O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o anúncio da revisão da meta fiscal deve ficar para esta quarta-feira (16), porque o governo ainda busca receitas extraordinárias na área de energia.
Meirelles rejeitou a ideia de alterar a meta para R$ 170 bilhões e creditou o não cumprimento à inflação menor do que a esperada. “[A revisão] não é por um aumento de despesa, é por uma queda de arrecadação, produto de uma situação que tem um lado muito positivo para o país, que é uma inflação abaixo da meta”, afirmou. “Ela é boa para o país, ajuda a estabilizar, mas é ruim para a arrecadação.”
O ministro afirmou que “não descarta qualquer número”, mas que a nova meta não deve ficar em R$ 170 bilhões, como havia sido aventado por integrantes da classe política.
Meirelles participou de mais uma reunião para discutir a questão da meta, com parlamentares na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta terça (15).
Desde o fim da semana passada, o presidente Michel Temer tenta definir com sua equipe os números de revisão para as metas deste e do próximo ano, além de medidas de redução dos gastos e aumento da arrecadação necessárias para fechar as contas públicas.
O anúncio das novas previsões, que devem ficar em torno de um deficit de R$ 159 bilhões para os dois anos, já foi adiado duas vezes e tem provocado divergências entre os auxiliares de Temer.
Meirelles afirmou que o governo deve enviar nova proposta do Refis para a análise da Câmara entre esta terça (15) e quarta-feira (16). “Estamos apresentando uma proposta que seja viável e que atenda às possibilidades do Tesouro Nacional”, afirmou.
A equipe econômica esperava angariar R$ 13,8 bilhões com o programa neste ano, mas deputados e senadores -que estão entre os grandes devedores- querem mais vantagens para os devedores em troca de apoio ao presidente Michel Temer (PMDB) e à reforma da Previdência.
Ele também defendeu a reoneração da folha de pagamento, a aprovação da TLP (Taxa de Longo Prazo) e a reforma da Previdência.
Em evento no Palácio do Planalto, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) negou que tenha havido debate para uma meta fiscal superior a R$ 159 bilhões. Ele também ressaltou que o presidente não pretende elevar ainda mais a carga tributária para equilibrar as contas públicas.
“Nós estamos assistindo à equipe econômica projetar números que nunca passaram do que foi a meta do ano passado, que foi R$ 159 bilhões”, disse. “Aumento de impostos já fizemos, algo que o presidente não gostaria de ter feito e já fez”, acrescentou.
Na mesma cerimônia, o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) refutou que haja uma discordância entre a equipe econômica e a base aliada. Segundo ele, todos concordam que não deve haver aumento da carga tributária e que a solução deve vir da redução de despesas.
“A hipótese de elevação de novos tributos deve ser afastada, que é exatamente o mesmo esforço da equipe econômica. Então, há uma convergência e não uma divergência de que o político quer uma coisa e a equipe econômica quer outra”, afirmou. (Folhapress)