SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – As duas partidas das finais da Libertadores, entre Boca Juniors e River Plate, nos próximos dias 10 e 24 de novembro, serão jogadas sem a torcida do time visitante. O que já é uma regra na Argentina há muitos anos, para evitar que setores violentos das torcidas organizadas, os chamados “barra-bravas”, continuará valendo também para essa final histórica.
A novidade, porém, é que houve uma intensa pressão do governo nacional para que ambos os jogos pudessem ser disputados com as duas torcidas presentes. O presidente argentino, Mauricio Macri, que comandou o Boca por 12 anos, lançou a ideia num post nas redes sociais, no fim da semana passada, em que dizia: “O que vamos viver na Argentina neste mês será uma final histórica. E também uma oportunidade de demonstrar maturidade e que estamos mudando. Pedi a ministra de Segurança que trabalhe com a prefeitura para que o público visitante possa estar presente.”
A notícia teve imensa repercussão. Macri reafirmou que o mundo estaria de olho nessa final e que achava vergonhoso que não pudesse ser jogada com ambas as torcidas presentes.
A ministra de Segurança, Patricia Bullrich, disse que o governo garantiria os reforços policiais necessários. Ao mesmo tempo, porém, os dois dirigentes de ambos os times começaram a fazer pressão de modo contrário.
O presidente do Boca e amigo pessoal de Macri, Daniel Angelici, contou a um programa de televisão local que desde o princípio tentou demover Macri da ideia.
“Expliquei que não podíamos organizar o primeiro jogo com torcida rival porque o estádio não daria conta, não há espaço, e porque não poderíamos garantir a segurança, dentro e fora do estádio, uma vez que ficariam de fora cerca de 4 mil pessoas, provavelmente muito inquietas. O resultado seria imprevisível.”.
Também houve pressão do chefe de governo de Buenos Aires, Horacio Larreta, que considerou que havia muito pouco tempo para organizar com segurança ambos eventos com as duas torcidas, tanto na Bombonera, estádio do Boca, como no Monumental de Núñez, o do River Plate.
O diretor do River, Rodolfo D’Onofrio, também se opôs ao pedido do presidente. Ao final, Macri acabou concordando. Assim, o presidente da Argentina poderá assistir ao primeiro jogo ao vivo, na Bombonera, se quiser. Mas o segundo, em que seria mais um torcedor rival, terá de ver pela TV, porque será jogado no estádio do River Plate.