatório que foi ao encontro do pensamento da maioria da população brasileira. Convergiu com o desejo de mais de 82% da população, que pede o fim do atual governo e a saída da presidente Dilma pela total incapacidade governar, pela falta de credibilidade e pelos equívocos que ela cometeu ao afrontar a Constituição, desobedecendo a Lei de Responsabilidade Fiscal e cometendo as pedaladas fiscais. Então, o relatório do deputado Jovair acabou dando a ele uma visibilidade boa e passou a ser, no meu caso, um grande apoiador. Tenho andado com ele em alguns bairros da cidade, em algumas reuniões, e percebo a alegria das pessoas com o entendimento manifesto no relatório dele a respeito do impeachment. Um relatório que foi sério, equilibrado. Em momento algum Jovair saiu da linha ou brincou em serviço, conseguindo que o seu relatório fosse aprovado. Por isso ele vai ser um eleitor diferenciado na eleição de Goiânia.

Cléber: Ele é o seu principal cabo eleitoral?

Bittencourt: Exato. Ele já era o meu principal cabo eleitoral, até porque a nossa relação partidária vem desde o tempo que eu deixei o PMDB e me filei ao PTB, nos meados de 2010. Nós sempre tivemos uma ótima relação em Brasília e o Jovair sempre se mostrou leal, correto, fiel, pensando nos grandes problemas de Goiânia. Tanto que na eleição passada ele foi candidato a prefeito. Não obteve sucesso, mas deixou boas propostas para serem debatidas. E taí o resultado: muita coisa que ele falou, se tivesse sido feita, Goiânia estaria vivendo um melhor momento hoje. 

Horácio: Por exemplo?

Bittencourt: O GoiâniaMed, que foi uma proposta desenvolvida para Saúde e que, se tivesse sido aplicada, hoje talvez nós teríamos nota dez na ação da saúde municipal. 

Horácio: O sr. pretende adotá-lo?

Bittencourt: Nós vivemos em uma nova realidade. Este projeto foi apresentado há quatro anos e o fato é que houve uma evolução nas plataformas tecnológicas e hoje existem maneiras mais eficientes de se melhorar a saúde. Por exemplo: em substituição à ideia do GoianiaMed, nós vamos fazer cinco centros especialidades em pediatria, oftalmologia, cardiopatia, ortopedia e clínica geral. Com isso nós vamos atender 85%, 86% da demanda do atendimento de saúde básica que a prefeitura deve prestar à população. E as outras atividades você pode fazer a prestação de serviços terceirizada, via convênios. O GoiâniaMed pode ressurgir com outro foco, para atender um nicho específico da população, como é o caso das crianças, já que a pediatria hoje vai muito mal, apesar da disponibilidade de recursos. A Secretaria da Saúde infelizmente funciona nos mesmos moldes de 30 anos atrás, quer dizer: é um sistema arcaico, obsoleto e que não atende à demanda da nossa população. 

Cléber: Umas das críticas feitas com maior contundência pelo então candidato Jovair Arantes era com relação ao transporte coletivo. Na época ele disse, inclusive, que o trabalhador estava sendo transportado como gado. Mudou nada. 

Bittencourt: Praticamente nada. A proposta para o transporte coletivo de Goiânia é gestão. Nós temos que trazer os melhores técnicos, de qualquer partido, pessoas que conhecem o funcionamento deste sistema, incorporar novas tecnologias e fazer uma gestão integrada. O transporte coletivo de Goiânia não atende só a nossa cidade. Ele atende toda a região metropolitana. 17 municípios. São milhões de pessoas que utilizam deste sistema por ano. E tem que haver um planejamento de curto, médio e longo prazo. O atual modelo do nosso transporte coletivo foi idealizado na década de 70 pelo ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner, que inclusive exportou o modelo de Goiânia para outras cidades do mundo. Em Nova York, por exemplo, funcionava um sistema próximo ao que funciona em Goiânia, logo no início da implantação deste sistema, do Transurb. Então o que foi feito? Na década de 1980 não foi feito praticamente nada, a própria equipe do Jaime Lerner veio aqui e fez uma remodelação, e de 30 anos para cá praticamente nada aconteceu de novo, de inovador. Novas tecnologias de transporte surgiram, como o trecho do BRT que está sendo construído, mas o que a gente precisa é de gestão. E gestão implica usar vários modais. Você pode andar a pé, você pode andar de bicicleta, você pode andar de carona, de táxi, de Uber, de transporte compartilhado, mas o que falta é planejamento de curto, médio e longo prazo. 

