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Categorias: Mundo
| Em 7 anos atrás

Menina soterrada em escola se torna símbolo do terremoto no México

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Foi uma noite de alarmes falsos. Debaixo de forte chuva, vez ou outra aplausos quebravam o silêncio pesado. Mas era só mais uma comemoração da troca de turno dos socorristas que tentam agora, há um dia e meio, arrancar uma menina viva dos escombros de uma escola que desabou.

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Sofía, uma das sobreviventes do colapso da escola Enrique Rebsamén no terremoto que arrasou partes da Cidade do México, acabou se tornando um símbolo de esperança na ressaca da tragédia que matou 250 pessoas no país, mais de cem na capital.

Desde o início das buscas nos escombros, equipes de resgate vêm dando informações desencontradas. Uns disseram que a menina já havia sido retirada dos destroços e passava bem, outros que ainda a procuravam. Há ainda a suspeita que seu nome nem seja Sofía, já que as alunas registradas no colégio com esse nome foram resgatadas e estão com suas famílias.

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Mas a versão que agora parece ganhar força é que a menina está viva, ainda presa debaixo de lajes que desabaram.

Socorristas divergem entre usar um maquinário pesado para cortar as placas de concreto e fazer um resgate mais lento, “artesanal”, nas palavras de Héctor Méndez, o chefe dos Topos, a equipe oficial de socorristas mexicanos.

Enquanto aflorava o nervosismo entre bombeiros, homens da Marinha, da Defesa Civil e voluntários, o corpo de uma mulher de 58 anos foi encontrado nos destroços nas primeiras horas desta quinta (21), um golpe contra os que ainda defendem um trabalho mais demorado e cuidadoso.

Esse colégio na zona sul da cidade foi o ponto onde mais pessoas morreram no terremoto -autoridades estimam que 21 crianças e quatro adultos perderam a vida ali, mas os números devem aumentar.

Do lado de fora, aumenta a pressão para que as buscas se acelerem.

No momento mais difícil da tempestade que atingiu a Cidade do México nas últimas horas, equipes celebraram a chegada de um enorme tubo metálico que seria usado para escoar a água da chuva, evitando deslizamentos dos escombros, que podiam desfazer os túneis escavados até agora pelos socorristas.

Na manhã desta quinta, uma grua e escavadeiras foram levadas ao local para erguer uma parte do teto do colégio e, segundo socorristas, permitir acesso melhor às vítimas -a estimativa é que haja ainda quatro pessoas vivas nos escombros da escola.

Os momentos de silêncio, quando todos levantam o punho, pedindo que tudo pare até que se ouçam possíveis sinais de vida dentro dos destroços, vêm se tornando cada vez mais frequentes ao redor da escola Enrique Rebsamén.

Também está mais intensa a movimentação, com grupos de familiares que entram e saem da área isolada, médicos e soldados pedindo remédios e a ajuda de tradutores -uma brigada de resgate alemã acaba de se juntar aos esforços.

“Sinto que eles estão tão perto, mas ao mesmo tempo estão muito longe. O tempo passa muito devagar”, dizia Jorge Ramírez, um voluntário esperando para entrar nos escombros, com lágrimas nos olhos. “Fico só tentando ler o rosto dos que saem de lá, com cara de más notícias. Queria entrar nem que fosse para levantar só uma pedra.”

Lourdes Huerta, mãe de uma aluna do Enrique Rebsamén, esperava em frente à porta da City College, uma escola vizinha, para se registrar num censo que está sendo organizado a pedido do colégio que desabou. “É para saber quem está vivo e não está”, disse à filha Lulu, de dez anos.

“Eu me lembro de tudo que aconteceu, tudo que vi. De repente tudo começou a tremer, as paredes balançavam de um lado para o outro, e a professora mandou todo mundo descer rápido. Mas nem todos conseguiram sair na hora.

Fiquei no andar de cima até poder descer e uma amiguinha minha desmaiou”, contou a menina, que disse não saber quem seria a criança ainda presa nos escombros.

“No dia da catástrofe, reunimos todos os alunos aqui”, disse o diretor da escola vizinha, Fernando Ramírez, apontando para o pátio do City College. “Não sabemos como está a situação nos escombros, mas agora estamos dando esse apoio, para ajudar a saber quem está desaparecido e encontrar familiares de crianças levadas para o hospital.”

Enquanto isso, outro prédio, a uma quadra da escola, ameaça desabar, causando correria entre policiais e homens da Marinha na manhã desta quinta, que isolaram a construção para evitar que a queda de partes do prédio possa ferir ainda mais gente.

Atrás do cordão de isolamento formado por policiais, voluntários e jornalistas se espremem por notícias.

Civis que em grande parte substituíram o trabalho das autoridades nas ações de resgate ainda coordenavam a chegada de medicamentos, mantas, comida e outros mantimentos.

Em toda a cidade, esses canteiros de obras que se formaram em torno de escombros acabam lembrando uma enorme cirurgia coletiva, em que voluntários gritam pelas ferramentas que precisam, detonando um alvoroço no entorno, até que comecem a chegar pás, penicos, remédios, marretas e machados.

De acordo com a imprensa local, 50 pessoas foram resgatadas com vida dos escombros que pontuam a Cidade do México, um parque de prédios estrebuchados. Plantões de notícias interrompem os talk shows da manhã com histórias de resgate que parecem longe de terminar. (Folhapress)

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