Junho é o mês de conscientização da hidradenite supurativa. Pouco conhecida, a doença dermatológica crônica que afeta cerca de 0,4% da população brasileira, segundo estimativas, a hidradenite tem como principais sintomas a formação de abcessos, fístulas e nódulos, principalmente em áreas como virilha, axila e sob mamas e nádegas. Junto aos sintomas, há dor, incômodo e comumente prejuízos à qualidade de vida e à saúde mental dos pacientes.
Na maioria dos casos, a primeira manifestação da doença ocorre na fase pós puberdade, entre os 20 e os 30 anos. As mulheres são as mais atingidas, representando uma prevalência até três vezes maior do que os homens. A partir da primeira aparição das lesões, a hidradenite evolui em crises – que podem durar de semanas a meses – nas quais as feridas inflamam, causam dor constante, expelem pus, podem gerar mau cheiro e por vezes necessitam até de drenagem.
Essas características fazem da hidradenite a mais impactante das doenças dermatológicas e por vezes a mais limitante. Restrições de movimentos, cicatrizes e outros sintomas e consequências trazem estigma, isolamento social e constrangimento aos pacientes.
“É uma doença muito complicada. Acaba prejudicando várias áreas da vida do acometido. A maioria relata comprometimento da vida sexual e da profissional por conta da dor das lesões, da secreção que sai delas nos períodos de maior inflamação”, conta o Dr. Wagner Galvão César, dermatologista dos hospitais Oswaldo Cruz e Sírio Libanês. Muitos dos pacientes, cerca de 42%, acabam desenvolvendo depressão e/ou ansiedade por conta do convívio com a doença.
Além de tudo, essa é uma condição de difícil reconhecimento: os pacientes levam em média 7 anos entre o início dos sintomas e o diagnóstico correto. A maior dificuldade é de encontrar um especialista que identifique e trate corretamente o quadro. “Os sinais da hidradenite supurativa podem facilmente ser confundidos com furúnculos, acne e outros quadros dermatológicos. Por isso é importante que haja conscientização”, explica o especialista.
Na medicina, as causas da hidradenite supurativa não são bem estabelecidas, mas o histórico familiar pode estar associado à sua ocorrência. Fatores de risco como tabagismo, obesidade e estresse são considerados gatilhos que podem ajudar o desenvolvimento da inflamação. “Por isso, além do tratamento medicamentoso adequado para cada quadro, algumas ações do dia a dia podem ajudar a amenizar a doença”, explica Dr. Wagner.
“Caso o paciente seja fumante, largar o cigarro é essencial. Evitar o estresse emocional e uma alimentação inflamatória também ajudam a amenizar os sintomas”, finaliza. Além disso, barbear ou depilar, bem como usar roupas muito justas, aumenta o incômodo devido à fricção gerada na pele.
Se você já teve surtos de furúnculos durante os últimos seis meses, com o mínimo de duas lesões nas axilas, virilhas, embaixo das mamas, região perianal, nuca ou abdômen, procure um dermatologista. Estes podem ser sinais da HS.
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