Cléber: Na hora de a prefeitura, que é responsável pelo maior contingente que usuários que utilizam o transporte coletivo, colocar a mão na mesa, fazer valer os seus direitos do munícipe, fica a impressão de que o usuário está na mão dos empresários. E todo mundo lava a mão: o governo empurra para prefeitura, a prefeitura empurra para o governo, e o povo fica com dedo na boca.

Bittencourt: A prefeitura é o gestor disso tudo, deveria assumir o papel com rigor, com planejamento sólido, com tecnologias inovadoras, e impor o seu papel de fiscalizador. 

Cléber: Suspender a licitação pode ser um caminho?

Bittencourt: Suspender a licitação, fazer novos contratos.

Cléber: Você faria isso?

Bittencourt: Faria com tranquilidade. Tem que cumprir o contrato. O poder público é concessionário, nós temos que exigir isso. Onde o governo não exerce o seu papel de fiscalizador, de exigir o que está previsto nos contratos, há indícios de corrupção, malversação de fundos, desrespeito ao cidadão. O que nós precisamos é invester este eixo. Sem inteligência, sem planejamento e sem coragem não se governa. O que a gente vê hoje em Goiânia é a falta de vitalidade do governo. 

Cecília: O Cléber destacou a postura do Jovair quatro anos atrás como candidato a prefeito de Goiânia, fazendo várias críticas à administração municipal e fazendo suas propostas, algumas já citadas aqui. A candidatura de Jovair Arantes não alavancou. Por que o sr. acredita que o destaque que ele alcançou em nível nacional agora será suficiente para alavancar a sua candidatura a prefeitura de Goiânia?

Bittencourt: É mais do que suficiente. Primeiro, ele é presidente do partido. Tem uma articulação política estruturada. Nós temos candidatos em várias cidades do nosso estado. Do ponto de vista político, ele tem toda condição de fazer isso. O Jovair foi vice-prefeito de Goiânia, deputado estadual, deputado federal, vereador. O que eu vejo é que, nesse momento, com toda essa visibilidade que ele adquiriu, essa manifestação que a sociedade está dando em favor do impeachment deu a ele um status diferenciado. Ele pode dar sua opinião agora e ser mais ouvido. Isso acontece na vida pública. Em determinado momento você ganha visibilidade e passa a ter voz com maior ressonância. E o fato de o PTB sempre ter lançado candidato e apresentado suas propostas reforça as nossas posições. No passado nós estávamos discutindo nossas ideias e agora voltamos a discutir, da mesma maneira. Vencer ou perder uma eleição faz parte do jogo. O político que não quer perder uma eleição tem que sair do cenário, porque você se submete a etapas em que nem sempre você se sai vitorioso. A carreira política é construída também com derrotas. Tenho vários exemplos, entre eles o do ex-presidente Lula, que perdeu três eleições antes de ser eleito. Faz parte da nossa vida política. O essencial não é a vitória propriamente dita. É você ter a oportunidade de debater os problemas que nós enfrentamos. 

Horácio: Você saiu do cenário e ficou sem se candidatar a nada por dez anos. Avalia que nessa eleição a sua candidatura é certeza ou ainda pode jogar a toalha e apoiar Giuseppe Vecci ou Francisco Júnior? 

Bittencourt: As pessoas que me conhecem e sabem da minha carreira política sabem que em momento algum da minha trajetória eu usei a política como ferramenta ou subterfúgio para qualquer comportamento. Ao colocar a nossa pré-campanha em setembro do ano passado, algumas pessoas me disseram: ‘você está aí para fazer o jogo do governo’. Ou: ‘você está aí para negociar’. Agora as pessoas estão vendo que o candidato que mais avançou no debate, na apresentação de propostas sou eu. Eu nasci em Goiânia, sou engenheiro, conheço a cidade, convivi com o crescimento da Capital nas suas principais fases. E as pessoas estão percebendo que não vai ter jeito de tirar a candidatura do Bittencourt do processo. Vamos até o fim e vamos fustigar os outros candidatos a apresentar propostas concretas para resolver os problemas da nossa cidade. Não vou aceitar, por exemplo, vir um candidato e dizer ‘vamos resolver o problema do transporte coletivo em seis meses’. ‘Eu vou resolver o problema da Saúde em seis meses’. ‘Eu vou resolver o problema da Segurança Pública em seis meses’. Isso não dá, esse tipo de messianismo barato, populismo, demagogia, ninguém aguenta mais isso. É por isso que nós estamos vivendo a situação atual. Lançaram aquela tese da cidade sustentável sem ter o menor programa de sustentabilidade. Só no discurso? Ninguém aguenta mais isso. Principalmente no debate técnico, eu quero avançar na solução dos problemas que a cidade enfrenta. 

Horácio: O sr. faria corredor exclusivo de ônibus, faria ciclovia? 

Bittencourt: como parte da solução do problema eu faria, mas sem fazer nada açodadamente, como está sendo feito agora. Eu tive notícia de um empréstimo de 100 milhões de dólares que a prefeitura captou para tapar buraco no asfalto há seis meses de um fim de governo. Isso é temeroso. Num momento de crise, de dificuldade, de fim de mandato, com denúncias de corrupção para cima e para baixo, a prefeitura endividada em mais de R$ 400 milhões, segundo disse o próprio prefeito na Câmara Municipal e funcionando meio período para economizar dinheiro? Olha, eu colocaria o pé no freio. Com toda sinceridade, eu colocaria o pé no freio.

Cecília: Mas numa reta final de gestão, todos não fazem absolutamente a mesma coisa?

Bittencourt: Nem todos. Eu acho que esse tipo de generalização não é positiva. Ficou aquela imagem que o político é uma pessoa que apresenta solução fácil, mente o tempo todo, é desonesto, e não é assim. Existem pessoas que têm responsabilidade e aqueles que vão fazendo as coisas ao léu, falam o que vem na cabeça. Aliás, eu tenho inclusive defendido a tese de evitar o marqueteiro na campanha. Porque parece que o marqueteiro pega o candidato e, como um sabonete ou dentifrício, transforma ele em uma solução para todos os problemas. E a realidade não é essa.

Horácio: Sua campanha não tem marqueteiro?

Bittencourt: Provavelmente nós não teremos esse tipo de marqueteiro que vende produto. Nós teremos o marqueteiro da opinião, do argumento. Aí eu concordo com essa forma de passar a mensagem. Tem que ter um especialista em comunicação. Mas você ter um marqueteiro para falar que você é isso, ou aquilo, e dourar a pílula, mentir e fazer ações totalmente desnorteadas na campanha, enganando a população? Não faz sentido.

Cecília: Registrando aqui algumas participações de ouvintes: “Bom dia, meu nome é Jailson Montanha. Desejo sorte ao Luiz Bittencourt. Vejo que os seus projetos serão ótimos para Goiânia”. 

Bittencourt: Um abraço ao Jailson, obrigado pela sua manifestação.

Cecília: “Senhor candidato à prefeitura de Goiânia. Temos que mudar o discurso. Chegar de falar de Saúde e Educação. Quando vocês ganham, vocês nem vão até o povo. Criticar é muito fácil. Você já participou da situação e não ajudou a fazer nada”. Mensagem do Rúbio.

Bittencourt: Também agradeço a manifestação do Rúbio, mas ela não faz sentido. Eu fui deputado federal por três mandatos e deputado estadual por dois mandatos, presidente da Assembleia, secretário de Ciência e Tecnologia, e há um conjunto de ações que eu fiz ao longo da minha vida. 

Horácio: Como deputado federal, o que o sr. conseguiu?

Bittencourt: Por exemplo, a duplicação da BR que liga Goiânia até Jataí e outras dezenas de obras importantes para o Estado. Eu, quando deputado, criei uma subcomissão na Comissão de Orçamento que liberou milhões em recursos para investimentos importantes no nosso Estado, tudo fiscalizado pelo Tribunal de Contas da União. Então, o parlamentar tem uma ação que não é concreta. Por isso chama “Parlamento”, que significa falar, conversar, decidir, fazer lei, fiscalizar governo. Não tem como executar obras.

Horácio: O sr, como deputado, falava muito em duas coisas: acabar com a assinatura básica da telefonia e acabar com o horário de verão. Mas não obteve sucesso em nenhuma das duas causas.

Bittencourt: Eu lutei muito contra isso e continuo lutando. Eu sempre disse que, para nossa região, com argumentos técnicos, não existe economia com o horário de verão. É um desastre o que o governo federal faz com a população do Centro-Oeste. Tanto que hoje 17 Estados da Federação estão fora do horário de verão. Apenas os estados da região Sul e Goiás. Por que? Porque Goiás tem Brasília, que tem que ficar sintonizada com o horário do centro econômico do País, que é São Paulo, e acaba perdendo essa luta. Mas eu propus ao governador Marconi Perillo e ao prefeito da época, Iris Rezende, que fizéssemos uma adaptação no nosso horário. Em vez de começarmos às sete, começarmos às oito. Houve uma certa mobilização, as entidades empresariais aprovaram, mas parece que o governo federal puxou a orelha e a turma deu um passo atrás. Já a questão da tarifa de telefone é um roubo. Todo mundo sabe e em nenhum país desenvolvido do mundo tem isso. Você não paga por aquilo que você não usa. A telefonia cobra de você uma taxa mesmo que você não use o telefone nenhum minuto. Isso é reserva de mercado, é corrupção, a Anatel deveria acabar com isso. Estão tentando fazer a mesma coisa com a banda larga. O mesmo procedimento que fizeram com a assinatura básica eles querem fazer agora com a banda larga, que é receita garantida. Nós vivemos um sistema de mercado, onde as pessoas têm de prestar serviço e a lei de defesa do consumidor diz que ninguém pode receber por um serviço que não foi prestado. Então o debate se deu em torno disso. E eu lamento muito que outros deputados não tenham aderido a essa luta para desonerar valores que não pagos pela população brasileira para essas empresas que oferecem serviços. 

Cecília: Mensagem do Jean Gomes: “Luiz Bittencourt, o senhor não acha que estando ao lado de Jovair o sr. pode sair ‘molhado’ com a Cachoeira que corre atrás dele? Porque Jovair está enrolado até o pescoço com Cachoeira. E manda um outro questionamento: com relação ao transporte, o sr. vai enfrentar essas empresas de ônibus? Podemos gravar essa promessa?”

Bittencourt: Pode gravar. Não se trata de uma discussão pessoal. Isso é uma questão técnica, administrativa. O poder público tem a obrigação de assumir o papel de fiscalizador. Essas empresas de ônibus tem um contrato de prestação de serviços e elas tem que prestar o serviço conforme está previsto no contrato. E eu digo aqui ao Jean, com toda sinceridade: eu vejo no Jovair uma pessoa que tem uma história de luta pública. Não existe nenhuma denúncia contra ele comprovada ou algum processo que tenha transitado em julgado que dê a ele isso que você está dizendo aí, esse argumento pejorativo. Não é verdade que ele tenha envolvimento com Cachoeira. Nunca ouvi ele falar isso. Eu converso, vejo, ando no mundo político e nunca vi essa ilação como verdadeira. Então eu acho o seguinte: todo mundo tem o direito de dar opinião. Agora, tem que ter prova, tem que ter documentação, tem que ser uma coisa consistente. Jogar pedra por jogar não faz sentido. Pode gravar: não é só com relação ao ônibus, não, é com relação ao serviço de saúde, com relação ao serviço de fornecimento de água, esgoto, com relação ao serviço de iluminação pública, todos os serviços serão fiscalizados de maneira adequada. Esse é o papel do poder público e do prefeito. 

Cléber: Em relação ao governador Marconi Perillo: a sua candidatura é da base aliada ao governador, é de oposição ao governador, como será colocada essa questão?

Bittencourt: O PTB faz parte da base de apoio ao governador, mas não mandamos no governo, não decidimos, tanto que houve atrito entre o deputado Jovair e o governador Marconi Perillo no início deste segundo mandato. O PTB tem uma candidatura independente, ela não é subalterna a nenhum partido político, tem ideias próprias e foi o primeiro partido a se colocar no debate municipal sobre as eleições de Goiânia. Tem um conjunto de ações que justifica isso. Então, o fato de o partido estar na base do governador não significa que é subalterno ou que vai apoiar o governador Marconi Perillo. Muito pelo contrário. Nós temos as nossas ideias, as nossas propostas. E outra coisa: nós somos contra o que aí está na prefeitura. O PMDB e o PT estão juntos nessa administração de quase 12 anos, em que os problemas de Goiânia se agravaram. E não sou eu que estou dizendo isso. É a imprensa que registra todos os dias. Piorou a qualidade do serviço prestado para a população e nós temos a obrigação de resgatar isso no próximo governo, seja quem for o prefeito. De recuperar a administração municipal e resgatar a auto-estima de quem mora aqui. Todo mundo está irritado com a atual administração. Eu moro em Goiânia desde que nasci. Nunca vi a cidade tão mal e em uma situação tão negativa quanto estamos vivendo hoje.

Cecília: PT e PMDB, depois destes 12 anos de administração destacados pelo sr., agora estão rompidos e terão candidatura própria à prefeitura de Goiânia. O sr. destacou também as oito candidaturas que teremos à prefeitura da Capital e, pegando aí nesse gancho de oposição, de base aliada ao governo de Goiás, que terá também o seu candidato próprio, até que ponto essa oposição ao município poderá fazer frente às candidatura de PT e PMDB, apesar dessa gestão tão mal avaliada?

Bittencourt: Eu vejo que essa eleição vai ser um divisor de águas na prefeitura de Goiânia, porque a cidade não aguenta mais um governo com o mesmo perfil do atual. Se nós tivermos aí mais quatro anos de imobilismo, de populismo, de demagogia barata, de promessas messiânicas para se resolver problemas em três, cinco ou seis meses, nós vamos caminhar para o caos. Escreve o que eu estou dizendo aqui. A cidade precisa de gestão, a prefeitura tem que se aproximar da população, o prefeito tem que ver a cidade sob o olhar das pessoas que vivem nos bairros e se não houve uma ação concreta de planejamento de curto, médio e longo prazo, nós vamos caminhar para paralisação total. Será o colapso da administração municipal. A cidade não resiste ao que está acontecendo aí por mais quatro anos. 

Cléber: Quanto tempo leva essa questão do transporte coletivo?

Bittencourt: Eu acredito que no mínimo, no mínimo, uns dois anos. Se você fizer o dever de casa, no mínimo dois anos. 

Cecília: Sobre este assunto, Milton Pires, de Bela Vista, mandou mensagem. Vou registrar: “esse negócio de ficar comparando e achar que o que dá certo em Nova Iorque, Tóquio, etc, não é demagogia? São culturas diferentes e realidades financeiras totalmente incompatíveis. Isso se resolve em quatro anos? Por que não foi resolvido antes?”

Bittencourt: O maior desafio do século 21 é a vida na cidade. A cidade é onde nós moramos, onde nós trabalhamos, onde nós vamos e voltamos sempre. O que acontece, Milton, é que os problemas são iguais. O que muda é a escala. A solução do problema passa por um encaminhamento que é igual em Goiás, no Brasil ou nos Estados Unidos. A ação de identificar e resolver os problemas chama debilidade e potencialidade. E há experiências que são comuns. Você pode adotá-las que vai dar certo. Inevitavelmente, a boa ideia funciona em qualquer lugar do mundo. Então, não é questão de usar isso como um comparativo milagroso. São experiências que estão dando certo em outras cidades e que podem ser utilizadas aqui. E eu vou te dar um outro exemplo: na cidade de Sobral, o ensino público é de primeiríssima qualidade. Sobral é um pequeno município no interior do Ceará. Nós vamos utilizar o mesmo procedimento que está sendo utilizado lá em Goiânia. Tentar adotar aquela tecnologia para melhorar a qualidade do ensino. Saiu agora o ranking da qualidade do ensino nos municípios e Goiânia não ficou nem entre as 500 melhores. Nós temos aqui Itapuranga, São Miguel do Araguaia, são experiências que podem ser adotadas aqui sem nenhum problema. Nossa intenção é melhorar.

Cléber: Entre as candidaturas tidas como certas estão a sua, a de Giuseppe Vecci e a de Francisco Júnior pela base do governador. Não tem candidato demais não? 

Bittencourt: Bom, isso aí é uma coisa que não me preocupa. A nossa ideia é avançar no sentido de encontrar soluções. O PTB não é subalterno a nenhum partido político e tem as suas ideias, as suas propostas, que são diferentes das ideias dos candidatos que você citou. Nós temos a nossa linha e vamos caminhar por ela.

Horácio: Como o sr. espera chegar em agosto ou setembro nas pesquisas? Acha que consegue ultrapassar a barreira dos 10%? Tem algum planejamento nesse sentido? 

Bittencourt: Claro que eu gostaria de estar com 30% nas pesquisas, mas o planejamento é que nós possamos ir para o segundo turno, se houver dois turnos na eleição. Numa campanha dessa, acirrada, Goiânia tem um eleitorado diferenciado. Você se lembra, Horácio, nas eleições de Goiânia você tem sempre uma inversão de números, de percentuais na reta final. Por que? Porque o eleitor fica observando, fica observando e no fim ele se manifesta. Fica assimilando as propostas e no fim ele se manifesta. Então, o eleitor de Goiânia é típico. De Goiânia e de Curitiba. São as duas cidades que as empresas inclusive utilizam para testar novos produtos ou fazer estudos sociais. São cidades que têm argumento. Apesar de as pessoas assistirem àquele bombardeio de opinião durante a campanha, no final ela faz aquela depuração e indica sua escolha. 

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Thais Dutra

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